Angola - Arcebispo de Saurimo apela à criminalização de curandeiros e adivinhos
Saurimo- Agenzia Fides
Durante uma visita pastoral às paróquias de Nossa Senhora de Fátima, em Muconda, e Santa Teresinha do Menino Jesus, em Dala, o prelado denunciou a crescente presença destas práticas, que descreveu como “destrutivas para as famílias, divisoras das comunidades e entrave ao desenvolvimento”.
“Encontrámos pessoas cuja honra e dignidade foram destruídas. Apelo às autoridades e aos juristas deste país para que criminalizem urgentemente os adivinhos na nossa terra”, afirmou Dom Imbamba em declarações aos jornalistas.
O Arcebispo, que também preside à Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), lamentou o enraizamento da superstição em vários sectores da sociedade, apelando a uma transformação cultural. “Devemos libertar-nos dos mitos e falsidades que nos fazem acreditar que a morte é sempre causada por alguém. A nossa sociedade deve tornar-se uma sociedade do conhecimento, da ciência e da razão”, declarou.
Criticando a crença em objetos místicos e rituais como fonte de poder, Dom Imbamba foi categórico: “Já não podemos cair na armadilha de pensar que uma boneca ou um objeto nos dá vida, riqueza ou fama. Essa mentalidade ultrapassada tem de ser combatida”.
O Arcebispo manifestou ainda preocupação com o envolvimento de pessoas instruídas nestas práticas: “Esses chamados doutores e licenciados que ainda se agarram a estas superstições não estão verdadeiramente libertos da escuridão da ignorância. Permanecem culturalmente escravizados”.
Recordando um caso ocorrido na província do Moxico, Dom Imbamba denunciou a atuação de um desses indivíduos que, no ano passado, andava de casa em casa a exigir dinheiro, alegando estar à procura de feitiçaria. “São muitas vezes cúmplices que colocam objetos suspeitos nas casas das pessoas para validar acusações falsas”, contou.
“É inaceitável que as autoridades assistam impassíveis a este tipo de atuação, que perturba cidadãos pacíficos e viola a propriedade privada em nome do fetichismo. Isto tem de acabar”, sublinhou.
Dom Imbamba, à frente da Arquidiocese de Saurimo desde 2011, defendeu uma reforma das práticas culturais que favorecem este tipo de comportamentos: “Este problema é muitas vezes tratado como parte do direito consuetudinário, mas temos de reformar os costumes. A cultura deve libertar, não oprimir”.
E concluiu com um apelo direto ao Estado: “As autoridades têm de se sentar e dizer: os nossos juristas devem criminalizar isto. Porque as violações que estão a ser cometidas são indescritíveis”.
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