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A virtude da Esperan?a no Papa Paulo VI

"Para o Papa Paulo VI, o crist?o ¨¦ o homem da esperan?a e n?o conhece o desespero. Citando Santo Agostinho, diz que ¡°o crist?o, pelo contr¨¢rio, ¨¦ o homem da verdadeira esperan?a, aquela que almeja ¨¤ obten??o do sumo Bem¡±.

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

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"A vida cristã é um caminho, que precisa também de momentos fortes para nutrir e robustecer a esperança, insubstituível companheira que permite vislumbrar a meta: o encontro com o Senhor Jesus". Inspirados nestas palavras da , e na certeza de que  "A esperança não engana", seguimos nossa peregrinação neste Ano Santo também auxiliados pelas palavras dos predecessores do Papa Francisco (que proclamou o Jubileu e escolheu o tema) propostas pelo Pe. Gerson Schmidt*, hoje com o tema: "A virtude da Esperança no Papa Paulo VI":

"O Ano Jubilar da Esperança nos faz percorrer as palavras dos Papas nesse Ano Santo da Encarnação. Com a morte de São João XIII, São Paulo VI teve a tarefa árdua de continuar o Concilio Vaticano II em pleno andamento e dar os primeiros rumos dos ideais dos padres conciliares. Uma missão árdua e nada fácil, diante da abertura e das luzes maravilhosas do Concílio.

 

Na sobre o progresso dos povos, Paulo VI recordava a Doutrina Social dos seus papas antecessores: ¡°Nas grandes encíclicas de Leão XIII, de Pio XI, e de João XXIII ¨C não falando das mensagens de Pio XII ao mundo ¨C os nossos predecessores não deixaram de cumprir o dever que lhes incumbia de projetar nas questões sociais do seu tempo a luz do Evangelho¡±(PP,2). No Encíclica, Paulo VI expõe um título: ¡°Esperança fundada num mundo melhor¡± ¨C que nos diz respeito nesse ano da Esperança. Nesse único parágrafo, de número 79, diz assim: ¡°Alguns julgarão utópicas tais esperanças. Pode ser que, no seu realismo, se enganem e não se tenham apercebido do dinamismo de um mundo que quer viver mais fraternalmente e que, apesar das suas ignorâncias e dos seus erros, e até dos seus pecados, das suas recaídas na barbárie e das longas divagações fora do caminho da salvação, se vai aproximando lentamente, mesmo sem dar por isso, do seu Criador. Pede esforço e sacrifício este caminho para mais humanidade: mas o próprio sofrimento, aceito por amor dos nossos irmãos, é portador de progresso para toda a família humana. Os cristãos sabem que a união ao sacrifício do Salvador contribui para a educação do Corpo de Cristo na sua plenitude: o povo de Deus reunido¡±. Referenda nesse parágrafo a Carta de São Paulo ao Efésios (4,12) e , número13.

O Concílio propunha que nossa esperança não nos fizesse cruzar os braços frente à realidade que nos cerca. Na Audiência Geral de 27 de maio de 1970, o Papa Paulo VI, dizia: ¡°Já dissemos, porém, que este vínculo com o passado e com o transcendente sobrenatural, longe de afastar o cristão do presente e do futuro temporal e ultraterreno, o insere neles mais intimamente. Porquê? Porque a fé, a que ele aderiu, é, por sua própria natureza, uma promessa, ou melhor, é adesão a verdades que ainda se devem manifestar na sua completa cognoscibilidade e na sua posse. A Epístola aos Hebreus como descreve a fé? Com a célebre fórmula: «Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e uma certeza das que não se vêem» (Hb 11,1). Por isso, a fé tem uma relação essencial com a esperança¡±.

Há, na caminhada do cristão um dinamismo promissor, impulsionador, motivador diz Paulo VI, sobretudo na juventude. Palavras textuais de Paulo VI: ¡°Sim, com a esperança, que é a força motriz do dinamismo e ainda, como virtude teologal, do dinamismo cristão. Vereis imediatamente que o homem moderno vive de esperança. A sua alma está voltada para o futuro, para um bem a alcançar; o que possui não lhe é suficiente; pelo contrário, aquilo que possui, em vez de o satisfazer, o estimula e o impele a possuir mais, a procurar algo de diverso; o estudo, o trabalho, o progresso, a contestação e, até mesmo, a revolução são as outras esperanças em ato. Esta fuga para o futuro, própria do nosso tempo, é inteiramente alimentada pela esperança; e quem simpatiza menos com o passado ou com o presente volta o seu coração para o futuro, isto é, espera; com razão diz São Tomás que a esperança predomina nos jovens[1] com exceção daqueles que, sem esperanças de alcançar um bem melhor no futuro, caem no desespero, como acontece frequentemente na psicologia crítica e pessimista de tantos homens, também eles filhos do nosso tempo¡±.  

Para o Papa Paulo VI, o cristão é o homem da esperança e não conhece o desespero. Citando Santo Agostinho, diz que ¡°o cristão, pelo contrário, é o homem da verdadeira esperança, aquela que almeja à obtenção do sumo Bem¡±. Santo Agostinho proclamou que ¡°fizeste-me para ti¡±[2].  O cristão tem a certeza que o seu desejo e esforço são corroborados por aquele mesmo Sumo Bem, o qual infunde, na sua esperança, a confiança e a graça de o conseguir[3].  A esperança cristã deve alimentar a esperança humana, como diz a Constituição Pastoral , do então recente Concílio que o Papa deveria colocar em prática com toda a Igreja: « Nada existe de verdadeiramente humano que não encontre eco no coração » dos discípulos de Cristo¡±. Esta frase importante, recordada pelo Papa, é dita no primeiro parágrafo dessa Constituição Gaudium et Spes, que retrata e reflete a missão da IGREJA NO MUNDO ATUAL ¨C ¡°Nada existe de verdadeiramente humano que não encontre eco no coração dos discípulos de Cristo¡± (GS,1). A tarefa do Cristão, portanto, não está simplesmente em ¡°salvar-se a si mesmo¡±, mas fazer traduzir sua fé no tempo presente e na realidade hodierna. O homem de esperança não se opõe ao tempo presente, ao progresso, à renovação, insensível aos novos tempos. Paulo VI ainda diz que o cristão, homem de esperança, também não cede ao desejo cego das novidades que possam ser incoerentes com a fé católica. "

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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[1] cf. Summa Theologiae, I-II ae, q. 40, a. 6.
[2] cf. Fecisti nos ad Te [Fizeste-nos para Ti], de Santo Agostinho, Confissões, 1,1
[3] cf. Summa Theologiae, I-II ae, q. 40, a. 7.

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02 junho 2025, 08:51