Roma, cidade da esperan?a: os lugares do Jubileu dos Jovens
Maria Milvia Morciano ¨C Vatican News
Um milhão de jovens de 146 países de todo o mundo acolhidos em Roma para celebrar o seu Jubileu. Três são os lugares fundamentais dos dias que se encerram em 3 de agosto. A Basílica de São Pedro é o primeiro: o início, a fonte, o ímã que atrai hoje, como no passado, multidões de peregrinos ao túmulo do Apóstolo. A segunda etapa é o Circo Máximo, uma grande esplanada no centro geométrico da cidade e no coração da Roma arqueológica, atualmente um lugar de encontro coletivo. Por fim, em Tor Vergata, no mesmo lugar da JMJ do Ano Santo de 2000, no limite urbano, na periferia sudeste, ao lado da Vela de Calatrava, uma estrutura que hoje, graças a esta ocasião, renasce e encontra sua redenção.
Lugares extremos entre centro e periferia. Não se trata simplesmente de uma escolha logística, mas da realização, em certo sentido, de um sonho espiritual: a conexão entre as duas faces opostas e mais distantes do tecido urbanístico, como uma ponte ideal lançada entre duas margens que não se conhecem, mas que se colocam em diálogo. Passado e presente, perto e longe, unem-se com a mesma linguagem, a da fé e da esperança, encarnadas pelo entusiasmo dos jovens participantes.
O Papa Francisco sempre se dedicou a criar uma conexão entre o centro e as zonas mais extremas da cidade, e com este objetivo reorganizou a administração eclesiástica da Urbe: não ¡°um centro isolado e uma periferia dividida em compartimentos separados, mas, em uma visão dinâmica que não prevê muros, mas pontes, a diocese de Roma será concebida como um único centro que se expande através dos quatro pontos cardeais¡±, escreveu no Motu Proprio de 1° de outubro de 2024. O Papa Leão XIV, com a sua história pessoal de missionário e a sua atenção aos marginalizados, em junho passado ordenou os seus primeiros 11 sacerdotes, enviando-os para as periferias romanas. Além disso, Robert Francis Prevost conhece esta zona da cidade, pois no ano passado ele esteve em Tor Bella Monaca para celebrar o quadragésimo aniversário da paróquia local, que é administrada pelos agostinianos e dedicada a Santa Rita de Cássia.
Um lugar criado para a coletividade
Nestes meses jubilares, a imagem da Basílica de São Pedro encheu os olhos de todos, tanto dos peregrinos que chegaram a Roma quanto daqueles que veem fotos e vídeos nas redes sociais ou na televisão. O Circo Máximo também é muito conhecido, uma enorme esplanada capaz de acolher grandes eventos coletivos, como shows ou manifestações ao ar livre. Mas qual é a sua história e a sua função original? O Circo Máximo, é uma arena que se estende no vale Múrcia, entre o Palatino e o Aventino, e mede 600 metros de comprimento e 140 metros de largura. As fontes citam esta área, ligando-a às origens de Roma. "Foi justamente no vale, durante a celebração dos jogos promovidos por Rômulo em honra do deus Consus, com corridas de burros, cavalos ou mulas, que ocorreu o rapto das Sabinas, um evento que marcou o início da cidade e de seu povoamento. O vale Múrcia foi inicialmente adaptado para sediar as corridas de bigas durante a época dos reis Tarquínios, mas foi Caio Júlio César quem construiu as primeiras arquibancadas em alvenaria e deu a forma definitiva à construção, a partir de 46 a.C. O monumento foi restaurado após um incêndio e, provavelmente, completado por Augusto, que adicionou um obelisco da época de Ramsés II trazido do Egito, o obelisco flamínio, que no século XVI foi movido pelo papa Sisto V para a Piazza del Popolo. Um segundo obelisco foi trazido para Roma por ordem do imperador Constâncio II e erguido no centro em 357 d.C., e atualmente se encontra ao lado da basílica de São João de Latrão¡±.
As corridas de bigas estavam entre as atividades mais populares da Roma Antiga, com doze quadrigas que completavam sete voltas em torno da parte central entre as duas "metas". O estádio podia acomodar entre 260 e 300 mil espectadores, tornando-se a maior construção dedicada a espetáculos de todos os tempos. A parte central era ricamente decorada com estátuas, capelas e pequenos templos, e nela se encontravam sete ovos e sete golfinhos de onde jorrava água, que eram usados para contar as voltas da corrida. Os cárceres, que eram os boxes de partida das bigas, possuíam um mecanismo que permitia a abertura simultânea.
A fachada externa era dividida em três ordens, sendo a inferior com arcadas. A cavea apoiava-se em estruturas de alvenaria, que abrigavam as passagens e escadas para chegar aos diferentes setores das arquibancadas. Após ser devastado por incêndios e restaurado várias vezes, a arena de espetáculos permaneceu em funcionamento até as últimas corridas organizadas por Tótila em 549. Ao longo dos séculos, sofreu diversas transformações e usos, incluindo a construção de um cemitério israelita e de um gasômetro no século XIX. Os trabalhos de liberação e de restauro da área foram realizados entre 1911 e os anos 30. Hoje, o Circo Máximo é um lugar de grande importância histórica e cultural.
Concreto armado e aço para uma estrutura aérea
Uma vela inflada pelo vento, uma barbatana de tubarão: a obra do arquiteto espanhol Santiago Calatrava, monumento símbolo do momento culminante do Jubileu dos Jovens 2025, pode ser vista mesmo de longe na planície campestre percorrida por autoestradas.
A Vela foi projetada como parte do complexo da Cidade do Esporte, cuja construção começou em 2006. Uma história de construção complexa, que não foi concluída e que teve várias interrupções e novas mudanças de uso, até a sua recuperação em 2025, em vista do Jubileu da Esperança. Vista de cima, em planta, também se assemelha a uma grande concha aberta, dando vida à sugestão de uma arquitetura acolhedora e simbólica.
O concreto armado, material preferido por Calatrava, confere plasticidade e dinamismo, aproveitando ao máximo as características mecânicas do material de construção. As coberturas do ginásio e da piscina de polo aquático são caracterizadas pelas mesmas dimensões e formas, espelhando-se em relação ao eixo longitudinal que divide idealmente as duas arenas e em relação ao eixo transversal que passa pelos arcos da espinha.
As superfícies de cobertura foram realizadas com o uso de estruturas reticulares espaciais em perfis de aço, fechadas por painéis de vidro. O resultado é uma rede que parece mover-se se olhada de diferentes pontos de vista, como se fosse um organismo vivo, em transformação. Uma trama aérea de metal que absorve e reflete as luzes do dia, aflorando levemente no horizonte para mergulhar nas nuvens do céu. Nesta obra, tão imponente quanto delicada, a arquitetura e a engenharia se entrelaçam e se completam, assim como se integram e transmutam entre formas naturais e tecnologias avançadas.
Retorno a Tor Vergata
A vasta porção da periferia de Tor Vergata, percorrida por prados, rotatórias e estradas que correm em direção ao fundo azul dos Castelos Romanos, já foi protagonista de um evento que os jovens de ontem recordam hoje com uma intensidade indelével. Foram os dias de 15 a 19 de agosto de 2000. O Papa São João Paulo II encontrou-se aqui com dois milhões de jovens por ocasião da XV Jornada Mundial da Juventude, durante o ano jubilar dedicado ao bimilenário do nascimento de Cristo. Uma vasta área fervilhando de rostos, vozes e cores cobria a planície de Tor Vergata e parecia não ter fim. Uma vasta área cheia de rostos, vozes e cores cobria a planície de Tor Vergata e parecia não ter fim. Voltar a este lugar, 25 anos depois, à luz dos nossos tempos, reveste-se, portanto, de um significado particular. Serve para dar fôlego à esperança e também para nos questionarmos e refletirmos sobre as palavras que o santo Papa polonês pronunciou na época durante a Vigília de oração:
"...é difícil crer em um mundo assim? No ano 2000, é difícil crer? Sim! É difícil. Não é o caso de escondê-lo. É difícil, mas com a ajuda da graça é possível¡±.
Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp