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2025.02.20 Pellegrinaggio Turchia - Nicea

O Credo Niceno, a carteira de identidade do crist?o

Publicado pela Comiss?o Teol¨®gica Internacional, o documento ¡°Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador - 1700? ²¹²Ô¾±±¹±ð°ù²õ¨¢°ù¾±´Ç do Conc¨ªlio Ecum¨ºnico de Niceia (325-2025) dedicado ¨¤ assembleia que entrou para a hist¨®ria pelo S¨ªmbolo que proclama a ´Ú¨¦ na salva??o em Jesus Cristo e no Deus Uno, Pai, Filho e Esp¨ªrito Santo. Quatro cap¨ªtulos sob o sinal da promo??o da unidade dos crist?os e da Sinodalidade na Igreja
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Vatican News

No próximo dia 20 de maio, o mundo cristão faz memória dos 1700 anos da abertura do primeiro Concílio ecumênico, celebrado em Niceia em 325, que entrou para a história principalmente pelo Símbolo que reúne, define e proclama a fé na salvação em Jesus Cristo e no Deus Uno, Pai, Filho e Espírito Santo. Mais tarde completado pelo Concílio de Constantinopla em 381, o Credo Niceno tornou-se, na prática, a carteira de identidade da fé professada pela Igreja. Por esse motivo, a Comissão Teológica Internacional (CTI) decidiu dedicar um documento de quase setenta páginas ao Concílio convocado pelo imperador Constantino na Ásia Menor, com o duplo objetivo de recordar seu significado fundamental e destacar os extraordinários recursos do Credo, relançando-os na perspectiva da nova etapa de evangelização que a Igreja é chamada a viver na atual mudança de época. Também porque o aniversário ocorre durante o Jubileu da Esperança e coincide com a data da Páscoa para todos os cristãos, no Oriente e no Ocidente.

Por essas razões, Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador - 1700º aniversário do Concílio Ecumênico de Niceia (325-2025), este é o título do documento divulgado esta quinta-feira, 3 de abril, não é um simples texto de teologia acadêmica, mas se propõe como uma síntese que pode acompanhar o aprofundamento da fé e seu testemunho na vida da comunidade cristã. Afinal, em Niceia, pela primeira vez, a unidade e a missão da Igreja foram expressas em nível universal (daí, sua qualificação de ¡°ecumênico¡±) na forma sinodal daquele caminhar que lhe é própria, constituindo-se assim também um ponto de referência e de inspiração no processo sinodal em que a Igreja católica é imersa hoje.

Duas teólogas também trabalharam no documento

Composto por 124 pontos, o documento é o resultado da decisão da CTI de aprofundar durante seu décimo quinquênio um estudo sobre a atualidade dogmática de Niceia. O trabalho foi conduzido por uma Subcomissão presidida pelo padre francês Philippe Vallin e composta pelos bispos Antonio Luiz Catelan Ferreira e Etienne Vetö, pelos padres Mario Angel Flores Ramos, Gaby Alfred Hachem e Karl-Heinz Menke, e pelas professoras Marianne Schlosser e Robin Darling Young. O texto foi votado e aprovado em sua forma específica por unanimidade em 2024 e, em seguida, submetido à aprovação do cardeal presidente Víctor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, no qual a Comissão foi instituída. Depois de receber a aprovação do Papa Francisco, em 16 de dezembro passado o purpurado argentino autorizou sua publicação.

Os quatro capítulos em que se desenvolve a reflexão das teólogas e dos teólogos são precedidos por uma introdução intitulada ¡°Doxologia, teologia e anúncio¡± e seguidos pela conclusão.

Uma leitura doxológica do Símbolo

O primeiro capítulo ¡°Um Símbolo para a salvação: doxologia e teologia do dogma de Niceia¡± (n. 7-47) é o mais amplo. Ele oferece ¡°uma leitura doxológica do Símbolo, para destacar seus recursos soteriológicos e, portanto, cristológicos, trinitários e antropológicos¡±, com a intenção de dar ¡°novo ímpeto ao caminho rumo à unidade dos cristãos¡±. Ao destacar o alcance ecumênico da fé de Niceia, o texto expressa a esperança de uma data comum para a celebração da Páscoa, que o próprio Papa Bergoglio pediu repetidamente. De fato, o n. 43 evidencia como este 2025 representa para todos os cristãos ¡°uma oportunidade inestimável para sublinhar que o que temos em comum é muito mais forte do que o que nos divide: todos juntos, acreditamos no Deus trino, em Cristo verdadeiro homem e verdadeiro Deus, na salvação em Jesus Cristo, de acordo com as Escrituras lidas na Igreja e sob a moção do Espírito Santo. Juntos, acreditamos na Igreja, no batismo, na ressurreição dos mortos e na vida eterna¡±. Consequentemente, adverte a CTI no nº 45, ¡°a divergência dos cristãos em relação à festa mais importante de seu calendário cria desconforto pastoral nas comunidades, a ponto de dividir as famílias, e causa escândalo entre os não cristãos, prejudicando assim o testemunho dado ao Evangelho¡±.

¡°Acreditamos como batizamos; e rezamos como acreditamos¡±

Mas acolher a riqueza de Niceia depois de dezessete séculos leva também a perceber como aquele Concílio alimenta e orienta a existência cristã cotidiana: por isso, o segundo capítulo ¡°O Símbolo de Niceia na vida dos crentes¡± (n. 48-69), de teor patrístico, explora como a liturgia e a oração foram fecundadas na Igreja desde aquele evento, que constitui um avanço na história do cristianismo. ¡°Acreditamos como batizamos; e rezamos como acreditamos¡±, recorda o documento, exortando-nos a beber hoje e sempre dessa ¡°fonte de água viva¡±, cujo rico conteúdo dogmático foi decisivo para estabelecer a doutrina cristã. E, nesse sentido, o documento se aprofunda na recepção do Credo na prática litúrgica e sacramental, na catequese e na pregação, na oração e nos hinos do século IV.

Evento teológico e eclesial

O terceiro capítulo, ¡°Niceia como evento teológico e como evento eclesial¡± (n. 70-102), aprofunda como o Símbolo e o Concílio ¡°testemunham o mesmo evento de Jesus Cristo, cuja irrupção na história oferece um acesso inaudito a Deus e introduz uma transformação do pensamento humano¡± e como eles também representam uma novidade na forma como a Igreja se estrutura e cumpre sua missão. ¡°Convocado pelo imperador para resolver uma disputa local que se tinha estendido a todas as Igrejas do Império Romano do Oriente e a muitas Igrejas do Ocidente - explica o documento -, reuniu bispos de várias regiões do Oriente e legados do bispo de Roma. Pela primeira vez, portanto, os bispos de toda a Oikouménè foram reunidos em sínodo. Sua profissão de fé e suas decisões canônicas foram promulgadas como normativas para toda a Igreja. A comunhão e a unidade sem precedentes que o evento Jesus Cristo introduziu na Igreja tornam-se visíveis e eficazes de um modo novo, através de uma estrutura de alcance universal. O anúncio do Evangelho de Cristo, em toda a sua imensidão, recebe, também ele, um instrumento de autoridade e alcance sem precedentes¡± (cf. n. 101).

Uma fé acessível também aos simples

Por fim, no quarto e último capítulo, ¡°Manter a fé acessível a todo o povo de Deus¡± (103-120), ¡°as condições de credibilidade da fé professada em Niceia são destacadas em uma etapa da teologia fundamental que lança luz sobre a natureza e a identidade da Igreja, na medida em que ela é a intérprete autêntica da verdade normativa da fé por meio do Magistério e a guardiã dos crentes, especialmente dos menores e mais vulneráveis¡±. De acordo com a CTI, a fé pregada por Jesus aos simples não é uma fé simplista e o cristianismo nunca se considerou uma forma de esoterismo reservada a uma elite de iniciados, pelo contrário, Niceia, embora devido à iniciativa de Constantino, representa ¡°um marco no longo caminho em direção à libertas Ecclesiae, que é em toda parte uma garantia de proteção da fé dos mais vulneráveis em face do poder político¡±. Em 325, o bem comum da Revelação foi realmente ¡°disponibilizado¡± a todos os fiéis, conforme confirmado pela doutrina católica da infalibilidade ¡°in credendo¡± do povo dos batizados. Embora os bispos tenham um papel específico na definição da fé, eles não podem assumi-lo sem estar na comunhão eclesial de todo o Santo Povo de Deus, tão caro ao Papa Francisco.

Atualidade perene do primeiro Concílio ecumênico

Eis então as conclusões do documento com ¡°um convite premente¡± para ¡°anunciar a todos Jesus nossa Salvação hoje¡± a partir da fé expressa em Niceia em uma multiplicidade de significados. Em primeiro lugar, a perene atualidade daquele Concílio e do Símbolo que dele brotou está em continuar a nos deixar ¡°maravilhar pela imensidão de Cristo, para que todos fiquem maravilhados¡± e ¡°reavivar o fogo do nosso amor por ele¡±, porque ¡°em Jesus homooúsios (consubstancial) ao Pai... O próprio Deus se ligou à humanidade para sempre¡±; em segundo lugar, significa não ignorar ¡°a realidade¡± ou afastar-se ¡°dos sofrimentos e das convulsões que atormentam o mundo e parecem comprometer toda esperança¡±, ouvindo também a cultura e as culturas; em terceiro lugar, significa estarmos ¡°particularmente atentos aos pequenos entre nossos irmãos e irmãs¡±, porque ¡°esses crucificados da história são o Cristo entre nós¡±, ou seja, ¡°aqueles que mais precisam da esperança e da graça¡±, mas, ao mesmo tempo, conhecendo os sofrimentos do Crucificado, eles são, por sua vez, ¡°os apóstolos, mestres e evangelizadores dos ricos e abastados¡±; e, por fim, significa anunciar ¡°como Igreja¡± ou melhor, ¡°com o testemunho da fraternidade¡±, mostrando ao mundo as maravilhas pelas quais ela ¡°una, santa, católica e apostólica¡± é o ¡°sacramento universal da salvação¡± e, ao mesmo tempo, difundindo o tesouro das Escrituras que o Símbolo interpreta, a riqueza da oração, da liturgia e dos sacramentos que derivam do batismo professado em Niceia e da luz do Magistério; sempre com o olhar fixo no Ressuscitado, que triunfa sobre a morte e o pecado, e não nos adversários, pois não há perdedores no Mistério Pascal, exceto o perdedor escatológico, Satanás, o divisor. Não é por acaso que, no dia 28 de novembro passado, ao receber em audiência os membros da CTI, o Pontífice, elogiando o trabalho deles, falou da utilidade de um documento destinado a ¡°ilustrar o significado atual da fé professada em Niceia... para alimentar a fé dos crentes e, partindo da figura de Jesus, oferecer também pistas e reflexões úteis para um novo paradigma cultural e social, inspirado precisamente na humanidade de Cristo¡±.

Um dia de estudo sobre Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador - o 1700º aniversário do Concílio Ecumênico de Niceia (325-2025), será realizado precisamente no dia 20 de maio, na Pontifícia Universidade Urbaniana, das 9h às 19h30, com a participação dos teólogos e das teólogas que contribuíram para a elaboração do documento e de outros especialistas na área.

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03 abril 2025, 12:00