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Os tr¨ºs relatores na coletiva de apresenta??o da Constitui??o Apost¨®lica 'Praedicate Evangelium'. Da esquerda: pe. Ghirlanda, dom Mellino e o cardeal Semeraro Os tr¨ºs relatores na coletiva de apresenta??o da Constitui??o Apost¨®lica 'Praedicate Evangelium'. Da esquerda: pe. Ghirlanda, dom Mellino e o cardeal Semeraro 

Praedicate Evangelium. Semeraro: a reforma n?o termina

O prefeito da Congrega??o das Causas dos Santos, cardeal Marcello Semeraro, o secret¨¢rio do Conselho de Cardeais, dom Marco Mellino, e o canonista Gianfranco Ghirlanda ilustraram aos jornalistas na Sala de Imprensa da Santa S¨¦ as novidades e detalhes da nova constitui??o apost¨®lica do Papa, promulgada em 19 de mar?o: o papel dos leigos, a luta contra os abusos e o v¨ªnculo com a tradi??o.

Salvatore Cernuzio ¨C Vatican News

¡°Curia semper reformanda¡±. O antigo axioma sobre o caminho sempiterno da reforma da Igreja vai bem com o processo de reorganização da Cúria Romana, selado mas, de fato, não concluído com a promulgação, em 19 de março, da Constituição apostólica Praedicate Evangelium. O documento, apresentado na Sala de Imprensa da Santa Sé, nesta segunda-feira (21/03), em vigor a partir de 5 de junho, é fruto de um trabalho de quase dez anos de reflexão, consulta e avaliação do Papa junto ao Conselho de Cardeais e várias realidades eclesiais. Durante a apresentação, o prefeito da Congregação das Causas dos Santos, cardeal Marcello Semeraro, por sete anos secretário do Conselho de Cardeais, explicou como a nova constituição não apenas encerra um caminho, mas abre novas estradas para o futuro. No sentido de que poderia haver outras novidades além daquelas já introduzidas (leigos prefeitos, novos Dicastérios ou Dicastérios incorporados): ¡°Se houver outras mudanças, o Papa as farᡱ. De fato, foi o que aconteceu com Paulo VI e João Paulo II, autores das duas constituições Regimini Ecclesiae universae (1967) e Pastor Bonus (1988).

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Trabalho a longo prazo

É o princípio de "gradualidade" que o Papa Francisco no documento programático Evangelii Gaudium resumiu na expressão: "O tempo é superior ao espaço", enfatizou Semeraro. "Isso torna possível trabalhar a longo prazo, sem a obsessão por resultados imediatos. Ajuda a suportar com paciência as situações difíceis e adversas, ou as mudanças de planos que o dinamismo da realidade impõe¡±.

Praedicate Evangelium faz "reflorescer" o Concílio

Outro princípio importante seguido na elaboração do documento é o de tradição, ou seja, "fidelidade à história e continuidade com o passado". "Teria sido enganoso (além de fantasioso) pensar numa reforma que perturbaria todo o sistema curial", esclareceu o cardeal. Praedicate Evangelium faz "reflorescer" as esperanças e expectativas do Concílio Vaticano II. "E isto é uma coisa bonita" que envia para o sótão antigos fantasmas sobre o próprio conceito de reforma: "Havia medo em usar este termo por causa de controvérsias passadas".

Espaço para os leigos

Ao mesmo tempo, a nova constituição apostólica apresenta elementos decididamente inovadores. Um deles é o fato de que os leigos e leigas na Cúria podem assumir a liderança de Dicastérios ou outros organismos. Isto já aconteceu com a nomeação de um leigo, Paolo Ruffini, como Prefeito do Dicastério para a Comunicação: "Uma decisão que não foi improvisada pelo Papa; pelo contrário, foi estudada especificamente com a contribuição das autoridades competentes". Uma escolha "timidamente" solicitada pelo Vaticano II, que tinha formulado e promovido uma "teologia do laicato". Diante disso, deve ser considerada também a decisão de abandonar o termo "Congregação", que remonta ao tempo de Sisto V, que supunha que os titulares da presidência das "Congregações" eram apenas cardeais. "Não é mais assim. O termo Dicastério sugere que, em princípio, todos os batizados podem exercer este ofício: clérigos, consagrados e leigos¡±.

Igualdade entre todos os batizados

O padre jesuíta Gianfranco Ghirlanda, canonista e professor emérito da Gregoriana, observou em seu discurso o fato de que qualquer fiel nomeado como chefe do Dicastério "não tenha autoridade devido ao grau hierárquico que lhe é investido", mas pela "potestade" que recebe do Papa. "Se o prefeito e o secretário de um Dicastério são bispos, isso não deve levar ao equívoco de que sua autoridade vem do grau hierárquico recebido, como se agissem com um poder próprio. A potestade vicária para exercer um ofício é a mesma se for recebida de um bispo, presbítero, consagrado ou consagrada, leigo ou leiga¡±. Mais uma confirmação de que "o poder de governo na Igreja não vem do sacramento da Ordem, mas da missão canônica". Por isso, "a igualdade fundamental entre todos os batizados é reafirmada, mesmo que na diferenciação e complementaridade", disse Ghirlanda. Este "funda a sinodalidade".

Nomeações e avaliações

Então os leigos podem ser nomeados prefeitos de qualquer Dicastério, incluindo a Secretaria de Estado, já que a Constituição fala de um secretário de Estado que não seja necessariamente um cardeal? ¡°Há dicastérios nos quais é conveniente que haja leigos¡±, sublinhou o canonista, dando o exemplo do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, que abrange setores que os leigos ¡°vivem¡± e nos quais ¡°têm experiência¡±. "Não há preclusão estabelecida", disse Ghirlanda. Ao mesmo tempo, no caso dos Tribunais", a Constituição não revoga o Código de Direito Canônico que afirma que em matéria de clérigos são os clérigos que julgam... A Igreja permanece com uma hierarquia. A função de um sacerdote ou bispo não é eliminada, depende das diferentes situações¡±. Sobre o mesmo assunto, dom Marco Mellino, secretário do Conselho de Cardeais desde 2020, esclareceu que "o leigo é nomeado para a competência particular daquele Dicastério". É necessária uma avaliação ad hoc: "Não é algo que seja acionado automaticamente".

Rotatividade e não centros de poder

No que diz respeito às competências, alguns jornalistas observaram como o prazo de cinco anos estabelecido para os funcionários dos Dicastérios - após o qual eles devem retornar à diocese ou, no máximo, serem reconfirmados por mais cinco anos - poderia ser redutor em termos de desenvolvimento de capacidades profissionais. A Ghirlanda respondeu: "É verdade que a experiência é adquirida pela prática, mas se a pessoa nesses cinco anos não faz nenhum progresso ou se vê que está ali para subir escadas, não vale a pena renovar. Se, por outro lado, nesses cinco anos deu frutos, pode ser confirmado. E não apenas uma vez, mas enquanto for considerada válida". Certamente, disse o jesuíta, "as pessoas que permanecem muito tempo em posições de governo podem desenvolver centros de poder. E na Igreja, isso nunca é oportuno. A rotatividade traz novas ideias, novas capacidades, abertura.

Luta contra os abusos

Foco na coletiva de imprensa também sobre a questão da luta contra os abusos, agora corroborada pela integração da Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores no Dicastério para a Doutrina da Fé: "A Comissão tem a tarefa de prevenir tais crimes, a seção disciplinar do Dicastério deve conduzir a 'ação criminal contra eles', explicou o jesuíta. Esta unificação, acrescentou, é um sinal de "quanto a Igreja está trabalhando para evitar que delitos tão graves continuem sendo perpetrados" por sacerdotes, religiosos ou leigos que desempenham funções na Igreja. É importante dar a conhecer à opinião pública "o conjunto de esforços crescentes e significativos que a Igreja tem articulado nos últimos anos no que diz respeito à proteção dos menores", disse o jesuíta, queixando-se da excessiva "ênfase" dos meios de comunicação nos escândalos, mais do que em "numa reflexão mais saudável sobre como combater o abuso sexual, não só na Igreja, mas também na sociedade".

O papel das Conferências Episcopais

Por fim, uma palavra sobre a questão do poder do magistério das Conferências Episcopais, com base no princípio da "descentralização". ¡°O que é estabelecido por uma Conferência episcopal não pode contradizer o magistério universal, senão se coloca fora da comunhão eclesial¡±, disse Ghirlanda. A nova constituição se colocada ¡°no plano da comunhão eclesial entre os bispos, independentemente de ser um ato legislativo ou uma interpretação doutrinal¡±. ¡°É importante que se crie uma comunhão mais profunda entre os bispos e a 'Conferência episcopal', ressaltou Semeraro, dizendo ter assistido a uma reunião de uma Conferência episcopal ¡°onde se viam claramente duas partes. Isso não deve acontecer na Igreja¡±.

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21 mar?o 2022, 18:42