Papa: Maria salva o mundo; n?o h¨¢ salva??o sem a mulher
Antonella Palermo - Vatican News
Na Solenidade da Imaculada Conceição, que este ano coincide com o segundo Domingo do Advento, o Papa Francisco preside a Santa Missa na Basílica Vaticana, onde neste sábado (07/12) criou 21 cardeais, ¡°portadores de uma única Sabedoria com muitas faces¡±, que neste domingo (08/12) participam da celebração de ação de graças com o Pontífice. A homilia se concentrou na beleza de Maria, ¡°serva¡± não no sentido de ¡°subjugada¡±, mas de ¡°estimada¡±. Uma existência, a dela, a ser tomada como critério praticável de vida, no aqui e agora, capaz de fecundar com amor autêntico tanto a esfera familiar quanto as relações sociais e entre as nações.
Não há salvação sem a mulher, a Igreja é a mulher
A contemplação da Virgem oferecida pelo Papa a torna particularmente próxima e familiar. Maria, Francisco nos lembra, teve uma infância que não é contada nos textos sagrados. E, no entanto, nesse mesmo anonimato - que nos Evangelhos dá lugar à sugestão de uma vida rica em fé, humilde e simples, toda harmonia e candura - o reflexo do amor de Deus floresce e se irradia muito além do desconhecido vilarejo de Nazaré. É ¡°uma flor que cresceu sem ser notada¡±. Uma filha de ¡°coração puro¡± com o ¡°perfume da santidade¡±. A vida de Maria é uma doação contínua. Como esposa, é definida como ¡°serva do Senhor¡±; mas aqui o Papa faz questão de esclarecer: ¡°serva¡± não no sentido de ¡°subjugada¡± e ¡°humilhada¡±, mas de uma pessoa ¡°confiável¡±, ¡°estimada¡±, a quem o Senhor confia os tesouros mais preciosos e as missões mais importantes. E mais uma ênfase, acrescentada pelo Pontífice:
O Concílio diz o seguinte: Deus escolheu Maria, escolheu uma mulher como companheira para o seu projeto de salvação. Não há salvação sem a mulher, porque a Igreja também é mulher.
A Imaculada Conceição não é uma doutrina abstrata ou um ideal impossível
A maternidade de Maria, que se tornou a característica que mais interessou aos artistas na história da Igreja, sugere uma generatividade que está totalmente atenta à exaltação do outro, o Filho. Com um coração livre de pecado, dócil à ação do Espírito Santo. A fecundidade da Imaculada, observa o Papa, é bonita precisamente porque ela sabe morrer para dar vida, ¡°em seu esquecer-se de si mesma para cuidar daqueles que, pequenos e indefesos, a Ela se agarram¡±. Entretanto, é uma figura que encarna uma beleza que não é muito alta, inatingível.
A Imaculada, portanto, não é um mito, uma doutrina abstrata ou um ideal impossível: é a proposta de um bonito e concreto projeto, o modelo plenamente realizado de nossa humanidade, por meio do qual, pela graça de Deus, todos nós podemos contribuir para mudar o nosso mundo para melhor.
A beleza de Maria salva o mundo da autossuficiência
A beleza de Maria é uma beleza ¡°que salva o mundo¡± e, portanto, deve nos conquistar e nos converter, espera o Sucessor de Pedro. Uma beleza em que as famílias são um espaço de verdadeira partilha e em que os pais estão ¡°presentes em carne e osso junto dos filhos¡±. Se esse estilo for internalizado, poderão surgir atitudes de abertura, solidariedade, empatia e harmonia, afetando todas as áreas da vida que, com muita frequência, são condicionadas por pretensões de autossuficiência. É essa preocupação em ¡°ser como Deus¡±, diz o Papa, que continua a ferir a humanidade e não gera nem amor nem felicidade.
De que serve o dinheiro se metade do mundo morre?
Ele prossegue listando uma série de situações críticas: ¡°quem exalta como uma conquista a rejeição de qualquer vínculo estável e duradouro, concretamente não fomenta liberdade. Aqueles que não respeitam o pai e a mãe, que não querem ter filhos, que consideram os outros como um objeto ou um incômodo, que avaliam a partilha como uma perda e a solidariedade como um empobrecimento, não espalham alegria nem futuro¡±. Em seguida, o Pontífice faz algumas perguntas, provocações que analisam algumas contradições óbvias nas sociedades contemporâneas:
De que serve o dinheiro no banco, o conforto nos apartamentos, as falsas ¡°amizades¡± do mundo virtual, se os corações permanecem frios, vazios, fechados? De que adiantam os altos níveis de crescimento econômico dos países privilegiados, se metade do mundo morre de fome e de guerra, e outros ainda observam com indiferença? De que adianta viajar pelo mundo inteiro, se cada encontro é reduzido à emoção de um momento, a uma fotografia que, em alguns dias ou meses, ninguém se lembrará mais?
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