MAP

A colônia de férias para meninas próximo ao rio Guadalupe que fez 28 vítimas A colônia de férias para meninas próximo ao rio Guadalupe que fez 28 vítimas   (2025 Getty Images)

Texas: sobe para mais de 100 o número de mortos pelas enchentes

Entre as vítimas, também 28 meninas e animadores de uma colônia de férias. Elas participavam do acampamento cristão de verão, o "Camp Mystic". Ainda se procura por dezenas de desaparecidos, enquanto cresce no país a polêmica sobre a gestão das emergências hidrogeológicas.
Ouça a reportagem e compartilhe

Guglielmo Gallone - Vatican News

Terreno íngreme, ar úmido proveniente da planície, solo incapaz de absorver a enchente alimentada pelo transbordamento do rio Guadalupe: essas são as causas da devastadora inundação que atingiu na sexta-feira (04/07) o acampamento de verão Camp Mystic, no condado de Kerr, no Texas, e que até agora causou a morte de 109 pessoas. Entre elas, 28 meninas da colônia de férias, enquanto outras 10 ainda não foram encontradas, de um total de 161 desaparecidos.

O acampamento cristão Camp Mystic

Porque o acampamento cristão Camp Mystic, fundado em 1926, mas que se tornou realmente ativo em 1939, tinha exatamente essa missão: transmitir confiança e capacidade de liderança às jovens americanas. Tudo isso sob o signo da tradição e da vida comunitária, aspectos hoje cada vez mais atípicos em um país polarizado e menos inclinado ao diálogo. Ao contrário, no Camp Mystic, as meninas cantam as mesmas canções das mães e tias, aprendem a andar a cavalo, escrevem cartas de agradecimento, competem em canoas como as tribos Kiowa e Tonkawa, vestem-se de branco quando comem frango frito, usam pingentes que representam sua cabana e vivem sob o lema “sejam gentis umas com as outras”.

O Texas, o estado mais afetado pelas inundações

Palavras ainda mais centrais hoje, diante de uma tragédia que confirma o Texas como o estado mais letal dos EUA em termos de mortes relacionadas a inundações. Um estudo de Sharif publicado em 2021 e citado pelo “Wall Street Journal” mostrou que o Texas registrou 1.069 mortes por inundações entre 1959 e 2019. Isso se deve principalmente ao “Flash flood alley” (corredor de enchentes repentinas), que, entre Dallas e San Antonio, é considerada a região de maior risco para eventos desse tipo.

Quando há uma tempestade, a água não escoa e, por se tratar de uma zona semiárida com uma fina camada de solo sobre a rocha, os riachos sobem rapidamente. Além disso, essas enchentes repentinas começam dentro de seis a três horas após a chuva intensa e a água pode subir tão rapidamente que não deixa saída para as pessoas. Só em 2023, 145 pessoas morreram devido a esse tipo de evento e quase metade das mortes diz respeito a pessoas que ficaram presas nos seus veículos. No condado de Kerr, o alerta foi dado, mas tarde, porque, como relatou o juiz Rob Kelly, o mais alto funcionário do condado, “ninguém sabia que esse tipo de enchente iria acontecer. Não temos um sistema de alerta”.

A incógnita política

O verdadeiro problema dessa tragédia, além do evento climático extremo em si, reside precisamente na falta de organização política e na má gestão de fenômenos semelhantes numa zona conhecida por ser perigosa. Até agora, os socorristas salvaram mais de 850 pessoas, mas o governador Greg Abbott já alertou que novas chuvas intensas estão auentando o caudal dos rios no condado, que está longe de estar fora de perigo.

atualização 9 julho 2025 às 11h45

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp

08 julho 2025, 13:58