Romaria de Nossa Senhora da Salete no Sudoeste do Paraná
Frei Augusto Luiz Gabriel
O evento, conhecido como Romaria do Rio Elias, reúne fiéis de diversas regiões do país em um encontro marcado pela espiritualidade, pela memória das famílias pioneiras e pela continuidade de uma devoção mariana trazida do Rio Grande do Sul. O evento reúne milhares de fiéis e é considerado patrimônio espiritual do Sudoeste do Paraná, carregado de fé, esperança e devoção mariana.
Segundo Vanderlei Martins, liderança da comunidade e conhecedor da história local, a origem da romaria remonta às famílias migrantes que chegaram do Rio Grande do Sul, especialmente da região de Erechim e Marcelino Ramos. “Foram famílias que já traziam a devoção a Nossa Senhora da Salete. Elas compraram terras aqui, firmaram suas raízes e, junto com a coragem e o trabalho, trouxeram também a fé”, explica.
No início, a padroeira da comunidade foi Santa Bárbara, escolhida como protetora contra as tempestades e intempéries da época em que a região ainda era coberta por mata fechada. No entanto, logo os fiéis decidiram assumir Nossa Senhora da Salete como padroeira, com apoio do saudoso Frei Policarpo Berri. “Foi ele quem, junto com o bispo, confirmou essa mudança. Desde então, a comunidade se fortaleceu ainda mais na devoção mariana”, recorda Vanderlei.
O santuário do Rio Elias guarda símbolos importantes, como a representação dos três momentos da aparição de Nossa Senhora em La Salette, na França, em 1846, e a tradicional fonte de água. “Em todo santuário dedicado a Nossa Senhora da Salete, existe uma fonte, porque lá nos Alpes franceses, durante a aparição, brotou uma água. A água é vida, é sinal da presença de Maria entre nós”, destaca.
A Romaria também é marcada por testemunhos de fé e graças recebidas. O próprio Vanderlei viveu uma experiência transformadora. “Há 27 anos, sofri um acidente na lavoura e perdi a perna direita. O médico me disse que só sobrevivi por causa da fé. Desde então, nunca deixei de servir nesta romaria. Enquanto Deus permitir, estarei aqui trabalhando por Nossa Senhora da Salete”, afirma emocionado.
A programação deste ano conta com três dias de tríduo preparatório e, no dia da festa, missas desde cedo. No dia 21 de setembro às 6h, ocorre a celebração dedicada aos trabalhadores que atuam na organização do evento, e às 10h acontece a missa solene, transmitida pela Rede Celinauta há mais de quatro décadas. “O santuário é diocesano, mas podemos dizer que tem alcance nacional, porque recebemos pessoas de várias partes do Brasil e até da América do Sul. Isso é muito gratificante para nós”, ressalta Vanderlei.
Para a comunidade de Rio Elias, a Romaria de Nossa Senhora da Salete é mais do que uma tradição religiosa: é a herança de fé que atravessa gerações, mantendo viva a esperança e fortalecendo a identidade de um povo que encontrou em Maria um sinal de proteção e perseverança.
Acompanhe em vídeo a reportagem: https://youtu.be/LKIPi2lVLVw
Produção: Jonas Frozza e Marcos Souza
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