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Papa Jo?o Paulo I com peregrinos da Diocese de Belluno na Sala das B¨ºn??os (Foto: ?Museu Albino Luciani) Papa Jo?o Paulo I com peregrinos da Diocese de Belluno na Sala das B¨ºn??os (Foto: ?Museu Albino Luciani)   (Museo Albino Luciani)

A virtude da esperan?a em Jo?o Paulo I

"A express?o usada pelo Papa Jo?o Paulo I rende posteriormente um livro intitulado ¡°Sete l?mpadas da santifica??o", unindo catequeses desse Papa e tamb¨¦m de Jo?o Paulo II sobre as sete virtudes. As virtudes teologais - f¨¦, esperan?a e caridade - t¨ºm como origem, motivo e objeto imediato o pr¨®prio Deus. S?o infundidas no homem com a gra?a santificante, tornam-nos capazes de viver em rela??o com a Trindade e fundamentam e animam o agir moral do crist?o, vivificando as virtudes humanas."

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

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No  em 10 de maio, logo após sua eleição, o Papa Leão XIV afirmou:

¡°O Papa, começando por São Pedro até mim, seu indigno Sucessor, é um humilde servo de Deus e dos irmãos, nada mais do que isso. Demonstram-no bem os exemplos de tantos dos meus Predecessores, o último dos quais o próprio Papa Francisco, com o seu estilo de total dedicação ao serviço e sobriedade essencial na vida, de abandono em Deus no tempo da missão e de serena confiança no momento da partida para a Casa do Pai. Acolhamos esta preciosa herança e retomemos o caminho, animados pela mesma esperança que vem da fé. É o Ressuscitado, presente no meio de nós, que protege e guia a Igreja e que continua a reavivá-la na esperança, através do amor «derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.¡±

E entre seus predecessores está o Papa João Paulo I, que em 1978, dedicou uma de suas catequeses à ¡°Virtude da Esperança¡±, tema da reflexão do Pe. Gerson Schmidt*:

 

"O Papa João Paulo I foi conhecido como ¡°Papa sorriso¡±, que teve o seu Pontificado muito breve de somente 33 dias, em 1978, guiando os caminhos da Igreja por curto tempo. Seu papado está entre os mais curtos da história papal. Também foi pioneiro ao adotar um nome papal duplo. Antes de ser Papa, Albino Luciani foi Patriarca de Veneza e não tinha ambição alguma, nunca tendo sonhado em ser papa. Foi o primeiro Papa a nascer no século XX. Seu nome papal duplo foi uma homenagem aos seus dois antecessores, Paulo VI e João XXIII, por isso ¡°João Paulo¡±. O Papa Luciani conseguiu apenas realizar 4 catequeses antes de morrer inesperadamente. Os Papas fazem sempre sua audiência de quartas-feiras e utilizam um tema, uma catequese de sua escolha. De fato, ninguém esperava que depois de um mês, o Conclave deveria ser convocado novamente.

Numa dessas catequeses, falou sobre a Virtude da Esperança, que nesse ano Jubilar estamos dando todo destaque. Por isso, nosso aprofundamento sobre essa rica catequese, da , intitulada ¡°A virtude da esperança¡±, do Papa sorriso.  

Assim disse o Papa João Paulo I, situando a virtude da Esperança junto com as outras duas virtudes teologais: ¡°Entre as sete "lâmpadas da santificação", a segunda era, para o Papa João XIII, a esperança. Falo-vos hoje desta virtude, que é obrigatória para cada cristão. Dante Alighieri, no seu Paraíso (Cantos 24, 25 e 26), imaginou apresentar-se a um exame sobre o cristianismo. Funcionava uma comissão categorizada. "Tens fé?", pergunta-lhe, primeiro, São Pedro. "Tens esperança?", continua São Tiago. "Tens caridade?", termina São João. "Sim ¡ª responde Dante ¡ª tenho fé, tenho esperança, tenho caridade". Demonstra-o e fica aprovado por unanimidade. Disse eu que é obrigatória. Mas não é, por isto, a esperança feia ou dura: pelo contrário, quem a vive viaja num clima de -confiança e de entrega, dizendo com o salmista: "Senhor, tu és a minha rocha, o meu escudo, a minha fortaleza, o meu refúgio, a minha lâmpada, o meu pastor, a minha salvação. Mesmo que um exército se formasse contra mim, o meu coração não temeria; e se contra mim se levantar a batalha, mesmo então terei confiança. Direis: Mas não é exageradamente entusiasta este salmista? É possível que a ele as coisas tenham sempre corrido tão bem? Não, não lhe correram sempre bem. Sabe e diz que os maus são muitas vezes afortunados e os bons oprimidos. Disto se lamentou até por vezes dirigindo-se ao Senhor; chegou a dizer: "Porque dormes, Senhor? Porque te calas? Desperta, ouve-me, Senhor". Mas a sua esperança manteve-se firme, inabalável. A ele, e a todos quantos esperam, se pode aplicar o que disse São Paulo de Abraão: acreditou esperando contra toda a esperança (Rm 4,18)".

A expressão usada pelo Papa João Paulo I rende posteriormente um livro intitulado ¡°Sete lâmpadas da santificação", unindo catequeses desse Papa e também de João Paulo II sobre as sete virtudes. As virtudes teologais - fé, esperança e caridade - têm como origem, motivo e objeto imediato o próprio Deus. São infundidas no homem com a graça santificante, tornam-nos capazes de viver em relação com a Trindade e fundamentam e animam o agir moral do cristão, vivificando as virtudes humanas. Elas são o penhor da presença e da ação do Espírito Santo nas faculdades do ser humano. As virtudes humanas, por sua vez, são atitudes firmes, disposições estáveis, perfeições habituais da inteligência e da vontade que regulam nossos atos, ordenando nossas paixões e guiando-nos segundo a razão e a fé. Propiciam, assim, facilidade, domínio e alegria para levar uma vida moralmente boa. Pessoa virtuosa é aquela que livremente pratica o bem. São disposições estáveis da inteligência e da vontade que, regulam nossos atos, ordenando nossas paixões e guiando-nos segundo a razão e a fé. Podem ser agrupadas em torno de quatro virtudes cardeais: a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança.

Comenta ainda assim o Papa Luciani, na catequese sobre a virtude da Esperança: ¡°A mesma confiança segura vibra nos livros dos Santos. Gostaria que lêsseis uma homilia feita por Santo Agostinho no dia de Páscoa sobre o Aleluia. O verdadeiro Aleluia cantá-lo-emos no Paraíso. Este será o Aleluia do amor pleno; o de agora, é o Aleluia do amor faminto, isto é, da esperança¡±.

O Papa sorriso, como carinhosamente foi apelidado, sua marca em sua breve passagem pelo Papado, lembra algum filósofo que não compartilha a esperança cristã e evangélica e recorda palavras da : ¡°Nem todos partilham esta minha simpatia pela esperança. Nietzche, por exemplo, chama-lhe "virtude dos fracos". Segundo ele, faz do cristão um inútil, um solitário, um resignado e um estranho ao progresso do mundo. Outros falam de "alienação", dizendo que afasta os cristãos da luta em favor da promoção humana. Todavia "a mensagem cristã, disse o Concílio, não afasta os homens da construção do mundo... impõe-lhes, ao contrário, um dever mais rigoroso" (Gaudium et Spes, 34, 39 e 57).

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

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09 junho 2025, 13:13