Santa S¨¦ sobre armas aut?nomas: as m¨¢quinas n?o podem ter ¨²ltima a palavra sobre as pessoas
Vatican News
A guerra tem uma ¡°natureza fundamentalmente desumana¡± e ¡°o objetivo último, aquele que é digno da vocação do homem e da civilização humana, é a abolição da guerra¡±, afirma o observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas e outras organizações internacionais em Genebra, arcebispo Ettore Balestrero.
O núncio reiterou esta firme convicção da Santa Sé na segunda-feira, 4 de março, durante a troca geral de opiniões do Grupo de Peritos Governamentais (GGE) 2024 sobre Tecnologias Emergentes no setor de Sistemas de Armas Autônomas Letais (LAWS). O seu discurso se articulou a partir da .
Em particular, Balestrero reiterou a passagem em que o Pontífice afirma: ¡°A pesquisa sobre as tecnologias emergentes no setor dos chamados «sistemas de armas letais autónomas», incluindo a utilização bélica da inteligência artificial, é um grave motivo de preocupação ética. Visto que conflitos e divisões continuam a atingir a humanidade, não podem ser evitadas sérias interrogações éticas relacionadas ao setor dos armamentos.¡±
Uma máquina, por mais ¡°inteligente¡± que seja, continua sendo uma máquina
¡°A urgência desta questão está aumentando devido ao desenvolvimento e utilização generalizada de drones armados, incluindo drones kamikaze e em enxames¡±, o que levou a ¡°uma menos percepção da devastação por eles causada e da responsabilidade pela sua utilização, contribuindo para uma abordagem ainda mais fria e distanciada da imensa tragédia da guerra", observou o representante pontifício.
¡°Os sistemas de armas autônomos não podem ser considerados sujeitos moralmente responsáveis¡±, acrescentou. De fato, ¡°os seres humanos possuem uma capacidade única de juízo moral e de decisões éticas que não pode ser replicada por um conjunto complexo de algoritmos¡±; em vez disso, "uma máquina, embora sendo 'inteligente', continua a ser uma máquina".
O risco é real, alerta o arcebispo: ¡°Se operarem sem supervisão humana direta, tais sistemas podem cometer erros na identificação dos alvos pretendidos devido a preconceitos não identificados induzidos pelas suas capacidades de aprendizagem automática¡±. E faz um apelo a uma ¡°adequada, significativa e constante supervisão humana dos sistemas de armas dotados de funções de inteligência artificial¡±. Uma questão ¡°crucial¡±.
A dignidade da pessoa e uma cultura de paz
As máquinas, acrescentou o observador permanente, ¡°sendo objetos e não sujeitos, não podem realmente pensar, sentir, decidir ou ser considerados responsáveis pelas suas ações. Podem somente executar instruções e simular comportamentos humanos. Portanto, é incorreto dizer que as máquinas possam ¡®decidir¡¯ ou ¡®julgar¡¯.¡± Em suma, por outras palavras, ¡°apesar da sua complexidade, as máquinas não podem ter a última palavra sobre os seres humanos!¡±.
Para a Santa Sé, é portanto urgente que o Grupo de Peritos Governamentais trabalhe ¡°especificamente no campo das proibições e das regulamentações dos sistemas de armas com base no seu grau de autonomia¡±, mantendo firmemente no centro das deliberações ¡°a referência fundamental à dignidade da pessoa humana¡±. Neste contexto, uma últiam advertência: ¡°O desenvolvimento de armamentos cada vez mais sofisticados, mesmo com o objetivo de reduzir os danos colaterais, não é uma solução duradoura¡±, afirmou Balestrero, ¡°assim como qualquer forma de mal, a guerra tem origem no coração humano¡±.
Portanto, concluiu, ¡°a verdadeira solução está na conversão a uma cultura de paz que coloque os avanços tecnológicos ao serviço da humanidade, do desenvolvimento humano integral e do bem comum¡±.
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