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O Papa: a pobreza n?o ¨¦ fruto do destino, ¨¦ consequ¨ºncia do ego¨ªsmo

Na mensagem para o Dia Mundial dos Pobres que ser¨¢ celebrado no pr¨®ximo dia 14 de novembro o Papa Francisco afirma: ¡°? decisivo dar vida a processos de desenvolvimento onde se valorizem as capacidades de todos, para que a complementaridade das compet¨ºncias e a diversidade das fun??es conduzam a um recurso comum de participa??o¡±

Jane Nogara - Vatican News

Para o V Dia Mundial dos Pobres que será celebrado no próximo dia 14 de novembro o Papa Francisco apresentou a sua mensagem que inicia com as palavras: ¡°Sempre tereis pobres entre vós¡± do Evangelho de São Marcos. E contextualiza a situação, recordando que foram pronunciadas por Jesus, alguns dias antes da Páscoa, por ocasião duma refeição em Betânia na casa de Simão chamado ¡®o leproso¡¯. Francisco fala sobre as duas interpretações da ação da mulher que derramou o perfume sobre Jesus. A de Judas preocupado pelo dinheiro que o perfume poderia render e a do próprio Jesus que permite individuar o sentido profundo do gesto realizado pela mulher. Jesus defende a mulher pela sua sensibilidade e ¡°vê, naquele gesto, a antecipação da unção do seu corpo sem vida antes de ser colocado no sepulcro. Esta visão ultrapassa todas as expetativas dos convivas. Jesus recorda-lhes que Ele é o primeiro pobre, o mais pobre entre os pobres, porque os representa a todos¡±. ¡°Esta forte ¡®empatia¡¯ entre Jesus e a mulher e o modo como Ele interpreta a sua unção, em contraste com a visão escandalizada de Judas e doutros, inauguram um fecundo caminho de reflexão sobre o laço indivisível que existe entre Jesus, os pobres e o anúncio do Evangelho".  Os pobres, afirma o Papa, ¡°têm muito para nos ensinar. Além de participar do sensus fidei, nas suas próprias dores conhecem Cristo sofredor. É necessário que todos nos deixemos evangelizar por eles. A nova evangelização é um convite a reconhecer a força salvífica das suas vidas, e a colocá-los no centro do caminho da Igreja¡±.

Ouça e compartilhe!

Beneficência e partilha

Francisco recorda que ¡°Jesus não só está do lado dos pobres, mas também partilha com eles a mesma sorte¡±, e que ¡°um gesto de beneficência pressupõe um benfeitor e um beneficiado, enquanto a partilha gera fraternidade. A esmola é ocasional, ao passo que a partilha é duradoura. A primeira corre o risco de gratificar quem a dá e humilhar quem a recebe, enquanto a segunda reforça a solidariedade e cria as premissas necessárias para se alcançar a justiça¡±. Enfim, prossegue o Papa, ¡°os crentes, quando querem ver Jesus em pessoa e tocá-Lo com a mão, sabem aonde dirigir-se: os pobres são sacramento de Cristo, representam a sua pessoa e apontam para Ele¡±.


Estilo de vida coerente com a fé

¡°Por isso precisamos de aderir com plena convicção ao convite do Senhor: ¡®Convertei-vos e acreditai no Evangelho¡¯. Esta conversão consiste, primeiro, em abrir o nosso coração para reconhecer as múltiplas expressões de pobreza e, depois, em manifestar o Reino de Deus através dum estilo de vida coerente com a fé que professamos¡±. ¡°Seguir Jesus¡±, completa o Pontífice, ¡°comporta uma mudança de mentalidade a esse propósito, ou seja, acolher o desafio da partilha e da comparticipação¡±.

Novas formas de pobreza

¡°O Evangelho de Cristo impele a ter uma atenção muito particular para com os pobres e requer que se reconheça as múltiplas, demasiadas, formas de desordem moral e social que sempre geram novas formas de pobreza¡± alerta o Papa e prossegue afirmando:

¡°Um mercado que ignora ou discrimina os princípios éticos cria condições desumanas que se abatem sobre pessoas que já vivem em condições precárias. Deste modo assiste-se à criação incessante de armadilhas novas da miséria e da exclusão, produzidas por agentes económicos e financeiros sem escrúpulos, desprovidos de sentido humanitário e responsabilidade social¡±

Pandemia: agravamento da pobreza

O Papa não deixa de recordar da pandemia que agravou a situação de todos os pobres além de levar muitos à pobreza em toda as partes do mundo: ¡°Esta continua a bater à porta de milhões de pessoas e, mesmo quando não traz consigo o sofrimento e a morte, todavia é portadora de pobreza¡±. ¡°É urgente dar respostas concretas a quantos padecem o desemprego, que atinge de maneira dramática tantos pais de família, mulheres e jovens. A solidariedade social e a generosidade de que muitos, graças a Deus, são capazes, juntamente com projetos clarividentes de promoção humana, estão a dar e darão um contributo muito importante nesta conjuntura¡±.

Individualismo cúmplice na geração de pobreza

Quais seriam os caminhos? Francisco traça algumas sugestões depois de questionar ¡°Como se pode dar uma resposta palpável aos milhões de pobres que tantas vezes, como resposta, só encontram a indiferença, quando não a aversão? Qual caminho de justiça é necessário percorrer para que as desigualdades sociais possam ser superadas e seja restituída a dignidade humana tão frequentemente espezinhada?¡±. E a resposta vem da reflexão: ¡°Um estilo de vida individualista é cúmplice na geração da pobreza e, muitas vezes, descarrega sobre os pobres toda a responsabilidade da sua condição. Mas a pobreza não é fruto do destino; é consequência do egoísmo. Portanto é decisivo dar vida a processos de desenvolvimento onde se valorizem as capacidades de todos, para que a complementaridade das competências e a diversidade das funções conduzam a um recurso comum de participação¡±.

Dignidade de filhos de Deus

Ao falar da dignidade e da riqueza que os pobres podem nos dar o Papa recorda: ¡°Os pobres ensinam-nos frequentemente a solidariedade e a partilha. É verdade que são pessoas a quem falta algo e por vezes até muito, se não mesmo o necessário; mas não falta tudo, porque conservam a dignidade de filhos de Deus que nada e ninguém lhes pode tirar¡±.

Uma nova abordagem da pobreza

Em seguida pondera: ¡°Impõe-se, pois, uma abordagem diferente da pobreza. É um desafio que os governos e as instituições mundiais precisam de perfilhar, com um modelo social clarividente, capaz de enfrentar as novas formas de pobreza que invadem o mundo e marcarão de maneira decisiva as próximas décadas. Se os pobres são colocados à margem, como se fossem os culpados da sua condição, então o próprio conceito de democracia é posto em crise e fracassa toda e qualquer política social¡±.

O Papa conclui sua mensagem com um pensamento do Padre Primo Mazzolari: ¡°Gostaria de pedir-vos para não me perguntardes se existem pobres, quem são e quantos são, porque tenho receio que tais perguntas representem uma distração ou o pretexto para escapar duma específica indicação da consciência e do coração. (¡­) Os pobres, eu nunca os contei, porque não se podem contar: os pobres abraçam-se, não se contam¡±.

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14 junho 2021, 11:30