Francisco aos jovens: no trabalho, n?o cedam aos pedidos que humilham
Edoardo Giribaldi ¨C Vatican News
Um convite a não ceder aos pedidos que "humilham", que muitas vezes é preciso fazer "para se sair bem", abrindo caminho num contexto, o do mundo do trabalho, "poluído" por modelos difíceis de aceitar. Modelos em que o prestígio social e o dinheiro parecem ser os únicos objetivos. Ambientes em que o "desempenho" das máquinas "não é tudo", e onde é fundamental apoiar "a fantasia pela qual Deus nos fez todos diferentes".
Sair das "tocas", somos feitos "para o ar livre"
¡°Somos ¡®peças únicas¡¯, ajudemo-nos uns aos outros a recordar isto¡±, é a exortação que o Papa Francisco faz aos participantes da terceira edição do ¡°LaborD족, o projeto que visa ¡°promover e colocar o trabalho digno de volta no centro, "promovido pelas Associações Cristãs de Trabalhadores Italianos (ACLI) de Roma.
¡°Talvez o trabalho tenha parecido para vocês até agora como um problema dos adultos¡°, escreve o Papa na mensagem divulgada nesta terça-feira (17/12). ¡°Como bispo idoso de Roma, gostaria de lhes dizer: não é assim!¡±, explica Francisco, destacando o compromisso e a energia necessários para o crescimento das novas gerações. Cada um pode ¡°ter desperdiçado boas oportunidades¡±, mas nunca deve se cansar de sair de suas ¡°tocas¡±: aqueles refúgios construídos quando surgem ¡°confusões e ameaças¡±.
Mas, na realidade, fomos feitos para a luz, para o ar livre. Assim, depois de passar pela adolescência, o cenário do mundo se abre diante de vocês. Pode parecer cheio e distraído quando vocês chegam; e, no entanto, ainda falta a contribuição de vocês, daquilo que sempre vocês esperam. Com vocês ¨C e gostaria de dizer a cada um: com você ¨C o novo entra no mundo. Tudo, realmente tudo pode mudar.
Uma "revolução suave" baseada nas relações e unicidade
A partir do ¡°grito da Terra¡± e do seu ¡°modelo errado de desenvolvimento¡±, o Papa reflete sobre a interligação presente entre cada ser humano citada na Encíclica Laudato si¡¯. O mundo do trabalho também é ¡°humano¡±, embora por vezes contaminado ¡°por dinâmicas e comportamentos negativos que por vezes o tornam inabitável¡±. Nos ambientes profissionais são precisamente os ¡°nossos laços¡± que contam mais do que os ¡°números e desempenhos¡±. Cultivá-los, unindo-os à ¡°consciência¡± da própria ¡°unicidade, que independe de qualquer sucesso ou fracasso¡±, pode desencadear uma ¡°revolução suave¡±.
O coração, ¡°lugar de decisões¡±, onde ¡°surgem os sonhos¡±
O Papa recorda a imagem do canteiro de obras, proposta durante a segunda edição do LaborDì, também familiar para os trabalhos em vista do Jubileu. Este ano, porém, ele nos convida a refletir sobre o coração. O coração, presente ¡°também nas mensagens que vocês trocam todos os dias¡±, é na Bíblia ¡°o lugar das decisões¡±, onde ¡°nascem as aspirações¡±, ¡°surgem os sonhos¡±, ¡°sente-se a resistência¡± e ¡°a preguiça se insinua¡±.
Vocês conhecem seu coração: guarde-o! Às vezes ele pode ser assustador e podemos fingir que não o sentimos, mas ele continua sendo nosso, inviolável. Sempre podemos voltar a ele. E lá, se vocês tiverem o dom da fé, que saberão que Deus espera por vocês com infinita paciência.
O ¡°sopro no pescoço¡± que causa solidão e resignação
O Papa denuncia a velocidade muitas vezes opressiva que caracteriza o contexto de trabalho atual. O ¡°sopro no pescoço¡± de tantas pessoas, os seus ¡°muitos pedidos, às vezes muitas indicações e recomendações¡±, não devem alienar as novas gerações, extinguindo seus sonhos, tornando-as ¡°solitárias e resignadas¡±.
O coração sabe perceber e, quando for o caso, precisamos pedir ajuda e nos unir a quem nos conhece e se preocupa conosco. É preciso escolher.¡±
O risco de se tornar ¡°engrenagens de uma máquina¡±
A entrada no mundo do trabalho acontece, segundo Francisco, ¡°juntos¡±. Caso contrário, o risco é de se tornar ¡°engrenagens de uma máquina¡±, onde quem ¡°têm poder pode fazer qualquer coisa conosco¡±. Um modelo contrário a esta alienação é o das ACLI, onde ¡°as intuições do coração¡± se transformam em ¡°laços sociais¡±.
O coração busca amizades, pensa sem se isolar, se aquece identificando-se. O coração pode ser flexível e generoso. Ele sabe abrir mão de algo, mas perseguindo o ideal. Ele sabe estabelecer objetivos, mas se preocupa com as formas como eles são alcançados.
A imaginação humana, ¡°que cria o que ainda não existe¡±
A falta destes requisitos coloca em perigo ¡°a dignidade humana de quem trabalha, ou não encontra trabalho, ou se adapta¡± a um trabalho ¡°indigno¡±. As tarefas das máquinas devem ser acompanhadas pela "inteligência" inteiramente ¡°humana¡± do coração, ¡°a razão que ouve as razões dos outros, a imaginação que cria o que ainda não existe¡±.
Os adultos não corrompam a ¡°novidade¡± dos jovens
Por fim, Francisco agradece aos adultos presentes, convidando-os a não submeterem os jovens ¡°às razões da existência¡±. ¡°Não corrompamos a novidade¡±, acrescenta, exortando-os a introduzirem os jovens ¡°aos longos tempos e ao peso das responsabilidades¡±, confiando ¡°naquilo que é semeado em seus corações¡±. Ali germina ¡°o trabalho que não aliena, mas liberta¡±.
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