“A corrupção é fruto de um casamento entre estupidez e desonestidade”: Dom Inácio Saúre
Cremildo Alexandre – Nampula, Moçambique
Na noite de sábado 28 de Junho, após a peregrinação, procissão e via-sacra realizadas no Santuário do Sagrado Coração de Jesus, em Rapale, Arquidiocese de Nampula, o Arcebispo Dom Inácio Saúre presidiu a missa em acção de graças pelo jubileu dos 50 anos da independência de Moçambique.
Na sua homilia, Dom Inácio fez um apelo profundo à conversão pessoal e colectiva dos moçambicanos, evocando a passagem bíblica de São Paulo aos Efésios que convida a “revestir-vos do homem novo, criado segundo Deus na justiça e na santidade da verdade” (Efésios 4, 24). O prelado destacou que esta renovação é imprescindível para um país marcado por desafios como a corrupção, a desigualdade social e a intolerância política.
Recordando o significado da solenidade do Sagrado Coração de Jesus, o Arcebispo lembrou que Cristo é “o rosto visível do amor do Pai”, fonte divina de todos os dons e inspiração para uma vida guiada pela justiça, santidade e amor. “Deus eterno e onipotente, que governa o universo com admirável providência, ouça as preces pelo nosso país, Moçambique, para que a sabedoria dos governantes e a honestidade dos cidadãos fortaleçam a justiça e a concórdia, estabelecendo o verdadeiro progresso e a paz”, rezou o Arcebispo.
Dom Inácio desafiou governantes e cidadãos a romperem com a escravidão da corrupção, que chamou “um casamento incestuoso entre a estupidez e a desonestidade”. Sublinhou a importância de uma liderança sábia, justa e humilde, assim como a responsabilidade dos cidadãos em viver com honestidade, recusando a desonestidade que paralisa o desenvolvimento nacional.
O Arcebispo reforçou a necessidade urgente de superar as assimetrias sociais que persistem em Moçambique, lembrando o sofrimento dos mais pobres e a exigência de uma distribuição justa da riqueza, para que “nenhum moçambicano deseje a morte do seu irmão, mas que se encontrem, se reconciliem e continuem a viver em paz”.
A homilia foi uma chamada vibrante à unidade nacional, à reconciliação e à edificação de um Moçambique renovado no espírito do “homem novo”, inspirado na justiça, na santidade e no amor de Cristo. Um apelo a todos para que se convertam e construam uma nação forte, plural e pacífica, em comunhão com Deus e entre si.
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