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Sínodo. Austen Ivereigh: estamos no início do caminho de conversão

Biógrafo do Papa Francisco esteve em Portugal a convite do Ponto SJ e da Paulinas Editora. Deu entrevista à Rede Sinodal em Portugal.

Rui Saraiva – Portugal

Nos passados dias 10 e 11 de abril esteve em Portugal Austen Ivereigh, o biógrafo do Papa Francisco, a convite do Ponto SJ, o portal de informação da Companhia de Jesus e da Paulinas Editora, por ocasião do lançamento da edição portuguesa do seu mais recente livro com o título “Em primeiro lugar, pertencer a Deus: Exercícios Espirituais com o Papa Franciscoâ€.

Na manhã de dia 11 de abril, na Brotéria, o centro cultural dos jesuítas no Bairro Alto em Lisboa, o biógrafo de Francisco refletiu com mais de 30 jornalistas e comunicadores, sobre o legado do Papa e o futuro da Igreja.

Aprender a viver a sinodalidade

A Rede Sinodal em Portugal esteve aí representada por Renata Rodrigues do Departamento Arquidiocesano de Comunicação Social de Braga, que entrevistou Austen Ivereigh. O autor começou por afirmar que a maioria das paróquias ainda não estão a viver a sinodalidade.

“Este período de implementação de três anos do documento final do Sínodo é um processo vital, porque, de facto, a maioria dos fiéis até agora, a maioria das paróquias, não têm vivido a sinodalidade. E acho que para a maioria dos católicos, foi uma coisa que lhes chegou para alguns deles em 2021 e 2022, mas depois desapareceu e nunca mais voltou.

Então é muito importante, agora, que as paróquias e as dioceses, aprendam a viver a sinodalidade na sua forma de ser, na sua forma de proceder. As formas, por exemplo, de fazer os encontros dos conselhos pastorais, a forma de que as paróquias possam discernir a sua missão, a forma em que possam incluir os excluídos e alcançar os que, por exemplo, tenham saído da paróquia como resultado da pandemia. Há muitas maneiras de viver a sinodalidade e o Vaticano tem dito, a Secretaria Geral do Sínodo tem dito, mais ou menos, que há várias formas de implementá-lo, dependendo da situação de cada igreja local. Porque a sinodalidade não é de um Papa ou deste Papa, é da Igreja.

O documento final foi votado, reflete o consenso da Igreja Universal ao longo de três anos. Então são três anos agora para implementá-lo a nível local e também a nível continental e universal. É um período caracterizado, sobretudo, de uma forma muito sinodal, de partilhar os dons, os frutos da implementação, uns com os outros. Porque vivemos numa Igreja onde os dons, digamos, são distribuídos de uma forma não equitativa. Por exemplo, a Igreja da Ásia tem muito, muito, para oferecer à Igreja da Europa, etc. Então esta troca de dons vai ser muito importante neste período de implementação, porque é aqui, agora, a partir de agora. É a questão de uma conversão da cultura interna da Igrejaâ€, disse o biógrafo do Papa.

Viver e caminhar juntos

Austen Ivereigh sublinha nesta entrevista a necessidade de conversão a hábitos de escuta, de paciência, acompanhamento, consulta ampla e discernimento.

“A conversão é no Evangelho, a metanoia, é uma nova forma de ser, de pensar, de viver, como resultado da experiência, do encontro com a misericórdia de Jesus. Como sempre dizia Bento XVI, esse encontro muda a nosso horizonte. A sinodalidade, no fundo, é como podemos melhor refletir como está Deus connosco. É uma forma de relacionarmo-nos uns com os outros, que pertence à Igreja, que sempre foi da Igreja primitiva e que a Igreja depois perdeu quando a Igreja se converteu, talvez, numa instituição muito potente. Agora já não é uma situação tão potente e devemos aprender a viver nesta nova realidade. Mas esta conversão, esta mudança de época, como fala o Papa Francisco e os bispos latino-americanos em Aparecida, esta mudança de época é uma oportunidade de melhor refletir esse estilo de Deus, como fala Francisco. Quer dizer: escuta, paciência, acompanhamento, consulta ampla, discernimento, avançar à base de consensos, forjados ao longo do tempo, tudo isto é uma forma de viver juntos, de caminhar juntos, que é o estilo de Jesus que a Igreja devia refletir agoraâ€, disse o jornalista.

Na opinião do biógrafo do Papa, o povo de Deus não se sente ouvido e não sente que participa. Pois falta ainda aplicar o processo sinodal.

“Acho que o povo de Deus neste momento não se sente ouvido, não sente que participa. E é verdade que não participa em geral, porque estamos ainda numa igreja não-sinodal. O que o Sínodo sobre a sinodalidade nos tem ensinado é o caminho de conversão para ser uma Igreja sinodal. Mas estamos no início. Falo muito sobre a sinodalidade nas paróquias e muitos dizem: ‘sabemos que uma coisa importante aconteceu em Roma porque temos lido disso, mas o pároco não nos disse nada. O bispo não nos falou nada disso’. E é verdade. Digamos que é difícil que os fiéis neste momento se sintam participantes, mas isto é o que tem que mudar, porque o documento final o exigeâ€, afirmou.

Na sua permanência em Portugal, Austen Ivereigh, proferiu uma conferência para mais de 400 pessoas no auditório do Colégio S. João de Brito em Lisboa, sobre o tema “Chamados à conversão numa mudança de época: o legado do Papa Francisco e o futuro da Igrejaâ€.

Laudetur Iesus Christus

Oiça aqui a entrevista com Austen Ivereigh, e partilhe

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21 abril 2025, 09:38