Dom Jaime: vivemos um momento que requer senso de perten?a ¨¤ na??o
Silvonei José ¨C Vatican News
Recebamos nos estúdios da Rádio Vaticano, o presidente da Conferência Episcopal do Brasil (CNBB), o arcebispo de Porto Alegre, Dom Jaime Spengler, que também é presidente do CELAN.
Dom Jaime falou inicialmente sobre o motivo da presença em Roma. ¡°Estamos cumprindo uma agenda que diz respeito ao CELAN, Conselho Episcopal Latino-Americano, ou seja, uma visita protocolar a alguns dos dicastérios da Cúria Romana e também ao Santo Padre, onde trazemos um pouco daquilo que desenvolvemos no contexto do continente latino-americano em favor do CELAN, ou seja, em favor das 22 conferências que compõem o CELAN¡±.
Desses trabalhos ou dessa missão do CELAN, alguma coisa a ser pontualizada? ¡°O CELAN tem como missão ser uma referência às conferências episcopais do continente. Nós temos algumas conferências que possuem uma presença forte no território e são presença forte no território. Por exemplo, Brasil, México, Colômbia, Argentina, mas temos outras conferências que são menores. E o CELAN busca desenvolver um trabalho que venha ao encontro das necessidades das diversas conferências e, consequentemente, das igrejas locais¡±
Projetos? ¡°Nós hoje estivemos dialogando no dicastério do Clero e levaremos adiante também, junto ao dicastério, da educação e cultura, uma indicação para um trabalho, diria, com uma maior articulação em favor, sobretudo, do Clero e da vida consagrada, sem esquecer os leigos. O CELAN pode ser uma espécie de plataforma por meio da qual os dicastérios da Cúria também podem nos ajudar a promover a formação, como dizia, do clero, consagrados e leigos no continente¡±.
Dias atrás nós tivemos uma grata surpresa com uma pesquisa falando sobre a Igreja Católica, que é hoje o organismo de maior credibilidade dentro do Brasil. Como foi recebido por parte da nossa Igreja dados como esse? ¡°De certa forma, eu diria, com satisfação. Mas, por outro lado, também isso nos chama a uma responsabilidade ainda maior diante daquilo que é a missão da Igreja no território, ou seja, ser uma testemunha crível e exemplar do Evangelho¡±.
É claro, dentro dessa responsabilidade que nós estamos vivendo, nossa atualidade, num Brasil ainda com polarizações, como é que a Igreja se insere, então, com essa sua credibilidade? ¡°A Igreja tem como missão primeira testemunhar e anunciar o Evangelho. E isso jamais podemos perder de vista. Esse é o nosso foco. É verdade que cremos que também a instituição possui uma contribuição a dar a toda a sociedade. O momento que nós estamos vivendo é um momento, sim, delicado. Nesses dias estamos acompanhando o julgamento junto ao Supremo Tribunal de algumas pessoas. E nós estamos envolvidos naqueles tristes acontecimentos do 8 de janeiro. É um momento, sim, que trará, certamente, imaginamos, uma indicação para o futuro, não só da sociedade, eu diria como tal, mas pensando também na nação. É um momento novo na nossa história e que requer de todos os entes, da sociedade, responsabilidade e, ao mesmo tempo, eu diria, senso de pertença à nação. Nós temos, sim, muitos homens e mulheres que se dedicam à atividade política. Mas eu creio que o momento exige estadistas¡±.
Qual seria, então, o papel da Igreja dentro desse contexto? ¡°O papel da Igreja, como dizia, é certificar, testemunha crível e exemplar do Evangelho, buscando, sim, serenar ânimos e promover, talvez, um trabalho de reconciliação no seio da sociedade¡±.
Esse trabalho de reconciliação, mais do que urgente no Brasil atual? ¡°Ah, certamente, é premente esta indicação no momento que estamos vivendo. Precisamos, talvez, cultivar um pouco daquilo que foi a experiência das duas sessões do Sínodo em Roma em 2023 e 2024. A capacidade e a disposição de sentar-nos ao redor de uma mesa numa linguagem figurada, olhar-nos nos olhos, escutar-nos uns aos outros e buscar, talvez, pontos de consenso a fim de cooperar para que possamos viver de forma interna, integrada e integradora, no respeito pelas diferenças¡±.
Somos um pouco surdos, hoje, à opinião do outro? ¡°Nós vivemos numa sociedade marcada por muita informação, informações de todo tipo, mas nos falta, talvez, a capacidade de promover ou, se quisermos, de formar consciência¡±.
Eis a entrevista integral:
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