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Cardeal Orani João Tempesta Cardeal Orani João Tempesta 

Arquidiocese do Rio de Janeiro abre Jubileu pelos 450 anos da Prelazia

Em solene celebração na manhã do dia 19 de julho, a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro deu início oficial ao seu Jubileu Arquidiocesano, celebrando os 450 anos da criação da Prelazia do Rio de Janeiro, que ocorreu 10 anos após a fundação da cidade.

Carlos Moioli - Arquidiocese do Rio de Janeiro

A Santa Missa, presidida pelo arcebispo metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta, foi realizada na Catedral de São Sebastião, no Centro, com a participação de bispos auxiliares, sacerdotes, diáconos, religiosos, seminaristas e fiéis de diversos vicariatos.

A comemoração jubilar começou logo cedo com a Liturgia das Horas na Igreja de Nossa Senhora de Bonsucesso, também no Centro, de onde partiu uma peregrinação até a Catedral, uma das igrejas jubilares da arquidiocese, passando pela Praça do Expedicionário.

A caminhada, na qual Dom Orani seguiu em um carro-andor com a imagem peregrina de São Sebastião, reuniu milhares de leigos com bandeiras nas cores de seus vicariatos, marcando o Jubileu dos Leigos e dos Missionários Digitais na arquidiocese

Durante a missa, Dom Orani lembrou o valor histórico e missionário da data: “O Evangelho foi semeado em nossa cidade do Rio de Janeiro para que Jesus Cristo se fizesse presente no coração de cada pessoa. A semeadura foi generosa e uma abundância de frutos foi colhida.”

No presbitério da Catedral estavam expostas a histórica imagem de São Sebastião, que por tradição foi trazida por Estácio de Sá ao fundar a cidade do Rio de Janeiro, acompanhada de uma relíquia do santo mártir padroeiro da Catedral, da arquidiocese, da cidade e do Estado fluminense.

Também o decreto da Penitenciária Apostólica, que concede Indulgência Plenária aos fiéis presentes, desde que arrependidos, confessados e comungados. Ao fim da celebração, o arcebispo impartiu a bênção com a indulgência plenária em nome do Santo Padre Leão XIV.

Unidade e a missionariedade

Em sua homilia, Dom Orani refletiu sobre os desafios e as esperanças da missão evangelizadora na atualidade, e destacou dois pilares do jubileu: a unidade e a missionariedade.

“Nós herdamos uma caminhada de uma bela história e nos inserimos nela. Queremos caminhar juntos, no mesmo passo, dar continuidade ao trabalho missionário, evangelizador que faz parte da nossa vida. Louvamos e bendizemos a Deus pela história do passado, por todos os trabalhos realizados, ao mesmo tempo pedimos que Ele nos impulsione a ir para frente, abertos à ação do Espírito Santo. Mesmo diante dos desafios hoje, de encontrar a melhor maneira de servir o povo de Deus”, disse Dom Orani, convidando os fiéis a viverem o Jubileu com espírito de missão, que se estenderá até 2026, com ampla programação pastoral, cultural e celebrativa.

O arcebispo também enfatizou a necessidade de encontrar formas de servir a comunidade diante dos desafios do mundo de hoje, de se adaptar e utilizar as ferramentas digitais na evangelização, de lidar com os impactos e oportunidades que a inteligência artificial apresenta e responder a ideologias que vão e voltam.

“O mundo de hoje exige de nós uma fidelidade criativa. Diante de realidades como a digitalização, a inteligência artificial e novas ideologias, devemos permanecer fiéis ao Evangelho e atentos à ação do Espírito Santo”, disse.

Dom Orani destacou que a unidade na diversidade é um dos principais chamados do Jubileu Arquidiocesano, tarefa contínua da Igreja, especialmente em tempos desafiadores. Ele apontou que a diversidade de dons, carismas e serviços na Igreja deve ser valorizada como expressão da beleza da comunhão em Cristo.

Segundo o arcebispo, a unidade não significa uniformidade, mas a convivência harmoniosa entre as diferenças, sempre com o olhar voltado para a missão. “Somos chamados a viver a unidade em Cristo Jesus, e a caminhar juntos na evangelização, na catequese e no trabalho pastoral.”

Hino do Jubileu Arquidiocesano

Foi apresentado durante a celebração pelo Coral Arquidiocesano o Hino do Congresso Eucarístico Internacional, de 1955, e cantado pela primeira vez o Hino Oficial do Jubileu Arquidiocesano, com letra de Dom Orani e música do maestro Marcos Paulo Mendes. Intitulado “450 anos de graça e missão”, acompanhará toda a programação jubilar ao longo do ano.

“Um tempo para celebrar e evangelizar”

Ao final da missa, o arcebispo assinou e promulgou a Carta Pastoral “Jubileu Arquidiocesano – Um tempo para celebrar e evangelizar”, marcando o início das comemorações jubilares. A data de 19 de julho remonta exatamente à criação da Prelazia do Rio de Janeiro, em 1575, por decreto do Papa Gregório XIII, como sinal do compromisso missionário da Igreja num país ainda em formação. A nova circunscrição eclesiástica abrangia o território desde a Capitania de Porto Seguro, na Bahia, até o Rio da Prata.

Leitura da Bula

Para fazer memória da criação da Prelazia, o padre Eraldo Leão Filho, doutorando em História Social pela UFRJ e professor de História da Igreja, fez a leitura resumida da Bula “In supereminenti militantis Ecclesiae”, de 19 de julho de 1575, pela qual o Papa Gregório XIII, a pedido do rei de Portugal D. Sebastião, criou a vigararia ou administração eclesiástica do Rio de Janeiro, por desmembramento de territórios pertencentes à Diocese de Salvador da Bahia, então com a sede vacante.

Na época, o Pontífice determinou que o território da supradita vigararia fosse governado por um vigário ou administrador, a quem caberia toda a jurisdição que anteriormente cumpria ao bispo de Salvador, com a exceção de poder celebrar o Sacramento da Ordem, vigário que seria escolhido e nomeado pelo rei de Portugal, após avaliação e aprovação pelos deputados da Mesa da Consciência e Ordens, sem que a decisão régia tivesse que ser confirmada por qualquer autoridade romana.

Exposição sobre Congresso Eucarístico de 1955

Encerrando a manhã celebrativa, foi inaugurada no Museu Arquidiocesano de Arte Sacra, no subsolo da Catedral, a Exposição dos 70 anos do 36º Congresso Eucarístico Internacional, ocorrido no Rio de Janeiro, em 1955, o primeiro e único realizado no Brasil. A mostra, organizada pelo diretor artístico do Museu, padre Fernandes Elias Junior, reúne documentos, paramentos, objetos e imagens que retratam o evento que marcou profundamente a vida da Igreja no país.

Carta Pastoral

A Carta Pastoral “Jubileu Arquidiocesano: Celebrar e Evangelizar”, do Cardeal Orani João Tempesta, assinada em 19 de julho de 2025, marca o início do Ano Jubilar Arquidiocesano. A motivação central é celebrar os 450 anos da criação da Prelazia do Rio de Janeiro (1575) e os futuros 350 anos de sua elevação a diocese (em novembro do ano seguinte). É um tempo para celebrar, evangelizar, resgatar a história, renovar a identidade eclesial e reacender o ardor missionário, inserido no contexto do Ano Santo do Jubileu Ordinário de 2025, um “tempo de esperança”.

A carta aborda diversos assuntos. Primeiramente, detalha a história de fé da arquidiocese, desde a fundação da Prelazia em 1575 e elevação a diocese em 1676, até se tornar arquidiocese metropolitana, em 1892. Destaca a constante presença da Igreja em meio às transformações sociais e culturais, atuando em diversos ambientes e relembrando marcos como o Congresso Eucarístico Internacional de 1955 e as visitas dos Papas São João Paulo II e Francisco, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, em 2013.

A Carta Pastoral aprofunda a compreensão da Igreja como o Povo de Deus e Corpo Místico de Cristo. Explora termos bíblicos como “ekklesia” e “corpo de Cristo”, sublinhando a íntima comunhão com Cristo e a unidade dos fiéis. Salienta que a Igreja universal se manifesta e atua plenamente em cada Igreja particular (diocese), e que a Eucaristia é a manifestação privilegiada dessa unidade.

Por fim, a carta explica o sentido do Jubileu na tradição judaico-cristã (Lv 25), como um tempo de graça, perdão, libertação e restituição. Anuncia a concessão de indulgência plenária pelo Papa Leão XIV para o período de 19 de julho de 2025 a 19 de julho de 2026, mediante condições como confissão, comunhão, oração pelo Papa e peregrinação a igrejas jubilares designadas. O tema do Jubileu é “No Cristo, somos um para que todos sejam um!”, e o lema é “Alegres na esperança, fortes na tribulação, perseverantes na oração e enviados em missão”, orientando a unidade e a missão em meio aos desafios.

A carta conclui com um convite à oração contínua, ao estudo e à participação ativa nas atividades pastorais para uma evangelização audaciosa, com o logotipo do Jubileu simbolizando a cruz, o mártir São Sebastião e os fiéis como “pedras vivas”.

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22 julho 2025, 14:37