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Cardeal Elio Sgreccia Cardeal Elio Sgreccia 

Cardeal Elio Sgreccia, mestre da bioética a serviço da dignidade da vida

Neste dia 05 de junho, há exatos seis anos, entrava na Casa do Pai o Cardeal Elio Sgreccia (1928–2019), uma das figuras mais eminentes da reflexão bioética da Igreja contemporânea.

Vatican News

Nascido em Nidastore di Arcevia, na Itália, e ordenado sacerdote em 1952, Sgreccia consagrou sua vida à missão de integrar fé, razão e ciência na defesa incondicional da dignidade da pessoa humana.

Foi sob o impacto da encíclica Humanae Vitae de São Paulo VI que amadureceu sua vocação bioética. Percebendo a necessidade de um arcabouço racional sólido para os ensinamentos da Igreja sobre a vida e o amor humano, dedicou-se ao ensino e à pesquisa, tornando-se um dos pioneiros da bioética personalista.

Sua contribuição mais conhecida é a formulação da Bioética Personalista Ontologicamente Fundamentada, no qual a pessoa humana — dotada de dignidade intrínseca desde a concepção — é colocada como centro e medida de toda decisão moral. Essa visão, profundamente ancorada na tradição tomista, opõe-se aos critérios utilitaristas e reducionistas que marcam boa parte da ética biomédica contemporânea.

Sgreccia foi autor de muitas publicações, incluindo o monumental Manuale di Bioetica, referência incontornável para estudiosos e profissionais da saúde em todo o mundo. Em 2005, foi nomeado presidente da Pontifícia Academia para a Vida por Bento XVI, cargo que exerceu com firmeza e espírito de comunhão com o Magistério da Igreja. Também, neste mesmo ano, fundou a FIBIP (Federação Internacional de Centros de Bioética de Inspiração Personalista), contribuindo para a formação de redes internacionais comprometidas com uma bioética integral.

Com mais de três décadas de magistério, lecionou ética biomédica na Universidade Católica do Sagrado Coração, onde formou gerações de médicos e pensadores. Manteve fecundas colaborações com figuras como o venerável Dr. Jérôme Lejeune e os Drs. John e Evelyn Billings, promovendo uma cultura da vida enraizada na verdade antropológica do ser humano.

Seus restos mortais repousam na Basílica dos Santos Ambrósio e Carlos al Corso, em Roma, na capela dedicada a São Tomás de Aquino, sinal de sua filiação intelectual e espiritual à tradição filosófica realista.

Segundo o biólogo e bioeticista, Êndel Alves, em tempos de confusão antropológica e ética, o “testemunho do Cardeal Sgreccia permanece como farol seguro para a Igreja e para todos aqueles que buscam, com retidão de consciência, promover uma ciência que não separe a verdade do bem”.

"A pessoa é a medida de toda ação ética", costumava afirmar. E recordava: "Toda bioética que não parte da realidade da pessoa humana está condenada a relativizar aquilo que deveria defender com firmeza: a vida".

Seis anos após sua Páscoa, a Igreja dá graças por sua vida, seu magistério e sua coragem profética. Que seu legado continue a inspirar aqueles que, em meio às complexas fronteiras entre ciência e moral, trabalham em defesa da sacralidade da vida humana.

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06 junho 2025, 09:46