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O secret¨¢rio-geral do S¨ªnodo, cardeal Mario Grech, na assembleia da USG em Sacrofano. O secret¨¢rio-geral do S¨ªnodo, cardeal Mario Grech, na assembleia da USG em Sacrofano. 

Grech: a vida consagrada, motor de esperan?a numa Igreja sinodal

O secret¨¢rio-geral do S¨ªnodo, na assembleia da USG em Sacrofano, indicou como diretrizes para o futuro dos consagrados a valoriza??o das Igrejas locais, o impulso mission¨¢rio e a luta contra o flagelo dos abusos. Sobre este ponto, o cardeal sublinhou que somente modelos de lideran?a capazes de compartilhar responsabilidades e transpar¨ºncia poder?o erradicar ¡°as tend¨ºncias, mesmo sutis, ao abuso¡± que muitas vezes encontraram terreno f¨¦rtil nos institutos religiosos.

Salvatore Cernuzio ¨C Vatican News

A centralidade da Igreja local, para fazer emergir a imagem de uma Igreja não como ¡°monolito¡± imposto de cima, mas como ¡°Povo de Deus que se encarna nos inúmeros povos da terra¡±. Depois, o exercício da autoridade na vida consagrada, com todas as distorções que levam a abusos, não só sexuais, mas também de poder e de consciência, a combater com uma mudança de mentalidade (¡°mentalidade machista¡± no caso da vida consagrada feminina), de estilo, de cultura eclesial. Por fim, o primado da missão, para realizar o ¡°sonho¡± do Papa Francisco, compartilhado pelo Papa Leão, de uma Igreja perpetuamente ¡°em saída¡±, que modifique e renove costumes, horários, linguagem, estruturas, de modo a se tornar ¡°canal adequado para a evangelização do mundo atual¡±. É uma intervenção de amplo alcance, articulada a partir de três diretrizes fundamentais para o presente e o futuro da vida consagrada no contexto do caminho sinodal, a que foi pronunciada nesta sexta-feira (23/05) pelo cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, na Assembleia da USG (União dos Superiores Gerais). O evento, que teve início em Sacrofano no dia 21 de maio passado, com o tema ¡°Testemunhas de esperança¡±, foi encerrado com a intervenção do cardeal, que celebrou em seguida uma missa com todos os participantes.

Avante no caminho da sinodalidade

Em primeiro lugar, Grech recordou em seu discurso o momento histórico que a Igreja universal está vivendo com o início do ministério petrino de Leão XIV. Um Pontífice que, desde sua primeira saudação no Balcão da Basílica de São Pedro, ¡°declarou sua vontade de se colocar na esteira da renovação promovida pelo Concílio Vaticano II¡± e encorajou a ¡°avançar no caminho da sinodalidade¡±. Um processo que, longe de estar concluído, continua na etapa da ¡°recepção¡±. A ¡°mais importante¡±, disse Grech, ¡°porque não basta conduzir reflexões, redigir documentos, aprová-los por ampla maioria¡±, mas é necessária uma ¡°apropriação viva¡± do ensinamento da Igreja por parte do Povo de Deus. É nesta ótica que a vida consagrada, com as suas múltiplas ramificações em todas as partes do mundo, assume um papel central. A vida consagrada é ¡°motor de esperança numa Igreja sinodal¡±, sublinhou o cardeal, e é ¡°profecia¡± nas Igrejas locais que todo o processo sinodal procurou valorizar. Isso porque ¡°a Igreja de Jesus Cristo não é uma realidade que se impõe sobre os povos da terra, impondo-se de cima como um monolito estranho às suas culturas. A Igreja é, antes, o Povo de Deus que se encarna nos inúmeros povos da terra, assumindo um rosto específico e uma voz inconfundível em cada lugar onde chega o cristianismo¡±, observou o secretário-geral do Sínodo.

Igrejas locais e consagrados, um caminho juntos

Na primeira fase do itinerário sinodal, foi pedido aos consagrados e consagradas que caminhassem juntos com as Igrejas locais onde vivem e exercem o ministério. Um ¡°enriquecimento recíproco¡±, disse Grech, porque as dioceses e as paróquias puderam se beneficiar das tradições e dos estilos sinodais consolidados dos institutos religiosos, enquanto estes últimos experimentaram que ¡°o verdadeiro ¡®caminhar juntos¡¯ é sempre um caminhar com toda a Igreja¡±. Nesta linha, o cardeal recordou as práticas de vida sinodal e de discernimento comunitário dos institutos religiosos, como ¡°autênticos laboratórios de sinodalidade¡±: os modos de decisão, as votações e eleições, a busca do consenso, a tensão para a unanimidade. Todas ¡°riquezas formidáveis¡± da vida consagrada que ¡°podem e devem tornar-se estilo também das nossas Igrejas locais¡±, afirmou o cardeal.

Os abusos, uma chaga que atinge muitas instituições religiosas

Focus, em seguida, em sua intervenção sobre o delicado nó da autoridade na Igreja, com o Sínodo que trouxe à tona ¡°vozes francas em torno de uma compreensão e um exercício distorcidos da autoridade eclesial, também no âmbito da vida consagrada¡±. O processo sinodal ¡°nos ajudou a compreender que os abusos na Igreja não dizem respeito apenas à esfera sexual, uma vez que esta última é, na realidade, o resultado extremo e dramático de muitas outras formas de violação da consciência e da liberdade pessoal¡±.

O abuso sexual é, de fato, um drama que afeta muitas instituições religiosas, observou o cardeal. E, em particular, no caso da vida consagrada feminina, disse ele, ¡°os abusos são, ao mesmo tempo, a manifestação patológica de uma mentalidade machista que, apesar dos progressos realizados no último século em matéria de emancipação das mulheres, continua a afligir as nossas sociedades e também as nossas comunidades eclesiais¡±. Sobre o tema, Grech recordou o Documento Final da segunda sessão da XVI Assembleia Ordinária, segundo o qual ¡°a luta contra o flagelo dos abusos não pode ser conduzida apenas com os instrumentos, por mais necessários que sejam, da repressão e da sanção. É necessária uma mudança de mentalidade, de estilo, de cultura eclesial, que envolva, em primeiro lugar, a nossa maneira de conceber e viver a autoridade, em todos os níveis da Igreja¡±. ¡°Somente modelos de liderança mais capazes de colaboração entre as partes, de compartilhamento de responsabilidades, de transparência e de prestação de contas ¨C ou seja, em uma palavra, de sinodalidade ¨C poderão erradicar profundamente essas tendências, mesmo sutis, ao abuso que justamente nos institutos religiosos encontraram frequentemente um terreno fértil¡±, comentou o cardeal.

Um Sínodo ¡°fora das salas¡±

Então, uma última reflexão sobre a dimensão missionária da conversão sinodal da Igreja. Daí o impulso ao Sínodo para ¡°sair das salas¡±, ¡°aproximar-se da humanidade e do mundo¡±, ¡°delinear o rosto de uma Igreja não introvertida, isto é, fechada em seus mecanismos internos, mas extrovertida, isto é, mais bem equipada para a obra fundamental da evangelização neste momento da história¡±. Nesse horizonte, não poderia faltar uma referência à Evangelii Gaudium do Papa Francisco, documento programático em que o Pontífice argentino cristalizou o ¡°sonho¡± de uma profunda renovação das instituições eclesiais para que ¡°todas se tornem mais missionárias¡±, para que a pastoral ordinária seja ¡°mais expansiva e aberta¡±, para que os agentes pastorais estejam ¡°em constante atitude de ¡®saída¡¯¡±. Este ¡°sonho¡± de Francisco ¡°tornou-se também o ¡®sonho¡¯ do Sínodo¡±, afirmou Grech, e hoje interpela de modo particular as instituições religiosas que, desde sempre, graças à dedicação, coragem e generosidade dos seus missionários, muitos deles chamados também ao martírio, levaram o Evangelho até aos confins da terra. O chamado hoje para todos os missionários é, portanto, ser ¡°postos avançados da renovação missionária de toda a Igreja¡±: suas comunidades, concluiu Grech, ¡°podem contribuir para tornar o cristianismo contemporâneo mais capaz de colocar o Evangelho em diálogo com todas as culturas, de alcançar com a Palavra todas as periferias, de suscitar participação e protagonismo onde pessoas e povos ainda são forçados à marginalização e à opressão, de construir pontes de paz onde ainda triunfam as razões do conflito¡±.

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24 maio 2025, 13:02