RD Congo: Confissões religiosas determinadas a apoiar o processo de paz
Por Jean-Paul Kamba, SJ – Cidade do Vaticano
Para a CENCO, a Igreja de Cristo no Congo (ECC), a Plataforma das Confissões Religiosas no Congo e a Coligação Inter-religiosa para a Nação (CIN), este roteiro constitui o seu compromisso de apoiar o país num processo de pacto social do diálogo.
O roteiro que propõem inclui quatro etapas principais. Poderia falar-nos um pouco sobre elas?
O roteiro está dividido em quatro etapas. A primeira é chamada de "mês da paz". Esta é a etapa que antecede o diálogo propriamente dito. Durante esta etapa, investiremos espiritual e pastoralmente para passar de um clima de desconfiança para um clima favorável ao diálogo. Durante este período, abordaremos as comunidades mais hostis para as trazer à lógica da fraternidade. Este é também o momento em que organizaremos ações de advocacia para obter as melhores condições que promovam a confiança, particularmente através do alívio das tensões. Isso permitir-nos-á alcançar a inclusão. É importante enfatizar isto porque estamos comprometidos com o diálogo inclusivo.
A segunda etapa consiste num diálogo entre especialistas, que precederá o diálogo político. Nesta fase, procuraremos o apoio de académicos congoleses em diversas áreas, particularmente relacionadas com a boa governação económica, de segurança e comunitária. O trabalho dos peritos deverá ser realizado a montante e apresentado como um roteiro aos políticos, que se devem comprometer a transformá-lo em acção.
A terceira etapa consistirá num diálogo político com o objectivo de alcançar um consenso denominado "Pacto Social", que todos devem trabalhar para proteger. A quarta etapa consiste numa conferência internacional cujo objetivo será resolver questões que não foram resolvidas em Washington e Doha.
Já houve muitas outras iniciativas de busca da paz na República Democrática do Congo. O que torna a vossa abordagem única?
A especificidade desta iniciativa, ao contrário das anteriores, reside no facto de ser um trabalho da sociedade civil que procura aproximar os políticos. Por isso, é necessário realçar que, aqui, não se trata de promover agendas políticas que, para nós, não são prioridades. É, sobretudo, o contributo dos especialistas, que será a mais-valia e fará a diferença, na medida em que o político não procurará vergar-se às paixões dos interesses egoístas, mas antes à luz de reflexões apolíticas feitas com total serenidade.
Que desafios esperam enfrentar na implementação desta abordagem?
O principal desafio é a vontade política. Ou seja, a sinceridade de cada um em olhar na mesma direção, enfatizando o que nos une em vez do que nos separa.
Sente-se um forte desejo de buscar a paz no vosso país. Como está a situação no terreno, em particular no leste do país?
Eu estou ainda preocupado com o facto de, embora queiramos avançar para o diálogo, a situação no terreno continuar tensa. Infelizmente, os combates recomeçaram e estamos muito preocupados. Esperamos que o homem político congolês aja de boa-fé para garantir que esta iniciativa proposta pelas confissões religiosas seja lançada o mais rapidamente possível para conter os impulsos beligerantes.
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