Gérard Chaliand - Um olhar sobre as lutas de libertação
Vatican News
Nos anos sessenta e setenta, Chaliand centrou a sua atenção, não só como jornalista, mas também como estratega e geopolítico, nas lutas de libertação anticoloniais e anti-imperialistas ao redor do mundo, incluindo a do Vietname, da revolução cubana, da resistência palestina, da Eritreia e do Curdistão, da guerrilha colombiana, do processo contra o Apartheid na África e do Sul e da gesta de libertação da Guiné-Bissau e Cabo Verde.
Chaliand divulgou a luta desencadeada pelo PAIGC, especialmente no seu livro "A Ponta da Navalha", em que relata um episódio em que Nelson Mandela, ao ser reconhecido como o maior, teria respondido que o maior era Cabral. Aliás, na sua tese de doutoramento, na Universidade de Sorbonne, em 1975, “Mythes révolutionnaires du tiers monde, guérrilas et socialismes”, há muitas referências sobre Cabral.
Nas suas obras, “Lutte armée en Afrique” (Maspero, 1967), em que descreve a sua visita às zonas libertadas na Guiné-Bissau no ano de 1966, acompanhando Amílcar Cabral; e “Les Bâtisseurs d’Histoire” (Arléa/Seuil, 1985), em que faz o perfil e o elogio fúnebre de Amílcar Cabral, ficam gravadas a sua grande admiração pelo pai das independências da Guiné-Bissau e de Cabo Verde.
No passado mês de novembro, sob a curadoria científica da professora Maria Benedita Basto, a Rosa de Porcelana Editora organizou um colóquio na Universidade da Sorbonne, em Paris, dedicado ao centenário do nascimento de Amílcar Cabral: "Libertação dos povos, da ressignificação e das realidades pós-coloniais”. Chaliand era um dos convidados e homenageados, mas não pode comparecer devido à saúde debilitada.
Em 2023 prefaciou o livro de Dulce Almada Duarte “Rotas da Cabo-verdianaidade” que traz o selo da Rosa de Porcelana Editora.
Lecionou na Escola Nacional da Administração e na Escola da Guerra, em França, tendo sido professor convidado em várias universidades internacionais, como Harvard, Berkeley e na UCLA, assim como na Cidade do Cabo, em Salamanca, Buenos Aires, Tbilissi, Erbil e Singapura.
Autor de mais de 50 livros e centenas de reportagens publicados em diversos meios de comunicação por todo o mundo, ele tinha uma admiração especial por três grandes figuras contemporâneas – Che Guevara, Amílcar Cabral e Nelson Mandela.
(Nota da autoria de Filinto Elísio)
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