Angola. Bispos: "falta de comida e fome de ܲپç estão a esvaziar a dignidade dos angolanos"
Anastácio Sasembele - Angola
Em Angola a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo (22/06) foi marcada por apelos dos Bispos da CEAST sobre a necessidade urgente de se resolver os principais problemas por que passam muitas famílias angolanas, que continuam a enfrentar uma combinação letal de empobrecimento extremo, desnutrição, défice institucional, desestruturação social e fragilização dos vínculos familiares.
Para os Bispos a degradação social tende a agravar-se, perpetuando ciclos de pobreza e vulnerabilidade e sem respostas integradas que combinem apoio financeiro directo, reforço do acesso a serviços essenciais e revitalização do tecido comunitário.
Na Diocese de Caxito, Dom Maurício Camuto criticou os constantes relatos de desvios da “coisa pública”, facto que segundo o Prelado, tem empobrecido ainda mais os angolanos.
No país, em cada dez crianças com menos de 5 anos sofrem de desnutrição crónica, uma das taxas mais elevadas globalmente, segundo o Programa Alimentar Mundial.
Para o arcebispo do Huambo, Dom Zeferino Zeca Martins, a falta de comida e a fome de justiça, são dois factos que esvaziam a dignidade dos angolanos.
Desde 2024, estima-se que 4.000 crianças vivam nas ruas, sinalizando uma falha no cuidado familiar e uma sociedade incapaz de proteger os seus membros mais vulneráveis.
Na solenidade do corpo e sangue de Cristo a exortação do Bispo de Cabinda, Dom Belmiro Chissengueti, girou em torno da educação. Para o pastor do rebanho da diocese mais ao norte de Angola, não faz sentido, que em 50 anos de independência hajam aldeias no onde existam pessoas que não saibam ler.
Para contrapor estas e outras dificuldades o Governo Angolano anunciou a expansão do programa Kwenda (transferência monetária), que visa combater a pobreza extrema e apoiar as famílias mais vulneráveis em todo o território nacional. O programa foi inicialmente lançado em 2021 como uma forma de transferências sociais directas para aliviar a miséria, mas com o agravamento das condições económicas e a crise social, o Governo decidiu alargar a sua cobertura.
O Governo anunciou que o programa, que inicialmente beneficiava cerca de 1 milhão de famílias, agora alcançará 2,5 milhões de famílias até 2026.
O foco está nas regiões mais empobrecidas, especialmente nas áreas rurais e em províncias como Cuando, Cubango, Moxico e Cunene, onde a pobreza é mais severa.
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