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O evento dedicado aos 1700 anos do Concílio de Nicéia, realizado no Meeting de Rimini. O evento dedicado aos 1700 anos do Concílio de Nicéia, realizado no Meeting de Rimini. 

Encontro, Koch: o Concílio de Nicéia, um “momento de ouro” para o ecumenismo

O cardeal prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos falou no painel dedicado ao 1700º aniversário do evento que, em 325, formulou o Credo no qual reside “o fundamento da fé comum a todos os cristãos”. Também presente o patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu; as decisões tomadas pelos bispos, destacou, tornaram-se “testemunho vivo” e “fundamentos” sobre os quais a Igreja construiria “daquele momento em diante”.

Edoardo Giribaldi – Vatican News

Um momento “de ouro” que, através dos seus “impulsos ecumênicos”, entregou à história o Credo que chegou até nós, “fundamento da fé comum a todos os cristãos”. O Concílio de Nicéia levantou, além disso, a questão de uma data universal para a Páscoa e se colocou como precursor do “método sinodal”. Em essência, abriu caminho para um “testemunho vivo” por parte da Igreja. Não resolveu as disputas, mas lançou as “bases” para o seu caminho nos séculos vindouros. Estes foram os principais pontos que emergiram durante o evento “1700 anos do Concílio de Nicéia”, realizado na tarde desta terça-feira, 26 de agosto, no Encontro de Rimini, Itália. O encontro foi introduzido por Bernhard Scholz, presidente da Fundação Encontro pela Amizade entre os Povos ETS, e moderado por Andrea D'Auria, diretor do Centro Internacional de Comunhão e Libertação. Os principais palestrantes foram o cardeal Kurt Koch, prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, e o patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I.

O Credo, “marco rumo à unidade da Igreja”

Em sua fala, o cardeal Koch destacou que o Concílio de Nicéia representa um verdadeiro “momento de ouro”, capaz de oferecer significativos “impulsos ecumênicos”. As questões doutrinárias abordadas foram, de fato, decisivas. O resultado mais importante foi o Credo, professado ainda hoje, “segundo o qual o único Senhor Jesus Cristo é o Filho de Deus”. Nele, explicou o cardeal, “reside o fundamento da fé comum a todos os cristãos”, que constitui “o vínculo ecumênico mais forte das diferentes confissões e o caminho para a unidade da Igreja”, que nunca poderá ser “outra coisa senão unida na fé apostólica”.

O desejo por uma data comum para a Páscoa

Outro tema central da histórica assembleia foi a data da Páscoa: Koch lembrou que o mérito de “ter tentado identificar uma regra universal” para sua celebração cabe ao Concílio. Um dia comum, observou ele, “poderia ser um sinal mais credível da profunda convicção da fé cristã de que a Páscoa não é apenas a festa mais antiga, mas também a mais importante da cristandade”. Para estabelecer uma data universal, o cardeal destacou uma “regra fundamental”: evitar novas tensões e divisões entre as Igrejas.

Koch, cardeal prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos.
Koch, cardeal prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos.

Inspiração para o “método sinodal”

O Concílio de Nicéia, acrescentou, também pode ser considerado um precursor do “método sinodal aplicado à deliberação e ao processo decisório”. Uma prática que – segundo afirmou o Papa Francisco, traçando um caminho compartilhado por Leão XIV – deve se desenvolver em uma “perspectiva” autenticamente “ecumênica”.

Patriarca Bartolomeu
Patriarca Bartolomeu

Abrir caminhos para a Igreja

O patriarca ecumênico Bartolomeu começou lembrando que o Concílio abriu “o caminho para a Igreja, dando-lhe a possibilidade de codificar o discurso sobre Deus, ou seja, teologizar com atos que, pela primeira vez, têm um valor universal”. Um exemplo é a definição da Trindade: “não um conceito filosófico abstrato, mas uma realidade viva”, que permeia e define “toda a existência cristã”. Deus, de fato, “tornou-se acessível ao homem de maneira experiencial, como Pai, como Palavra encarnada e como Espírito que realiza todas as coisas”.

Caminhar juntos

As decisões do Concílio tornaram-se um “testemunho vivo”, com base no qual os “guias espirituais conformam o seu ensinamento”, afirmou o patriarca ecumênico de Constantinopla. A convocação de bispos de todos os cantos do mundo foi o sinal de um caminho empreendido “juntos”, seguindo o modelo do Sínodo: “sun – juntos, odòs – caminho”, lembrou Bartolomeu. O patriarca abordou então o tema da data da Páscoa, sublinhando que os esforços para chegar a uma celebração comum “necessitarão de estudos e análises, para não alimentar novas divisões. Rezemos por isso”, afirmou.

Os fundamentos do caminho eclesiástico

O Concílio de Nicéia, concluiu Bartolomeu, representou “uma virada decisiva na trajetória da Igreja cristã”, formulando “decisões e doutrinas” que moldaram a ortodoxia e se tornaram referência para os fiéis. Ele não resolveu todas as disputas entre as diferentes escolas de pensamento, mas lançou “os fundamentos” sobre os quais a Igreja se construiria nos séculos seguintes.

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27 agosto 2025, 09:57