Parolin: o projeto da Europa continua sendo um projeto de paz
Salvatore Cernuzio ¨C Vatican News
Na segunda-feira (09) Dia da Europa, o cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin celebrou uma santa missa na Basílica de Santa Sofia em Roma. Em sua homilia recordou o desejo e inspiração de Robert Schumann, um dos pais fundadores da Europa, que nasceu dos escombros da Segunda Guerra Mundial, de ¡°uma Europa que, apesar do horror do conflito em curso na Ucrânia, leve adiante aquele ¡®projeto de paz¡¯¡±. Uma visão que o Cardeal Parolin espera que se torne comum para o futuro do Velho Continente. Entre as abóbadas bizantinas da igreja nacional dos ucranianos na capital, que desde o início da guerra se tornou um centro de coleta de ajuda à população, Parolin - acolhido por cânticos litúrgicos - lembrou das muitas mortes nesta guerra considerada pelo Papa Francisco como uma guerra "cruel" e "sacrílega".
Em oração pelas vítimas da guerra
"Imploramos a Deus o dom da paz para a Ucrânia, o conforto material e espiritual para as vítimas da guerra e especialmente para os refugiados, para as crianças, para aqueles que perderam tudo, para as pessoas que ficaram sozinhas. Que o Senhor ilumine os corações dos governantes para que eles possam trabalhar para restabelecer a paz e a harmonia", disse o Cardeal, na presença de numerosos embaixadores credenciados junto à Santa Sé.
A morte é conquistada
Em sua homilia, Parolin comentou a Palavra de Deus proposta pela liturgia do dia, "cheia de conhecimentos preciosos que nos ajudam a entrar profundamente no mistério pascal do Senhor". Então insistiu no significado da morte, vencida por Cristo, o Bom Pastor, que dá novamente a vida. "Na Páscoa, o Senhor Jesus nos abre as portas da vida eterna. A morte não tem mais poder, foi derrotada na carne do Redentor. Jesus abre para nós uma porta para o Eterno, Ele é a porta, a porta pela qual devemos passar para entrar na verdadeira vida". Entretanto, a vitória de Cristo "parece estar lutando para mostrar seu triunfo", quase "obscurecida" neste mundo em que "o pecado e a morte parecem ter a vantagem".
A 'memorável' Declaração de Schumann
Isso nos é lembrado diariamente pelas cenas vindas da Ucrânia. Diante dos dramas causados pela guerra, o Cardeal Parolin recorda o espírito que animou a "memorável" Declaração do Venerável Robert Schumann, em 9 de maio de 1950, cinco anos após o "mais extenso e sangrento" conflito que a Europa conheceu até então. Na época, o Ministro das Relações Exteriores francês Schumann - lembra o cardeal - entendeu que a única maneira de evitar o perigo de um novo conflito não era através da dissuasão, nem na "construção de uma paz armada como a Guerra Fria"; ao contrário, ele sentiu que somente "a solidariedade recíproca e a partilha de recursos" poderiam levar a uma "reconciliação autêntica". E foi assim que começou a ser traçado o caminho para a Federação Europeia, e foi assim que "mudou o destino de regiões que há anos se dedicavam à fabricação de armas de guerra".
Escutar uns aos outros
Todos eles "estavam conscientes de que não se derrota a morte com outra morte, mas que somente a vida derrota a morte". Diante da "tentação humana de deixar prevalecer a discórdia", os fundadores também entenderam que a única maneira de enfrentar os desafios que surgiram era "escutar uns aos outros, apresentando com honestidade e simplicidade suas próprias razões, e ao mesmo tempo estar abertos às razões dos outros", disse Parolin. É por isso que os chamamos de "pais fundadores", porque "lançaram as bases para um novo edifício" e "na vida se esforçaram para construir onde outros antes deles só souberam destruir". O legado deles foi "escutar e acolher", que "ainda são os pontos fortes da Europa de hoje". Hoje, concluiu o cardeal, "é fundamental manter viva esta posição no ensurdecedor barulho do nosso tempo".
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