De Roma com Amor: jovens portugueses lançam manifesto
Rui Saraiva – Portugal
O Jubileu dos Jovens que decorreu de 28 de julho a 3 de agosto teve um momento português de especial relevo. Foi no dia 30 de julho, a partir da Basílica de S. Paulo Fora de Muros, que a delegação portuguesa, com mais de 11 mil jovens, apresentou em Roma um manifesto que é compromisso para o futuro, “uma carta viva escrita na estrada da fé, um sinal que nasce da escuta e se faz caminhoâ€, diz o texto.
Paz e Casa Comum numa Igreja de todos e para todos
O documento tem cinco pontos-chave: a Fé, a Igreja, a Paz, a Casa Comum e a Missão.
“Acreditamos numa fé que nos põe a caminhoâ€, dizem os jovens no primeiro ponto com o título “Por uma fé que nos moveâ€. “Somos jovens de partida, de encontro, de caminho. Acreditamos numa Igreja com voz jovem, capaz de escutar e aprender, de sair e arriscar. Como S. Paulo, não ficamos onde estamos, atravessamos muros, rasgamos horizontes, levamos a esperança até onde ela não chegaâ€, declaram.
No segundo ponto deste manifesto os jovens afirmam a necessidade de ser construída “uma Igreja de todos e para todosâ€. “Sonhamos comunidades onde ninguém é invisível. Valorizamos a escuta, o diálogo, a diferença. Queremos uma Igreja com rosto de aldeia grande: intergeracional, intercultural, imperfeita, mas profundamente humana. Uma Igreja que não espera por nós no templo, mas caminha connosco pelas ruasâ€, sublinham os jovens.
No terceiro ponto os jovens portugueses afirmam fortemente o valor da paz. “Pela paz que nasce da esperança†é o título deste ponto. “A paz nasce no coração de cada ser humano, é uma decisão. Queremos ser geração de paz: nos gestos, nas palavras, nos ambientes digitais e nos lugares esquecidos. Acreditamos numa paz feita de justiça, amizade social e cuidado mútuo. Não nos conformamos com a guerra em lado nenhum, nem no mundo, nem dentro de nós. A nossa bandeira é o acolhimento, o nosso grito a reconciliação. A paz é caminho e compromissoâ€, dizem os jovens.
“Pelo cuidado da casa comum†é o título do quarto ponto do manifesto. “A terra é dom, não recurso. Recusamos um estilo de vida que consome sem pensar, que produz sem limites, que vive como se houvesse um planeta de reserva. Cuidar da Casa Comum é amar o futuro, é proteger quem é mais vulnerável, é viver com simplicidade e gratidão. Queremos ser jovens conscientes, atentos ao que semeamosâ€, pode-se ler no documento.
Finalmente, os jovens portugueses no quinto ponto do seu manifesto afirmam-se em missão. Uma missão que “é um estilo de vida: aberto corajoso, criativo e comprometidoâ€, salientam.
“Somos jovens enviados à escola, ao trabalho, à aldeia e à cidade. No mundo digital, mas ainda mais no real. Somos discípulos e somos apóstolos. Anunciamos com a vida o que acreditamos com o coração. O mundo é o nosso campo e o amor a nossa linguagemâ€, afirmam.
“Vamos partir de Roma a transbordar de amorâ€, declaram os jovens portugueses na conclusão do seu manifesto.
Escuta e diálogo para o futuro
E marcados pela experiência do Jubileu em Roma, estes jovens regressam agora a Portugal com um manifesto para concretizar. O Vatican News falou com o diretor do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil (DNPJ), Pedro Carvalho e ficamos a saber que foi levado de Portugal para Roma um sobreiro que será plantado no Borgo Laudato Sí em Castel Gandolfo.
“Queremos devolver à natureza a pegada de CO2 que fizemos com as viagens para vir e viver este Jubileuâ€, afirma o diretor.
Pedro Carvalho revela que os jovens portugueses acreditam que é possível “cuidar da Casa Comum†porque isso “é amar o futuro, é proteger quem é mais vulnerável, é viver com simplicidade e gratidãoâ€.
Em Portugal, “o objetivo é plantar 20025 árvoresâ€, assinala. “Em cada passo temos a esperança que vamos conseguir alcançar este objetivoâ€, afirma o responsável português.
Para o futuro, Pedro Carvalho sublinha alguns desafios do manifesto dos jovens portugueses, tais como, a escuta, o diálogo e a diferença. Neste particular, informa que o DNPJ “está a desenvolver um processo†com o nome “ESCUTA 360º – Juntosâ€. Um processo de escuta, “um caminho de diálogo e participação, no qual se criam espaços e tempos para que os jovens e outros agentes envolvidos na pastoral juvenil em Portugal possam expressar as suas vivências, inquietações, esperanças e desafiosâ€, sublinha o diretor do DNPJ.
“Mais do que um simples levantamento de opiniões, trata-se de uma dinâmica sinodal que transmite participação, escuta ativa e compromissoâ€, assinala.
“Através desta escuta profunda, procura-se compreender melhor a realidade juvenil e construir, de forma corresponsável, um Quadro de Referência para a Pastoral Juvenil em Portugalâ€, afirma Pedro Carvalho.
Neste âmbito, recordemos o empenho do DNPJ no contacto com as juventudes partidárias em Portugal a propósito das recentes eleições legislativas. Nessas reuniões foi sublinhado pelos vários partidos o sinal positivo deixado pela Jornada Mundial da Juventude (JMJ) Lisboa 2023.
A JMJ “deixou esta porta aberta de uma Igreja com beleza de uma Igreja feliz e alegre, onde os jovens são parte integrante desta Igreja portuguesaâ€, assinalou Pedro Carvalho em recente entrevista à Agência Ecclesia.
Neste Ano Santo de 2025, os mais de 11 mil jovens portugueses, após a experiência do Jubileu em Roma, voltam a Portugal com as suas vivências e histórias de fraternidade para contar. Eles são sementes de esperança para o futuro.
Laudetur Iesus Christus
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