O Papa: a sede de Jesus na cruz ¨¦ a nossa tamb¨¦m. Clamor de uma humanidade ferida
Mariangela Jaguraba - Vatican News
A Praça São Pedro acolheu milhares de fiéis para a Audiência Geral desta quarta-feira, 03 de setembro, em que o Papa Leão XIV deu continuidade ao ciclo de catequeses dedicado ao tema ¡°Jesus Cristo nossa Esperança¡±.
As palavras de Jesus "Tenho sede" e logo depois "Tudo está consumado", proferidas na cruz, foram o centro da catequese deste encontro semanal com os fiéis.
"São palavras finais, mas carregadas de uma vida inteira, que revelam o sentido de toda a existência do Filho de Deus. Na cruz, Jesus não aparece como um herói vitorioso, mas como um mendigo de amor. Não proclama, não condena, não se defende. Pede humildemente o que não pode dar a si mesmo", frisou o Pontífice, acrescentando:
Abertura confiante aos outros
Um Deus que não se envergonha de pedir e com este gesto nos diz "que o amor, para ser verdadeiro, deve também aprender a pedir e não apenas a dar". Assim, Jesus "manifesta a sua humanidade e a nossa também". "Nenhum de nós é autossuficiente. Ninguém se pode salvar sozinho", disse ainda o Papa. "A vida 'consuma-se' não quando somos fortes, mas quando aprendemos a receber. Nesse momento, depois de ter recebido de estranhos uma esponja embebida em vinagre, Jesus proclama: Está consumado. O amor tornou-se carente e, precisamente por isso, consumou a sua obra", sublinhou.
Capacidade de nos deixarmos amar
Segundo Leão XIV, "a salvação não reside na autonomia, mas em reconhecer humildemente as próprias necessidades e saber exprimi-las livremente".
De acordo com o Papa, "esta verdade, aparentemente tão simples, é difícil de aceitar", pois "vivemos numa época que preza a autossuficiência, a eficiência e o desempenho. No entanto, o Evangelho nos mostra que a medida da nossa humanidade não é o que podemos conquistar, mas a nossa capacidade de nos deixarmos amar e, quando necessário, até mesmo ajudar".
A nossa fragilidade é uma ponte para o céu
"Jesus nos salva mostrando que pedir não é indigno, mas libertador. É a saída do esconderijo do pecado, para reentrar no espaço da comunhão. Desde o princípio, o pecado gerou vergonha. Mas o verdadeiro perdão surge quando conseguimos encarar a nossa necessidade e deixar de temer a rejeição", ressaltou.
"Na fraternidade, na vida simples, na arte de pedir sem vergonha e de oferecer sem cálculos, reside uma alegria desconhecida para o mundo. Uma alegria que nos restitui à verdade original do nosso ser: somos criaturas feitas para dar e receber amor", sublinhou ainda Leão XIV que, concluindo sua catequese, disse que "na sede de Cristo podemos reconhecer toda a nossa sede e aprender que não há nada mais humano, nada mais divino, do que poder dizer: tenho necessidade. Não tenhamos medo de pedir, sobretudo quando sentimos que não merecemos. Não tenhamos vergonha de estender a mão. É aí, nesse gesto humilde, que se esconde a salvação".
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