Bispo Regus: na ԻDzé, os jovens lutam contra a ǰܱçã e a desigualdade
Ricardo Balsani – Cidade do Vaticano
Nessa segunda-feira (08), o presidente da Indonésia, Prabowo Subianto, demitiu cinco ministros. Entre eles estava a respeitada ministra da economia e o responsável pela pasta da segurança. O mandatário, que assumiu o cargo há menos de um ano, espera que a reforma ministerial acalme os amplos protestos que sacodem o país desde o final de agosto. As manifestações se iniciaram após um relatório revelar que parlamentares recebiam um auxílio moradia cerca de dez vezes maior que o salário mínimo na capital Jacarta. Durante os protestos, a morte de um entregador que trabalhava por aplicativos acirrou os ânimos e, segundo a Comissão Nacional de Direitos Humanos, dez pessoas teriam perdido a vida em razão do movimento.
Para dom Maximus Regus, desde junho de 2024 bispo da Diocese de Labuan Bajo, a Indonésia enfrenta uma crise multifacetada. Em entrevista à agência Fides, ele explica que se trata da soma de diferentes crises: “uma crise moral, uma crise de respeito pela lei e pelo estado de direito e uma crise de liderança política, que está muito distante dos interesses e das aspirações do povo”. Filósofo e sociólogo, o bispo foi por muitos anos docente na Universidade Católica de Ruteng, antes de assumir a nova diocese, situada na parte ocidental da ilha de Flores.
Um povo à espera de desenvolvimento
Ele recorda que esses problemas não são novos: desde a queda do regime de Suharto, a população deseja ver melhorias econômicas, políticas e sociais. No entanto, segundo o bispo Regus, “ela percebe apenas o crescimento da injustiça e da desigualdade, enquanto o governo aumenta os impostos, cresce o número de pessoas em estado de indigência e até a classe média está empobrecendo”. Essas questões estariam latentes e agora explodiram, em grande parte graças aos jovens e aos movimentos estudantis. “Na Indonésia, esses movimentos são significativos, eles têm uma profunda consciência dos desafios para o futuro e são eles que organizam e lideram a sociedade civil”.
Dom Regus acredita que esses movimentos podem pressionar o governo e colocar na agenda reformas estruturais e sistêmicas. Os jovens, observa, “têm muito claro que os principais problemas são a corrupção e a injustiça”. Nessa situação, seria do interesse de todos a abertura de uma mesa de diálogo sério entre o governo e os movimentos sociais. Apesar da violência e da repressão policial, o bispo não vê, neste momento, um perigo de militarização ou de guinada autoritária. ”A democracia está enraizada: temos meios de comunicação atentos e uma sociedade consciente”, diz ele, que deseja ver as reivindicações dos manifestantes acolhidas, “para o bem da nação”.
Movimento de Consciência Nacional
Junto com outros prelados e líderes da Igreja Católica indonésia, o bispo acolheu com satisfação a iniciativa de um fórum de líderes religiosos, intelectuais e representantes da sociedade civil chamado “Gerakan Nurani Bangsa” (Movimento de Consciência Nacional). Em uma carta aberta, o fórum pede ao governo que ouça ideias e propostas de estudiosos e especialistas que não se guiariam por interesses pessoais, mas sim pela prosperidade da Indonésia. O movimento, que inclui lideranças católicas, convida ao respeito pelo valor fundamental da humanidade e pela escuta do povo. O fórum espera “por uma liderança ética e inspirada na empatia”, indicando, entre as prioridades, a reforma da polícia, medidas para a estabilidade econômica, o fortalecimento dos serviços sociais e a redução dos privilégios dos políticos.
*Com informações da agência Fides
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