Pilar da caridade - Igreja casa dos pobres
Jackson Erpen - Cidade do Vaticano
Em 13 de março de 2013, Jorge Mario Bergoglio era eleito 265º Sucessor de Pedro. Já no dia 16, no na Sala Paulo VI, pronunciou a célebre frase que tornou-se uma marca de seu Pontificado: "Ah, como eu queria uma Igreja pobre e para os pobres!"
Mas a preocupação da Igreja com as necessidades do próximo, especialmente dos pobres e vulneráveis, não é uma novidade trazida por Francisco. São João Paulo II recorda na sua Carta Apostólica Novo Millenio Ineunte de 6 de janeiro de 2001, ¡°trata-se de dar continuidade a uma tradição de caridade, que já teve inumeráveis manifestações nos dois milênios passados, mas que hoje requer, talvez, ainda maior capacidade inventiva. É hora duma nova «fantasia da caridade», que se manifeste não só nem sobretudo na eficácia dos socorros prestados, mas na capacidade de pensar e ser solidário com quem sofre, de tal modo que o gesto de ajuda seja sentido, não como esmola humilhante, mas como partilha fraterna.¡± Por isso, devemos procurar que os pobres se sintam, em cada comunidade cristã, como «em sua casa»".
Depois de "Pilar da caridade da Igreja-casa", padre Gerson Schmidt* nos fala hoje sobre "Pilar da caridade - Igreja casa dos Pobres":
"As orientações atuais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) usam essa imagem da Igreja como casa. Quatro são os pilares: pilar da Palavra, pilar do Pão, pilar da Caridade e pilar da Missão. Queremos hoje continuar a aprofundar o pilar da caridade, tão importante diante dos problemas que afetam nosso país, sobretudo afirmando que a Igreja é casa dos pobres. O episcopado Latino-americano, desde a conferência de Puebla, fez uma opção preferencial pelos pobres e pelos jovens. A opção preferencial pelos jovens parece que ficou esquecida e a opção preferencial pelos pobres mal-entendida ou questionada.
As novas Diretrizes da CNBB, válidas até 2023, no número 108, apontam que o Papa Francisco insiste em dizer que deseja uma Igreja pobre para os pobres (EG, n.198). A opção pelos pobres se baseia na prática de Jesus de Nazaré. Pois, ¡°a evangelização dos pobres foi para Jesus um dos sinais messiânicos e será também para nós sinal de autenticidade evangélica¡± (DP, 1130).
Assegurou o papa Bento XVI no discurso de inauguração da Conferência de Aparecida: ¡°a opção preferencial pelos pobres está implícita na fé cristológica naquele Deus que se fez pobre por nós, para nos enriquecer com sua pobreza¡± (DAp, 392).
Obedecendo aos apelos do Para Francisco, e somente assim, a Igreja será casa dos pobres como proclamou São João Paulo II ao afirmar que os pobres são os destinatários privilegiados do Evangelho, no documento (NMI, n.50).
É missão da comunidade cristã a promoção da cultura da vida através do enfrentamento dos desafios que a ela se impõe: a violência, falta de moradia digna, migrações, falta de perspectiva para os jovens, etc. (DGAE, 109). Os bispos do Brasil são categóricos: ¡°Há que se afirmar sem rodeios que existe um vínculo indissolúvel entre nossa fé e os pobres¡± (DGAE, 108).
Contemplar o Cristo sofredor na pessoa dos pobres significa comprometer-se com todos os que sofrem, buscando compreender as causas de seus flagelos, especialmente as que os jogam na exclusão. A ausência do sentido da vida é fonte de sofrimento. Também os cristãos são afetados por essa crise de sentido que gera cansaço, depressão, pânico, transtornos de personalidade e até suicídio. Essa situação ocorre porque se vive em uma sociedade que sustenta tudo ser possível, especialmente com o avanço de novas tecnologias indiferentes aos sofrimentos de muitos excluídos (cf. 110).
Entre tantos problemas que afetam a sociedade, a Igreja do Brasil aponta a falta de moradia digna, a situação da população em situação de rua e encarcerada, abandono de crianças e idosos, a crise familiar, o desemprego, o trabalho precário, a violência explícita ou institucionalizada pelas injustiças sociais, os jovens que já morreram pela miséria e pela violência, a situação dos migrantes, o tráfico de pessoas, o segregacionismo e o racismo, a necessidade de preocupação com os povos indígenas, quilombolas e pescadores.
Junto aos que sofrem, especialmente os que sequer tem o direito à sobrevivência, a Igreja é chamada a reproduzir a imagem do Bom Samaritano (Lc 10, 25-37). ¡°Contemplar o Cristo sofredor na pessoa dos pobres significa comprometer-se com todos os que sofrem, buscando compreender as causas de seus flagelos, especialmente as que os jogam na exclusão¡± (DGAE, 110)."
*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.
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