Cardeal Steiner no Nortão da Catequese: na ´¡³¾²¹³úô²Ô¾±²¹, uma catequese inculturada
Padre Modino - Manaus
Em sua reflexão sobre “A Igreja deve crescer na Amazônia (QA 66): Querigma, um anúncio de Esperançaâ€, o arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da CNBB, cardeal Leonardo Ulrich Steiner, tentou demonstrar “a relevância, a identidade e as características do anúncio querigmático no território amazônico, iluminado pelas reflexões do Jubileu 2025, tendo em conta que os povos da Amazônia ‘têm direito ao anúncio evangelizador’, (QA, 64); o Evangelho da Esperançaâ€.
O Documento Final do Sínodo sobre a Sinodalidade nos leva a dizer, segundo o cardeal Steiner, que “somos todos enviados para anunciar Jesus nossa Esperança.†Ele explicou a origem da palavra catequese, “instruir por viva vozâ€, insistindo em que “a Catequese é anúncioâ€. Inspirado na Evangelii Nuntiandi de São Paulo VI, o arcebispo de Manaus falou de “anúncio decisivo para a vida da Igreja, para ser Igrejaâ€, de ser crístico, de “chegarmos, todos juntos, à unidade na fé e conhecimento do Filho de Deusâ€, segundo ensina São Paulo.
Fazer ecoar o novo Reino
O cardeal lembrou a importância significativa da catequese, segundo São João Paulo II, uma importância que brota dos Evangelhos, que leva a ver a catequese como “fazer ecoar pelo mundo inteiro o novo Reino, o Reino de amor, a vida da Trindade, a todas as criaturas, como Jesus com sua vida, palavra, gestos, morte e ressurreiçãoâ€. Se trata, seguindo as palavras do Catecismo da Igreja, de fazer discípulos e discípulas, de aprofundar na fé. O Papa Francisco ressaltava a presença no Novo Testamento de batizados que exerceram o ministério de transmitir o ensinamento dos apóstolos. Nesse sentido, o arcebispo de Manaus vê a catequese como “o ecoar da vida recebida de Jesus Crucificado-Ressuscitado, o Reino de Deusâ€, uma ideia presente em Lumen Gentium. Mas também, seria “a possibilitação de encontro, um modo de ser que gera relações novas, uma nova fraternidade, leva à pertença a uma nova comunidadeâ€.
Um anúncio que “deve ressoar constantemente na Amazôniaâ€, enfatizou o presidente do Regional Norte 1 da CNBB, seguindo Querida Amazônia. Ele mostrou que o Documento Santarém, em 1972, “sinalizou que a evangelização tornaria visível a Jesus crucificado-ressuscitado pela encarnação na realidade e pela libertação dos filhos e filhas de Deus.†Isso porque a catequese “deseja despertar para a presencialização de Deus na realidade de hoje na Amazôniaâ€, que demanda uma “catequese que leve em consideração a realidade concreta das comunidadesâ€, sublinhou o cardeal. Uma catequese que seja “evangelização libertadoraâ€, e “não seja um código de doutrinas, um manual de moral, de regras a serem seguidasâ€.
Cresce na vida em Cristo com rosto amazônico
“A catequese possibilita crescer na identidade cristã, na vida em Cristo. A vida em Cristo com rosto amazônicoâ€, segundo o cardeal. Ele refletiu sobre o conceito de identidade, como “um processo existencial de serâ€, e afirmou que “identidade cristã tem a ver com o que damos ao nosso ser discípulo missionário, discípula missionáriaâ€, e junto com isso, “é a responsabilidade em ser sempre cada vez mais livremente discípula missionária, discípulo missionário.†Por isso, “a catequese deveria ser esse despertar para possibilitar uma participação, um pertencimento a Cristoâ€.
Um iniciar à vida cristã que acontece na comunidade, que cuida para que “haja a catequista, o catequista, que ajude à iniciação à vida cristã, no aprofundamento da vida segundo o Evangelho.†Na Amazônia isso se concretiza nas Comunidades Eclesiais de Base, “primeiro e fundamental núcleo eclesial, que deve, em seu próprio nível, responsabilizar-se pela riqueza e expansão da féâ€, seguindo a proposta de Medellín e Santarém. Uma dinâmica que tem a ver com a sinodalidade, tão presente na Amazônia. É por isso que “a catequese numa comunidade de espírito sinodal na Amazônia, desperta a comunidade para a presença estável de responsáveis leigos, maduros e dotados de autoridadeâ€.
Um processo necessário de inculturação
Para crescer na Amazônia, a Igreja deve, afirmou o arcebispo de Manaus, “moldar a sua própria identidade na escuta e diálogo com as pessoas e realidades e histórias do território, desenvolvendo cada vez mais um processo necessário de inculturaçãoâ€, com uma catequese que não despreza as culturas amazônicas, nem “a riqueza de sabedoria cristã transmitida ao longo dos séculos pela piedade das comunidades.†Ele lembrou a insistência de Papa Francisco na inculturação, pois “a graça supõe a culturaâ€, em um movimento duplo, uma dinâmica de fecundação e outro de recepção por parte da Igreja. Nessa perspectiva, “a catequese aberta à receptividade das culturas, por exemplo indígenas, torna-se uma riqueza para a evangelização, para ser e existir da Igrejaâ€, segundo o cardeal, citando exemplos disso.
Uma inculturação que “tem a ver em formar catequistas indígenasâ€, com “ministérios que sejam expressão do estilo de vida, da cultura do povoâ€, com um acolher as riquezas culturais na catequese, na liturgia, nos Sacramentos, na organização da comunidade eclesial e os ministérios. Diante da realidade amazônica, marcada por diversas dificuldades, “o ministério do catequista recebe nessa realidade uma verdadeira missão: realizar o querigmaâ€, disse o arcebispo de Manaus. Ele insistiu em que “para conseguir uma renovada inculturação do Evangelho na Amazônia, a Igreja precisa escutar a sabedoria ancestral, voltar a dar voz aos idosos, reconhecer os valores presentes no estilo de vida das comunidades nativas, recuperar a tempo as preciosas narrações dos povosâ€, reconhecendo os valores já recebidos dos povos da Amazônia.
Uma catequese chamada a ser hermenêutica da totalidade, presente nos quatro sonhos de Querida Amazônia, que são dimensões do todo. O arcebispo defende “uma sensibilidade para não impor, mais uma vez, a cultura, as expressões religiosas, as devoções.†Nesse sentido, ele insiste em que “as estruturas sociais, as expressões culturais, os seres na sua totalidade, a comunidade de fé, necessitam ser levados em consideração na catequese, pois fazem parte da experiência diária de fé, na encarnação e libertação, especialmente na Amazônia.â€ É por isso, que “uma hermenêutica da totalidade oferece à catequese um horizonte que ilumina o todo da vida da comunidade, a missão da Igrejaâ€, remarcou.
Despertar para uma conversão
Não pode ser esquecido que “a catequese desperta para uma conversão, mudança de vida, transformação, transfiguração, consumação, a vida em plenitudeâ€, uma conversão também ecológica, que a Igreja deve considerar. Uma catequese que “pode abrir o horizonte da gratidão e da gratuidadeâ€, da fraternidade e irmandade universal. Mas também faz realidade uma Igreja sinodal em missão, dado que a sinodalidade, segundo o Documento Final do Sínodo sobre a Sinodalidade, “é um caminho de renovação espiritual e de reforma estrutural para tornar a Igreja mais participativa e missionáriaâ€, e esse é um desafio para a catequese, fomentando a participação de todos, em comunidades que se sentem “missionárias, anunciadoras, acolhedoras, consoladoras, solidáriasâ€.
“A catequese sinodal, desperta para a grandeza e a beleza de ser Igrejaâ€, com comunidades dirigidas por leigos, na sua maioria por mulheres, que visibiliza a Igreja das origens e a força das comunidades. Uma Igreja que escuta, serve e acompanha, e que na catequese descobre seu ser “misericordiosa e cheia de compaixão†e a necessidade “envolver a todos no ser Igreja.†Um ser catequista que “presencializa pela Iniciação o ensinar e viver de Jesus Cristoâ€. E isso tem que ser feito, seguindo o pensamento de Santo Agostinho, com indignação e coragem, para assim experimentar que “a catequista, o catequista, tomada pela força do Evangelho e iluminada pelo Espírito Santo, vive e ecoa o Evangelho da Esperança de modo inquieto e corajosoâ€.
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