D. Inácio Saúre desafia graduados a unir saber e integridade
Cremildo Alexandre – Nampula, Moçambique
A Universidade Católica de Moçambique (UCM) graduou, recentemente, 905 estudantes, entre licenciados, mestres e doutores, na sua XXI cerimónia, em Nampula. O momento foi marcado por fortes apelos à ética, à responsabilidade social e à aplicação prática do saber em prol do desenvolvimento nacional.
Na homilia da Missa de graduação, o Arcebispo Metropolitano de Nampula, Dom Inácio Saúre, denunciou a “crise generalizada de modelos de referência ética e moral” que afecta a sociedade moçambicana, apelando aos graduados para que sejam exemplo de integridade:
“Quem não é homem ou mulher de verdade não pode ser doutor. Primeiro é preciso ser pessoa íntegra, para depois ser profissional”, frisou.
O prelado desafiou os novos profissionais a colocarem o conhecimento adquirido ao serviço do bem comum, evitando o egoísmo e a mediocridade:
“Amar não é pensar apenas no próprio proveito. Cada vez que dizes que amas, mas pensas apenas em ti, não amas nada nem ninguém. És um perigoso egoísta.”
Dom Inácio sublinhou que fé e formação académica devem caminhar juntas, lembrando que “o saber é poder, mas só transforma quando está aliado à verdade, à humildade e ao serviço ao próximo”.
Por sua vez, o Secretário de Estado na Província de Nampula, Plácido Nerino Pereira, destacou a necessidade de rigor no cumprimento da legislação do ensino superior, e incentivou as instituições a investirem na acreditação de cursos e na contratação de mestres e doutores.
O governante saudou o facto de 611 dos graduados serem mulheres, considerando este dado “expressivo e encorajador” para a promoção da igualdade de género e para o papel crescente da mulher moçambicana no desenvolvimento do país.
Aos novos profissionais, deixou o desafio de aplicarem as suas competências para enfrentar problemas concretos, impulsionar sectores estratégicos e promover serviços de qualidade:
“Se não aplicarem as competências conquistadas, o tempo despendido será, de certa maneira, tempo desperdiçado para si e para a nação.”
Plácido Nerino Pereira concluiu destacando que o ensino superior deve ser “motor de inovação e investigação, criando soluções para que Moçambique possa competir num mercado globalizado”
O Vice-reitor, Nelson Armando, sublinhou que o diploma recebido é também um chamado à responsabilidade, e apelou aos novos profissionais para que sejam agentes de mudança, especialmente num contexto nacional marcado por desafios como o desemprego, desigualdade e instabilidade social.
Entre palavras de gratidão e compromisso, os graduados destacaram a importância de servir a comunidade, promover valores éticos e contribuir para o desenvolvimento económico e social do país.
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