A vida do Pe. Márlon Múcio virou filme. E o filme agora vira livro
Mariana Mansur e Fábio Tucci Farah*
Isso é um milagre! Em nosso dia a dia, costumamos usar a expressão para qualquer coisa que fuja da normalidade. Se alguém faz algo inesperado, como chegar pontualmente a um compromisso ou conseguir guardar dinheiro no fim do mês, soltamos a expressão: “Isso é um milagre!”. Do latim miraculum, do verbo minare, milagre significa maravilhar-se. Ao longo da história da Igreja, diversos santos buscaram nos explicar seu significado. Segundo Santo Tomás de Aquino, por exemplo, “Milagre é aquilo que Deus opera fora da ordem natural para manifestar o seu poder”. Diante de um milagre, as cortinas deste mundo se rasgam e nossos olhos alcançam o Reino dos Céus.
Em 11 de novembro do ano passado, o filme Milagre Vivo (Lumine.) estreou nos cinemas brasileiros e maravilhou uma multidão de expectadores com a vida do padre Márlon Múcio, que tem uma doença rara e é fundador do hospital Casa de Saúde Nossa Senhora dos Raros, sediado em Taubaté e o primeiro do país especializado em doenças raras, com atendimento gratuito aos pacientes. O homem mais longevo do mundo a conviver com a Deficiência do Transportador de Riboflavina (RTD) não ganhou, à toa, o epíteto que deu o nome ao filme (1). Nas palavras do médico geneticista Dr. Rodrigo Ambrosio Fock: “Conhecendo a doença ultrarrara do Padre Márlon e vendo tudo o que ele faz, eu só posso dizer: o padre Márlon é mesmo um milagre vivo.” Para contar o que não coube em 1h40 de documentário, o padre Márlon escreveu seu 46º livro (2), que acaba de ser lançado pela Editora Missão Sede Santos (216 págs., R$ 50 - toda a renda será revertida para o hospital. A das obras anteriores segue sendo integralmente doada para as obras de misericórdia promovidas pela Missão Sede Santos).
Na primeira parte da obra, o padre Márlon, o Milagre Vivo, passeia com desenvoltura pelos milagres na história da Igreja, na ciência, em nosso dia a dia... E nos revela seu significado mais profundo: “Milagre é o sopro de Deus no meio da tempestade. É quando o céu toca a terra, e o impossível se curva diante do Amor. Milagre não é mágica, nem ilusão. É revelação, teofania. É um recado do Eterno dizendo: ‘Estou aqui, estou contigo e te amo’”. Essas definições poéticas ganham cores vivas na segunda – e mais extensa – parte do livro. Trata-se de uma entrevista do padre Márlon a Arthur Gonçalves, CEO da Lumine. Ou melhor, de um testemunho compartilhado entre gargalhadas e lágrimas, um testemunho que escancara o coração do padre raro que atravessou o Atlântico para pedir a bênção do papa Francisco aos raros do Brasil, um testemunho do “pregador pregado na cruz” que não se cansa de estender os braços generosos a uma multidão que cresce a cada dia... Na terceira parte da obra, o entrevistado entrevista bispos e médicos. Entre eles, o Dr. Enrico Bertini e a Dra. Claudia Compagnucci, do Hospital Pediátrico Bambino Gesù, mantido pela Santa Sé.
Na peça A Tempestade, de William Shakespeare, o duque Próspero cunhou a sentença, citada à exaustão: “Nós somos feitos da matéria de que são feitos os sonhos; nossa vida pequenina é cercada pelo sono.” O livro Milagre Vivo nos faz vislumbrar a matéria de que são feitos os santos. E nos deixa a certeza de que nossa vida pequenina é cercada pela grandiosidade de Deus. Ao contemplar a capa, após a leitura, não enxergamos mais um padre em uma cadeira de rodas ao lado de um aparelho de traqueostomia à sombra de uma imponente cruz. Naquela cena singela, nossos olhos já alcançam o Reino dos Céus e, sem muito esforço, ouvimos o recado de Deus: “Estou aqui, estou contigo e te amo”. Isso é um milagre!
* Jornalistas, membros da Academia Brasileira de Hagiologia e embaixadores do hospital Casa de Saúde Nossa Senhora dos Raros
(1) Vencedor do Lift-Off Global Network e do Accolade Global Film Competition, o filme Milagre Vivo tornou-se finalista no prestigiado Prêmio Grande Otelo do Cinema Brasileiro, organizado pela Academia Brasileira de Cinema.
(2) Com 4 milhões de exemplares vendidos, o Pe. Márlon é um best-seller que nunca recebeu um centavo de direitos autorais. A renda obtida com a venda de seus livros segue sendo doada para as obras de misericórdia promovidas pela Comunidade Missão Sede Santos.
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