Papa nomeia dom Thibault Verny presidente da Comiss?o para a Tutela dos Menores
Vatican News
O Papa Leão XIV nomeou dom Thibault Verny como presidente da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores. O bispo francês traz uma longa experiência pastoral e institucional na escuta das vítimas, no acompanhamento de processos de justiça e na articulação com autoridades civis e eclesiásticas. Foi presidente do Conselho para a Prevenção e o Combate à Pedofilia na Conferência Episcopal Francesa até junho deste ano, função que agora é desempenhada por dom Gérard Le Stang, bispo de Amiens. Seu compromisso se consolidou especialmente no processo de criação da Ciase (Comissão Independente sobre Abusos Sexuais na Igreja), culminando com o relatório Sauvé, e na instituição do Inirr, organismo voltado à reparação e à indenização das vítimas.
¡°Com profunda humildade e sincera gratidão, agradeço ao Santo Padre, Papa Leão XIV, por minha nomeação. Estou honrado com a confiança que me foi depositada, plenamente consciente da grave e sagrada missão confiada à Comissão: ajudar a Igreja a tornar-se cada vez mais vigilante, responsável e compassiva na proteção dos mais vulneráveis¡±, declarou o arcebispo Verny, em um comunicado após a sua nomeação.
O novo presidente fez questão de expressar sua gratidão ao cardeal O'Malley, a quem chamou de ¡°bússola moral¡± em tempos de profunda dificuldade. ¡°Sua liderança corajosa e profética deixou uma marca indelével não apenas na Igreja, mas na sociedade como um todo. Ele foi incansável em garantir espaço para que as vítimas fossem ouvidas, acreditadas e acompanhadas em sua busca por justiça e cura.¡±
Ao assumir o novo cargo, dom Verny reafirmou seu compromisso em dar continuidade ao legado do cardeal O¡¯Malley. Suas prioridades, disse, incluirão o apoio às Igrejas locais, especialmente aquelas que ainda enfrentam desafios na implementação de medidas eficazes de tutela. ¡°Promoveremos a subsidiariedade e o compartilhamento equitativo de recursos, para que todas as partes da Igreja, independentemente de sua localização ou realidade, possam assegurar os mais altos padrões de proteção.¡±
Ciente de que se trata de um caminho de conversão contínuo, dom Thibault destacou que somente nesse espírito o Evangelho poderá ser verdadeiramente escutado e tornar-se crível. ¡°Conto com a experiência, a sabedoria e a dedicação dos meus colegas da Comissão para levarmos adiante juntos essa missão vital para o presente e o futuro da Igreja.¡±
O colega da redação francesa Jean Charles Putzolu entrevistou o novo presidente da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores:
Dom Verny, o senhor assume a presidência da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores, instituída pelo Papa Francisco em março de 2014. Leão XIV o escolheu para suceder ao cardeal O¡¯Malley, que há pouco completou 80 anos. Como acolhe essa nomeação?
Três palavras vieram à minha mente e ao meu coração. Primeiro, a palavra humildade diante da importância e da gravidade da missão e dos desafios que ela implica. Depois, a palavra gratidão, em relação ao nosso Santo Padre, Leão XIV, pela confiança que demonstrou em mim; gratidão, obviamente, também em relação ao cardeal O¡¯Malley, com quem tive a oportunidade de colaborar na Pontifícia Comissão e por todo o seu trabalho. A terceira palavra é determinação em continuar e aprofundar esse trabalho.
O senhor tem experiência dentro da Conferência Episcopal neste tema delicado. Agora poderá colocá-la a serviço da Igreja universal¡
Na França, minha missão, primeiro na arquidiocese de Paris e depois na Conferência Episcopal, permitiu-me escutar as vítimas e acompanhá-las em seu caminho. Foi uma experiência decisiva. Também tive a oportunidade de trabalhar com interlocutores da sociedade civil, particularmente da justiça, com os quais conseguimos elaborar protocolos de trabalho que permitiram estabelecer uma metodologia. É também significativo poder trabalhar com as autoridades civis, além, naturalmente, de todas as dioceses da França.
Quais serão, na sua opinião, as prioridades da Pontifícia Comissão e suas prioridades para a Igreja universal?
Penso antes de tudo nos membros da Comissão para a Tutela dos Menores e em todos que nela trabalham. Estou comovido por poder continuar aprofundando esse trabalho com cada um dos membros e com a equipe responsável. As prioridades serão dar continuidade ao trabalho já apresentado por meio do relatório anual, das iniciativas nos países que mais precisam e por meio do projeto Memorare, para apoiar as Igrejas na acolhida e no acompanhamento das vítimas. Em breve serão publicadas diretrizes. Elas fornecem orientações para o acompanhamento e a proteção dos menores. Outro ponto que me parece importante será poder conectar as iniciativas. Muitas vezes, os países trabalham de forma isolada. É necessário, ao contrário, que possamos nos apoiar mutuamente e compartilhar o que está sendo feito.
Qual é a importância do trabalho e acompanhamento com as vítimas?
A Pontifícia Comissão não tem a função de substituir as estruturas locais e as Conferências Episcopais. Trata-se de conscientizar os diferentes episcopados, ordens e congregações religiosas nos diversos países sobre a escuta e o acompanhamento específico das vítimas. Dentro da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores é fundamental que haja vítimas e seus pais e familiares que tragam sua experiência insubstituível. Parece-me que devemos continuar a implementar uma mentalidade, uma cultura, dentro das Igrejas para difundir a proteção dos menores e fazer com que isso se torne natural, tanto na Igreja quanto nas famílias e também na sociedade.
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