Santa S¨¦ sobre d¨ªvida externa: a??o imediata e ¡°sob medida¡± para pa¨ªses pobres
Giada Aquilino e Valerio Palombaro - Vatican News
O lucro não é ¡°o único¡± critério para medir a economia: o ¡°principal¡± é a dignidade da pessoa humana. Isso foi destacado pelo arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário para as Relações com os Estados e as Organizações Internacionais, em discurso na terça-feira (25/02) em evento em Genebra dedicado ao tema Uma Questão de Justiça: a remissão da dívida no Ano Jubilar, organizado pela Missão de Observadores Permanentes da Santa Sé e pela Organização das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento.
Refletir sobre justiça e misericórdia
O atual ano do Jubileu exige ¡°parar e refletir¡± sobre a justiça e a misericórdia para ¡°dar esperança¡± a um mundo que enfrenta múltiplas crises, observou o arcebispo Gallagher: isso não significa, continuou ele, ¡°ser otimista e ingênuo¡±, mas sim aceitar o convite ¡°para superar as rivalidades políticas e trabalhar juntos para o bem comum¡±. Nesse espírito, o Papa Francisco pediu o cancelamento ou a redução substancial da dívida durante esse ano do Jubileu. A busca pela justiça da dívida é ¡°um imperativo moral e uma medida de nossa humanidade comum¡±, enfatizou o secretário para Relações com os Estados e as Organizações Internacionais.
Quase metade da população mundial sob pressão de dívidas
Por outro lado, o que fala por si só é a natureza dramática dos números, apresentados pelo prelado com base em fontes internacionalmente aclamadas: 3,3 bilhões de pessoas, quase metade da população mundial, vivem em países que gastam mais com o pagamento de dívidas do que com saúde ou educação. E durante a pandemia, que geralmente aumentou a pobreza, os estados africanos gastaram US$ 39 por pessoa em saúde, em comparação com US$ 70 em pagamentos de juros da dívida interna e externa. Portanto, parece ¡°necessário¡±, na construção de um mundo mais justo e compassivo, dar ¡°prioridade¡± àqueles que mais lutam sob o peso de estruturas de dívida injustas e que estão ainda mais ¡°sob pressão¡± atualmente.
Estratégia sob medida
A dívida pública nos países em desenvolvimento (US$ 29 trilhões até 2023) está crescendo a uma taxa duas vezes maior do que a dos chamados países mais desenvolvidos, com taxas de juros igualmente em alta e sustentabilidade cada vez pior. A realidade é ainda mais ¡°sombria¡± para os países em situações especiais, desde a vulnerabilidade aos choques econômicos globais até os efeitos devastadores das mudanças climáticas. Daí a necessidade, apontou o arcebispo Gallagher, de uma ¡°estratégia sob medida¡± em um panorama que não pode esquecer outra forma de dívida: a dívida ¡°ecológica¡± entre o Norte e o Sul.
Uma nova arquitetura financeira internacional
A ¡°gravidade¡± da situação atual exige, portanto, uma ¡°ação imediata¡± com o objetivo - observou o arcebispo, lembrando o papel da Santa Sé ao convidar os Estados, a comunidade internacional e os especialistas a estudar a questão ¡°com a devida diligência¡± e a encontrar soluções ¡°urgentes, eficazes e consensuais¡± - de uma ¡°ambiciosa redução e cancelamento da dívida¡±, por meio de ¡°uma nova arquitetura financeira internacional¡± centrada no ser humano e baseada na equidade, na justiça e na solidariedade.
A pena de morte hoje 'não tem justificativa'
¡°A pena de morte é inadmissível porque é um ataque à inviolabilidade e à dignidade da pessoa¡±. A posição da Santa Sé contra a pena capital foi reiterada nesta terça-feira (25/02) pelo secretário para as Relações com os Estados e as Organizações Internacionais, arcebispo Paul Richard Gallagher, em reunião do Conselho de Direitos Humanos em Genebra. Gallagher relançou então um apelo para a abolição universal da pena de morte, que ¡°não encontra justificativa hoje entre os instrumentos capazes de proteger os cidadãos e restaurar a justiça¡±, pois ¡°elimina toda esperança de perdão e reabilitação¡±. Lembrando o convite do Papa Francisco neste ano jubilar, o prelado enfatizou que este é um momento propício para perdoar dívidas e comutar as sentenças dos prisioneiros. ¡°Toda vida humana tem um valor intrínseco e uma dignidade inviolável¡±, concluiu.
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