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Os relatores da coletiva na Sala de Imprensa da Santa S¨¦ sobre a segunda fase do caminho sinodal Os relatores da coletiva na Sala de Imprensa da Santa S¨¦ sobre a segunda fase do caminho sinodal 

Segunda fase do S¨ªnodo em andamento: "Ningu¨¦m deve sofrer ou se sentir exclu¨ªdo na Igreja"

Os cardeais Grech e Hollerich, os subsecret¨¢rios Becquart e Mar¨ªn, padre Costa apresentaram nesta sexta-feira na Sala de Imprensa da Santa S¨¦ a fase continental do caminho sinodal iniciado pelo Papa em todo o mundo em outubro de 2021. Recolhidas as s¨ªnteses das dioceses dos cinco continentes. Tamb¨¦m envolveram o pa¨ªses em sofrimento como Ucr?nia, Nicar¨¢gua, ?frica Central. Agora se procede ¨¢ elabora??o de um documento.

Salvatore Cernuzio - Cidade do Vaticano

Não é e não será "um choque" para a Igreja, nem um instrumento para empurrar "agendas pessoais" ou "mudar a doutrina", tampouco é e será um Parlamento, "onde se vota e a maioria decide o que se faz", ou onde se trocam palavras vazias descoladas da realidade das pessoas. O caminho sinodal sobre a sinodalidade que agora se abre para sua segunda fase, a fase continental, e que resultará na assembleia celebrada no Vaticano em 2023, tem um único objetivo: fazer com que a Igreja do mundo caminhe unida, sem exclusões ou impedimentos, mas ouvindo a voz de todos, para que ¡°ninguém sofra por não se sentir acolhido e ouvido¡±.

Escuta

 

Precisamente a escuta é o terreno sobre o qual as dioceses dos cinco continentes trabalham há quase um ano desde o início deste itinerário, em outubro de 2021, que o Papa articulou - pela primeira vez na história deste instituto desejado por Paulo VI - em três fases e com envolvimento ¡°de baixo¡±. Ou seja, a partir do povo de Deus. Um cartaz mostrando a imagem do Papa com a mão no ouvido e a inscrição em inglês "Uma Igreja sinodal é uma Igreja que escuta" se destacou nesta sexta-feira na coletiva na Sala de Imprensa da Santa Sé, onde teve lugar a apresentação da segunda etapa do processo sinodal, na presença de um grande número de jornalistas.

"Uma Igreja viva"

 

O secretário geral do Sínodo, cardeal Mario Grech, o relator geral, cardeal Jean-Claude Hollerich, os subsecretários Ir. Nathalie Becquart e monsenhor Luis Marín de San Martín, e o consultor Pe. Giacomo Costa, anunciaram o trabalho presente e futuro e falaram sobre o material recolhido até agora na primeira fase consultiva, que contou com o envolvimento direto de leigos, fiéis e grupos.

Uma enorme quantidade de documentação a partir da qual se evidenciou o rosto de "uma Igreja viva, necessitada de autenticidade e cura", como sublinhou Grech, explicando que, não obstante as sínteses recebidas das dioceses do mundo ainda necessitem ser aprodundadas e nem sempre "o princípio da consulta tenha sido aplicado com o mesmo cuidado em todas as Igrejas", o primeiro fato que emergiu com clareza - e de modo algum dado como certo - é o de uma grande e entusiástica participação do povo de Deus.

"Foi impressionante descobrir o entusiasmo e a criatividade de todos esses grupos. Ficou claro desde as primeiras semanas que o Espírito estava trabalhando!¡±, afirmou Hollerich, também presidente da COMECE.

Um processo de ida e volta

 

"As pessoas nos disseram: é a primeira vez que a Igreja nos pergunta o que pensamos", observou padre Costa, recordando que a fase de consulta não terminou definitivamente, mas continua. ¡°O Sínodo não é a ocasião para fazer uma lista de todos os problemas da Igreja de forma genérica, procuramos entender como avançar todos juntos para anunciar o Evangelho. Não é um processo linear, mas de ida e volta¡­¡±.

Mesmo o documento que será elaborado no final da fase continental ¡°não será um resumo de cem ou mais documentos¡±, esclareceu Costa, mas sim uma ferramenta para ¡°trazer à tona os pontos prioritários¡±. O texto será então enviado a todas as dioceses e conferências episcopais. ¡°Não se quer voltar atrás e reiterar o que pretendíamos em um diálogo entre surdos, mas crescer juntos¡±.

Para monsenhor Marin o processo é "irreversível", certamente "com diferentes velocidades", mas "rico em nuances". ¡°Esclarecimentos são necessários - disse - mas não há como voltar atrás. Aos poucos está se consolidando para purificar, renovar e reformar a Igreja¡±.

Igrejas em países em sofrimento

 

Não só: o percurso sinodal - destacou a Irmã Becquart - viu um forte esforço de países com situações sócio-políticas difíceis. Para a religiosa foi emocionante e ao mesmo tempo dramático "ler as sínteses sinodais de países como Nicarágua, Ucrânia, Haiti, Mianmar, Líbano, República Centro-Africana para conhecer as histórias das iniciativas que realizaram para a consulta sinodal apesar de todos os obstáculos e para ouvir as vozes dos batizados nestes países provados¡±. ¡°Suas alegrias e suas dores, seus sonhos e suas visões da Igreja expressas com franqueza são uma experiência do Espírito em ação na vida das comunidades cristãs em todos os continentes¡±.

Também Grech afirma ter aprendido muito desse contato direto: ¡°Vi a Igreja que caminha com as pessoas que sofrem, com os pobres e os marginalizados. Uma Igreja que carrega, assume, os pesos e os desafios do homem¡±. Uma Igreja, em suma, "fraterna" porque, reiterou o cardeal maltês, "sinodalidade e fraternidade são duas faces da mesma moeda. Se somos irmãos, não podemos fingir que meu irmão ou irmã não está sofrendo. Devemos aprender a caminhar, nos ajudar e nos apoiar¡±.

Nenhum abalo

 

Na mesma linha, a resposta do cardeal Hollerich às perguntas - apresentadas na sala principalmente por jornalistas estadunidenses - sobre as possíveis mudanças e abalos que o Sínodo pode trazer à Igreja: "Nossa tarefa não é causar um choque na Igreja, mas ouvir o que diz o povo de Deus. E depois há um discernimento que não é só nosso, mas eclesial¡±.

Em tal discernimento, para o arcebispo de Luxemburgo, ¡°há muitos elementos, há o chamado para coisas novas, mas também a tradição da Igreja até agora. Uma matéria muito complexa que não pode ser reduzida a posições. O modelo do Sínodo é um modelo de consenso eclesial: ouvir o que o Espírito diz à Igreja e encontrar respostas. Não é um Parlamento onde se vota e a maioria decide o que se faz¡±.

Direita, esquerda, mas Cristo no centro

 

O relator geral convidou a "ser honestos uns com os outros": "Na Igreja há uma direita e uma esquerda, mas minha imagem é que estamos caminhando com Cristo, há os da direita, os da esquerda, alguns adiante, alguns atrás. O importante é olhar para Cristo, se olho sempre para Ele também olho para os outros e a posição oposta à minha¡±. Em suma, é necessária "uma conversão sinodal", para superar interesses e ideias, mas para escutar, servir, discernir.

A abordagem em relação a pessoas homossexuais

 

Dos cardeais Hollerich e Grech também uma indicação sobre a abordagem da Igreja em relação às pessoas homossexuais: "Acredito plenamente na tradição da Igreja. E o que é importante neste processo não é uma mudança de doutrina, mas escutar. Ouvir a todos. Escutar também o sofrimento das pessoas¡±, disse o cardeal luxemburguês. A mudança, quando muito, é de "postura" para ser "uma Igreja onde todos possam sentir-se  em casa": "Não sou a favor de mudar nenhuma doutrina, sou a favor de uma Igreja onde todos possam sentir-se verdadeiramente bem-vindos. Se fecharmos a porta para as pessoas, levamos algumas pessoas a se desesperarem. E isso é algo que não queremos¡±.

¡°Não podemos excluir ninguém¡±, acrescentou Grech. ¡°Por isso é importante caminharmos juntos. Mas quando dizemos 'uma Igreja da escuta' significa que não somente o bispo deve escutar, mas o bispo também deve ser ouvido. Na verdade, o risco é um monólogo de ambos os lados. É importante aprender a ouvir a nós mesmos: opiniões, mas também o que o Espírito está falando à Igreja hoje. É difícil, mas importante. A Igreja deve pôr em prática o estilo sinodal, mas ninguém deve se sentir excluído, ninguém deve sofrer por não se sentir ouvido¡±.

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26 agosto 2022, 17:12