ÐÓMAPµ¼º½

Papa Francisco na Praça de S. Pedro, no fim da manhã de Páscoa de 2025 Papa Francisco na Praça de S. Pedro, no fim da manhã de Páscoa de 2025 

Lusofonias. Papa Francisco, quatro meses depois ...

Quatro meses depois, ainda vivo da sua inspiração e dos seus convites a sermos uma Igreja simples, desinstalada, pobre, ‘hospital de campanha’, profundamente evangélica, aberta e disponível para servir todos, todos, todos! Um destaque de algumas frases do Papa Bergoglio e do seu pontificado.

Tony Neves, em Portugal, para o Vatican News

Ainda ecoam dolorosamente nos meus ouvidos, aquele grito de um confrade meu, na manhã de segunda feira de Páscoa: ‘Morreu o Papa Francisco!’. Confesso que não acreditei à primeira, pois ele tinha passado a poucos metros de mim, na Praça de S. Pedro, no fim da manhã de Páscoa. É verdade que o sorriso estava descolorido e a mão teve dificuldade de erguer-se para nos abençoar, mas não passou pela cabeça de ninguém que aquela seria a sua última Páscoa entre nós.

Quatro meses depois, ainda vivo da sua inspiração e dos seus convites a sermos uma Igreja simples, desinstalada, pobre, ‘hospital de campanha’, profundamente evangélica, aberta e disponível para servir todos, todos, todos! Destaco 12 frases que me marcam:

‘Desenvolveu-se uma globalização da indiferença. (…). Já não choramos à vista do drama dos outros (…). A cultura do bem-estar anestesia-nos’ (Evangelium Gaudium, nº54) – 2013.

‘A humanidade precisa de mudar. Falta a consciência duma origem comum, duma recíproca pertença e de um futuro partilhado por todos’ (Laudato Si, nº 202) – 2015.

‘O tempo que estamos hoje a viver não precisa de jovens-sofá, mas de jovens com chuteiras. Este tempo aceita apenas jogadores titulares. Temos de deixar uma marca’ (Jornadas Mundiais de Juventude – Cracóvia) – 2016.

‘Sempre que olhamos para Maria, voltamos a acreditar na força revolucionária da ternura e do carinho’ (Fátima, 12 de maio) - 2017.

‘As bem-aventuranças são como que o bilhete de identidade de cristão (…). A misericórdia é a chave do céu’ (Gaudete et Exultate, nºs. 63 e 105) – 2018.

A misericórdia é a chave do céu ... (Papa Francisco)
A misericórdia é a chave do céu ... (Papa Francisco)

‘Não fiqueis a observar a vida da sacada. Não sejais carros estacionados. Não olheis o mundo como turistas! Fazei-vos ouvir! Vivei! Abri as portas e saí a voar!’ (Christus vivit, nº 143) – 2019.

‘Fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furiosa. Estamos no mesmo barco, sozinhos afundamos, todos chamados a remar juntos’ (Oração na praça de S. Pedro, 27 de março) – 2020.

‘Nunca mais a guerra (nº258). Toda a guerra deixa o mundo pior do que o encontrou. É um fracasso da política e da humanidade, uma rendição vergonhosa, uma derrota perante as forças do mal’ (Fratelli Tutti, nº 261) – 2020.

‘Para se dizer verdadeiramente ‘não’ à violência, não basta evitar atos violentos; é preciso extirpar as raízes da violência: penso na ganância, na inveja e, sobretudo, no rancor (…). Tenham a coragem de desarmar o coração’ (Visita a Kinshasa, RDC, 2 de fev.) - 2023.

â€˜É a hora de dizer basta… sem ‘ses’ nem ‘mas’: basta de sangue derramado, basta de conflitos, basta de violências e recíprocas acusações sobre quem as comete, basta de deixar à mingua de paz este povo dela sedento’ (Visita ao Sudão do Sul, 4 fev.) – 2023.

 â€˜O amor venceu o ódio. A luz venceu as trevas. A verdade venceu a mentira. O perdão venceu a vingança. O mal não desapareceu da nossa história e permanecerá até ao fim, mas já não lhe pertence o domínio, não tem qualquer poder sobre quem acolhe a graça deste dia’. (Mensagem Urbe et Orbi, Páscoa, 20 abril) – 2025.

‘Na Páscoa do Senhor, a morte e a vida enfrentaram-se num admirável combate, mas agora o Senhor vive para sempre (cf. Sequência Pascal) e infunde em cada um de nós a certeza de que somos igualmente chamados a participar na vida que não tem fim, na qual já não se ouvirá o fragor das armas nem os ecos da morte’ (Mensagem Urbe et Orbi, Páscoa, 20 abril - 2025. Foram as suas últimas e inspiradoras palavras!

Silvonei José, um dos responsáveis pela edição portuguesa da Rádio Vaticano, disse: ‘Foi o primeiro em muitas coisas: o primeiro Papa jesuíta, primeiro Papa originário da América Latina, primeiro a escolher o nome Francisco,  primeiro a ser eleito com o seu antecessor ainda vivo, primeiro a residir fora do Palácio Apostólico, primeiro a visitar terras nunca antes tocadas por um pontífice, do Iraque à Córsega, primeiro a assinar uma declaração de fraternidade com uma das autoridades islâmicas mais importantes, foi o primeiro Papa a se equipar com um Conselho de Cardeais para governar a Igreja, a distribuir funções de responsabilidade a mulheres e leigos na Cúria Romana, a lançar um Sínodo que envolvia diretamente o Povo de Deus, a abolir o segredo pontifício para casos de abuso sexual e a abolir a pena de morte do Catecismo; primeiro também a liderar a Igreja enquanto no mundo não há uma guerra, mas muitas guerras, pequenas e grandes, travadas em pedaços nos diferentes continentes, uma guerra que é sempre uma derrota, como repetiu nos mais de 300 apelos, mesmo quando a sua voz falhava e que ocuparam todos os últimos pronunciamentos públicos, desde o início  da violência na Ucrânia e no Médio Oriente… Ações que geram novos dinamismos na sociedade e na Igreja’.

Termino com Lígia Silveira, da Agência Ecclesia: ‘Inteireza, proximidade, coragem, ética, oração, simplicidade, gestos, abraços, confiança, amor, sorriso, empatia, justiça, paz, coragem, fé, luminosidade, transparência, diálogo, processo, esperança! Todos! Obrigada!’.

Oiça aqui a reportagem e partilhe

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp

27 agosto 2025, 09:54