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Família em fuga do campo de deslocados de Bulengo, perto de Goma, na RDC Família em fuga do campo de deslocados de Bulengo, perto de Goma, na RDC  (AFP or licensors)

A COMECE exorta a União Europeia a apoiar a República Democrática do Congo

Enquanto a parte oriental da República Democrática do Congo (RDC) continua a ser dilacerada pela guerra, o Presidente da Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia (COMECE), Dom Mariano Crociata, lamenta a crise humanitária e de segurança e apela à Europa para que apoie as autoridades congolesas, sustentando os pedidos de sanções contra as milícias armadas, entre as quais o movimento M23.

Olivier Bonnel – Cidade do Vaticano

Numa altura em que a guerra no Leste da República do Congo, particularmente no Kivu Norte, continua a derramar sangue, a COMECE apela ao envolvimento da União Europeia para ajudar a pôr fim ao conflito. Num comunicado de imprensa publicado nesta quarta-feira, 12 de fevereiro, o Presidente da Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia, Dom Mariano Crociata, recorda a recente visita do Bispo de Goma, Dom Willy Ngumbi Ngengele, à sede da Comissão em Bruxelas. Com base neste relato, Dom Crociata “exorta a União Europeia e a comunidade internacional a tomarem medidas imediatas para garantir a cessação das hostilidades e o respeito absoluto pela dignidade humana e pelo direito internacionalâ€.

Recordando as condições humanitárias críticas e as atrocidades cometidas na cidade de Goma, que caiu nas mãos dos rebeldes do M23, o Presidente da COMECE fez eco das opiniões das instituições católicas no terreno, que “dão conta de condições desastrosas, com hospitais a transbordar e uma violência sexual desenfreadaâ€. A Comissão dos Episcopados Europeus congratula-se com a decisão de Bruxelas de afetar 60 milhões de euros de ajuda humanitária a esta crise, mas apela a um maior esforço.

Apoio ao diálogo proposto pelas Igrejas locais

Dom Mariano Crociata congratula-se com a iniciativa de diálogo nacional lançada em meados de janeiro pelas Igrejas Congolesas Católica e Protestante para trazer a paz à RDC e a região dos Grandes Lagos, bem como com os esforços de mediação pan-africanos. “Ao mesmo tempo que promove um processo de paz inclusivo com o envolvimento das Igrejas e da sociedade civil, a COMECE incentiva a UE a apoiar também os esforços de mediação internacionais e regionais, incluindo as medidas de estabilização recentemente acordadas na cimeira conjunta entre a Comunidade da África Oriental e a Comunidade de Desenvolvimento da África Australâ€, lê-se na declaração.

A COMECE denuncia igualmente o papel do M23 e das milícias estrangeiras no conflito. A UE e a comunidade internacional devem pressionar estes actores a deixarem de apoiar o M23, a negociarem de boa fé, a respeitarem a integridade territorial e a soberania da RDC e a porem termo à exploração dos seus recursos naturaisâ€.

Um apelo à responsabilidade da Europa

Para Dom Crociata, esta guerra, reconhecidamente longe das chancelarias europeias, é, no entanto, uma oportunidade para a Europa reafirmar os seus valores: “As considerações económicas não devem comprometer o compromisso da UE com os seus valores e princípios fundamentaisâ€, sublinha, apelando ao Parlamento Europeu, em particular, para que apoie os pedidos de sanções específicas contra os especuladores de guerra.

Por último, o Presidente da COMECE apelou a “uma maior transparência nas práticas mineiras que alimentam os conflitos, por parte dos europeus, incluindo a aplicação de quadros de diligência devida nas cadeias de abastecimento ligadas aos minerais congolesesâ€. Gostaria de confirmar aos Bispos da RDC as nossas orações contínuas pela população em sofrimento e por uma paz justa e duradoura, conclui Dom Mariano assegurando que a COMECE acompanhará de perto a situação no terreno e manter-se-á disponível para transmitir às instituições da UE as preocupações, perspectivas e iniciativas da Igreja local.

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13 fevereiro 2025, 11:29