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South Sudanese who fled Sudan wait at Renk transit camp

ONU: Sudão do Sul registra o maior número de civis assassinados

Denúncia da Missão das Nações Unidas (UNMISS) no Sudão do Sul: entre janeiro e março, pelo menos 739 mortos, 679 feridos e 149 sequestrados. Esta tragédia acontece durante a crise humanitária marcada pela fome, deslocamentos e ausência de sistema de saúde.

Sara Costantini - Cidade do Vaticano

Grito de alarme lançado pelas Nações Unidas: nos primeiros três meses deste ano, o Sudão do Sul registrou o maior número de civis assassinados, desde 2020. A notícia foi divulgada pela Missão das Nações Unidas no país (UNMISS), que assinala: entre janeiro e março, pelo menos 739 mortos, 679 feridos e 149 sequestrados. O número de crianças vítimas aumentou de 114 para 171; mulheres e meninas, que continuam sendo alvo de atos de violência sexual, representam 98% das vítimas. Trata-se de uma escalada de violência que coloca em discussão, de modo dramático, os esforços de paz realizados nos últimos anos.

Sofrimento e fuga de civis

O país africano registrou um aumento das violências, desde o recrudescimento da rivalidade entre o presidente Salva Kiir e o vice-presidente Riek Machar. A prisão deste último, no mês de março passado, na capital Juba, intensificou as tensões com as organizações não-governamentais internacionais, que atuam no país, que denunciam os ataques contra instalações médicas e civis. As áreas mais atingidas são as de Warrap, Alto Nilo, com 428 mortos e 298 feridos, e de Jonglei, palco de tensões étnicas. O Sudão do Sul parece, hoje, estar mergulhado em uma onda de violências, que envolve civis inocentes, obrigados a fugir, privados de necessidades básicas e excluídos. Segundo o Alto Comissariado para os Refugiados (ACNUR), mais de 2 milhões de sul-sudaneses estão deslocados internamente, enquanto mais de 2,3 milhões encontraram refúgio em países vizinhos.

Contexto instável

O drama no Sudão do Sul insere-se em um contexto regional profundamente instável. No norte do país, o conflito que ensanguenta o Sudão, desde abril de 2023, já causou pelo menos 25.500 vítimas confirmadas, segundo o “Projeto de Dados sobre Localização e Eventos de Conflitos Armados” (Acled). No entanto, fontes diplomáticas internacionais falam de um número realmente concreto, que pode ultrapassar 150.000 mortes, que pode se parecer com os números da tragédia em Darfur, no início da década de 2000. Além do mais, o Sudão passa por uma crise alimentar aguda: segundo o Programa Alimentar Mundial da ONU (PAM), cerca de 25 milhões de pessoas não conseguem mais ter uma refeição completa por dia. O aumento do preço dos cereais – em alguns casos, 100% em relação aos anos anteriores – agrava a situação, tornando-a mais crítica, devido ao colapso do sistema de saúde e à falta de infraestruturas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 15 milhões de sudaneses não têm acesso aos cuidados médicos e 75% das unidades de saúde estão fechadas. No Sudão do Sul, segundo a Caritas e outras organizações eclesiais presentes no território, as unidades de saúde também chegaram ao limite máximo, enquanto as escolas estão sendo fechadas e as comunidades desintegradas.

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05 julho 2025, 08:56