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Papa Bento XVI (imagem de arquivo) Papa Bento XVI (imagem de arquivo)  (ANSA)

A virtude da Esperan?a em Bento XVI

"O Papa Bento XVI proclamou na enc¨ªclica Spe Salvi que a palavra ¡°vida eterna¡± procura dar um nome e esta desconhecida realidade conhecida, e que pode ainda n?o retratar ainda toda a realidade. A eternidade n?o ¨¦ uma sucess?o cont¨ªnua de dias do calend¨¢rio, mas algo parecido com o ¡°instante refleto de satisfa??o, em que a totalidade nos abra?a e n¨®s abra?amos a totalidade¡¯. Seria o instante de mergulhar no oceano do amor infinito, no qual o tempo ¨C o antes e o depois ¨C j¨¢ n?o existe¡±".

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

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A esperança cristã não é uma mera expectativa otimista, mas uma virtude teologal, intimamente ligada à fé e ao amor. A fé é o fundamento da esperança, e o amor de Deus, derramado em nossos corações, é a fonte da esperança que não engana. Especialmente na perspectiva de Bento XVI, a virtude da esperança é entendida como uma força motriz que guia a vida do cristão, ligada à fé e ao amor, e que se manifesta na busca da salvação e na confiança na promessa de vida eterna. A esperança não é apenas uma atitude passiva, mas uma força que nos impulsiona à ação. Ela nos encoraja a viver de forma coerente com nossa fé, a buscar a justiça e a construir um mundo mais fraterno. O Papa Ratzinger dedicou a esta virtude a Encíclica "Spe Salvi", aprofundando seu significado e importância na vida individual e coletiva.

Dando continuidade a sua série de reflexões sobre "Os Papas e a Esperança", Pe. Gerson Schmidt* nos propõe hoje "A virtude da Esperança em Bento XVI":

 

"Em nosso programa ¡°memória histórica do Concílio Vaticano II¡±, refletimos, nesse Ano Jubilar a virtude da Esperança nos Papas recentes, iluminando assim nossa caminhada jubilar. Não podemos deixar de fora um dos maiores teólogos de nossa Igreja do século XX: Joseph Ratzinger.

Bento XVI, ao refletir sobre a esperança, enfatizou sua ligação com a fé e a caridade, mostrando que a esperança cristã não é um mero otimismo, mas uma virtude que nos impulsiona a agir em conformidade com a vontade de Deus. Já refletimos anteriormente sobre o Papa Bento XVI ao dedicar, no seu Pontificado, a reflexão das três virtudes teologais em três pequenos documentos: A ¨C falando da fé; as cartas encíclicas Spe Salvi ¨C falando da virtude da Esperança e ¨C apontando a virtude da caridade. Como estamos destacando a Esperança, nesse Ano Santo Jubilar, importa aqui recuperar alguns pensamentos da Encíclica Spe Salvi, refletindo sobre a esperança.

O Papa Bento XVI inicia sua encíclica, dizendo assim: ¨C é na esperança que fomos salvos - diz São Paulo aos Romanos e a nós também (Rm 8,24). A « redenção », a salvação, segundo a fé cristã, não é um simples dado de fato. A redenção é-nos oferecida no sentido que nos foi dada a esperança, uma esperança fidedigna, graças à qual podemos enfrentar o nosso tempo presente: o presente, ainda que custoso, pode ser vivido e aceite, se levar a uma meta e se pudermos estar seguros desta meta, se esta meta for tão grande que justifique a canseira do caminho¡± (Spe S,1).

A esperança cristã não é apenas crer num detalhe que nos espera. Nossa vida não acaba num vazio, no vácuo geral sem sentido, em um vale de sombras tenebroso, obscuro e incerto, num peregrinar sem rumo e direção. Recorda a Encíclica Spe Salvi que São Paulo também diz aos Tessalonicenses assim: não deveis ¡°entristecer-vos como os outros que não têm esperança¡± (1Ts 4,13). Aparece aqui também como elemento distintivo dos cristãos o fato de estes terem um futuro: não é que conheçam em detalhe o que os espera. Mas cada um de nós sabe em termos gerais que a sua vida não acaba no vazio, no caos geral, no vácuo sem sentido. Somente quando o futuro é certo como realidade positiva, é que se torna vivível também o presente. Sendo assim, podemos agora dizer: o cristianismo não era apenas uma ¡°boa nova¡±, ou seja, uma comunicação de conteúdos até então ignorados. O Evangelho não é apenas uma comunicação de realidades que se podem saber, mas uma comunicação que gera fatos e muda a vida. A porta tenebrosa do tempo, do futuro, foi aberta de par em par. Quem tem esperança, vive diversamente; foi-lhe dada uma vida nova. Portando, a esperança dá um novo sentido de viver no presente.

O Papa Bento XVI proclamou nessa encíclica que a palavra ¡°vida eterna¡± procura dar um nome e esta desconhecida realidade conhecida, e que pode ainda não retratar ainda toda a realidade. A eternidade não é uma sucessão contínua de dias do calendário, mas algo parecido com o ¡°instante refleto de satisfação, em que a totalidade nos abraça e nós abraçamos a totalidade¡¯. Seria o instante de mergulhar no oceano do amor infinito, no qual o tempo ¨C o antes e o depois ¨C já não existe¡±.

Bento XVI aponta que a ¡°busca de salvação¡± não pode ser considerada uma fuga de responsabilidade, uma busca egoísta de salvação. Não se trata também de depositar nossa plena confiança na construção do paraíso terrestre. Não podemos construir o Reino de Deus com nossa própria força, diz o Papa Bento, porque o Reino de Deus é um dom, é grande e belo, constituindo a resposta à esperança. Aponta, nessa encíclica, que não é a ciência que redime o homem, mas o amor. ¡°A verdadeira e grande esperança do homem, que resiste apesar de todas as desilusões, só pode ser Deus - o Deus que nos amou, e ama ainda agora ¡°até o fim¡±, ¡°até a plena consumação¡± (cf. Jo 13,1 e 19,30). Quem é atingido pelo amor começa a intuir em que consistiria plenamente a ¡°vida¡±. Começa a intuir o significado da palavra de esperança que encontramos no rito de Batismo: da fé espero a ¡°vida eterna¡± (Spes Salvi, 27). No Rito batismal é perguntado ao pais e padrinhos ou ao catecúmeno: ¡°o que pedis à Igreja?¡± ¨C ao qual se responde: ¡°a f顱. A Igreja, representada pelo seu ministro, então segue perguntando: ¡°E o que te dá a fé?¡± ¨C ao qual se reponde: ¡°A vida Eterna¡±.

O Papa Bento ainda diz: ¡°E a vida na sua totalidade é relação com aquele que é a fonte da vida. Se estivermos em relação com aquele que não morre que é a própria vida e o próprio amor, então estamos na vida".

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

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14 julho 2025, 08:48