S?o Jo?o Paulo II: uma voz prof¨¦tica da esperan?a
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
"A esperança cristã não é um sentimento vazio, mas se baseia na fé em Deus e em sua promessa de salvação por meio de Jesus Cristo". De fato, São João Paulo II via a esperança como uma virtude central da vida cristã, um dom de Deus que nos permite enfrentar o futuro com confiança e testemunhar a presença salvadora de Cristo no mundo. Sustentatada pela graça divina, ela não ignora o sofrimento, mas o vive à luz da fé, sabendo que mesmo por meio da cruz se pode alcançar a ressurreição e a alegria eterna. O Pontífice polonês, assim, exortava os cristãos a serem testemunhas de esperança no mundo, levando a luz de Cristo a todos os ambientes e situações.
Aprofundando o tema da esperança nos diversos pontificados, a partir de João XXIII, Pe. Gerson Schmidt* nos propõe hoje a reflexão "São João Paulo II: uma voz profética da esperança":
"Estamos aprofundando a Virtude da esperança na voz dos Papas, para tê-las presente nesse ano Santo Jubilar da Esperança. Demos início ao aprofundamento dessa virtude no Papa João Paulo II e hoje damos continuidade pelo longo pontificado que o Papa polonês exerceu. A bandeira da esperança de João Paulo II continua desfraldada e vibrante. «Sigamos em frente com esperança» ¨C repetia-nos.
Nas vésperas da virada do Milênio, dizia: «Diante da Igreja abre-se um novo milênio como um vasto oceano onde se aventurar com a ajuda de Cristo. O Filho de Deus, que se encarnou há dois mil anos por amor do homem, continua também hoje em ação [¡]. Agora Cristo, por nós contemplado e amado, convida-nos uma vez mais a pormo-nos a caminho [¡], convida-nos a ter o mesmo entusiasmo dos cristãos da primeira hora. Podemos contar com a força do mesmo Espírito que foi derramado no Pentecostes e nos impele hoje a partir de novo sustentados pela esperança, que não nos deixa confundidos (Rom 5,5)» - utilizando aqui o lema escolhido pelo Papa Francisco para esse ano Jubilar120.
A para a Celebração do 32º Dia Mundial Das Comunicações Sociais ¨C 1998 intitulou-se: «Sustentados pelo Espírito, comunicar a esperança». O Papa descrevia: ¡°O Espírito é «o guarda da esperança no coração do homem» ( 67). Por esta razão, portanto, o tema do XXXII Dia Mundial das Comunicações Sociais é «Sustentados pelo Espírito, comunicar a esperança». A esperança com a qual o Espírito sustenta os crentes é principalmente escatológica. É esperança de salvação, esperança do céu, esperança de perfeita comunhão com Deus. Esta esperança é, como afirma a Carta aos Hebreus, «uma âncora para a nossa vida. Ela é segura e firme, é penetrante até ao outro lado da cortina do santuário, onde Jesus entrou por nós como precursor» (Heb 6,19-20). Contudo a esperança escatológica, que habita o coração dos cristãos, está profundamente ligada à felicidade e à realização nesta vida. A esperança do céu suscita uma preocupação autêntica pelo bem-estar dos homens e das mulheres aqui e agora¡±.
Especialmente conhecido como o "Papa da Esperança", frequentemente referia-se à esperança como uma virtude essencial para a vida cristã e para o mundo. Para ele, a esperança era uma força que impulsionava os cristãos a olhar para o futuro com confiança, a superar as dificuldades e a trabalhar para a transformação da realidade, conforme o projeto de Deus
Na , falou sobre a Virtude da Esperança, nestes termos: ¡°O Espírito Santo é a fonte da «esperança que não nos deixa confundidos» (Rm 5,5). Nesta luz, depois de ter examinado alguns dos «sinais de esperança» presentes no nosso tempo, hoje queremos aprofundar o significado da esperança cristã no tempo de expectativa e de preparação do advento do Reino de Deus em Cristo, no fim dos tempos. A respeito disso, como sublinhei na , é preciso recordar que «a atitude fundamental da esperança, por um lado impele o cristão a não perder de vista a meta final que dá sentido e valor à sua existência inteira, e por outro oferece-lhe motivações sólidas e profundas para o empenhamento quotidiano na transformação da realidade a fim de a tornar conforme ao projeto de Deus»¹.
E continuou dizendo: ¡°A esperança do advento definitivo do Reino de Deus, assim como o empenho de transformação do mundo à luz do Evangelho, têm na realidade uma única e mesma fonte no dom escatológico do Espírito Santo. «Penhor da nossa herança, enquanto esperamos a completa redenção» (Ef 1, 14), Ele suscita o ardente desejo da vida plena e definitiva com Cristo, e ao mesmo tempo infunde em nós a força para difundirmos em toda a terra o fermento do Reino de Deus¡±. E afirma, o que aqui já exaustivamente afirmamos que a esperança do amanhã, não nos faz descomprometer do hoje que nos cerca, citando a que ele ajudou a redigir: ¡°Compreende-se, assim, o verdadeiro significado da esperança cristã. Orientando os nossos olhos para «os novos céus e a nova terra», onde a justiça terá morada estável (cf. 2 Pd 3, 13), ela «não deve enfraquecer, mas antes ativar a solicitude em ordem a desenvolver esta terra, onde cresce o corpo da nova família humana, que já consegue apresentar uma certa prefiguração do mundo futuro» (Gaudium et spes, 39). O anúncio de esperança oferecido pela comunidade cristã, em particular, deve impregnar como fermento de ressurreição o empenho cultural, social, económico e político dos fiéis leigos¡±.
A visão que João Paulo II tinha, tirada da Gaudium et Spes, era uma relação entre o mistério da Redenção e a verdade sobre o ser humano. Karol Wojtyla, o antes de ser Papa, desempenhou um papel crucial na elaboração da Constituição Pastoral Gaudium et Spes, um dos documentos mais importantes do Concílio Vaticano II. Participou ativamente nas comissões responsáveis por essa constituição, que aborda a relação entre a Igreja e o mundo moderno. Ele fez parte da equipe que elaborou a Gaudium et Spes, que aborda a relação da Igreja com o mundo contemporâneo, a dignidade da pessoa humana e a busca pela paz."
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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¹ Carta apostólica Novo millennio ineunte, n. 46.
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