Papa Francisco: comunicar encontrando as pessoas onde est?o e como s?o
Bianca Fraccalvieri ¨C Cidade do Vaticano
Intitulada ¡°Vem e verás¡±, a do Papa Francisco para o Dia Mundial das Comunicações deste ano reflete sobre alguns princípios do jornalismo. Extraído do Evangelho de João » (Jo 1, 46), o tema tem como subtítulo ¡°Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são¡±.
O Pontífice recorda que ¡°vem e verás¡± foi a forma como a fé cristã se comunicou, começando pelos primeiros encontros nas margens do rio Jordão e do lago da Galileia. Aos primeiros discípulos que o quiseram conhecer, depois do seu batismo no rio Jordão, Jesus respondeu: «Vinde e vereis» (Jo 1, 39), convidando-os a viver em relação com ele. O mesmo diz Filipe a Natanael.
A fé cristã começa desta forma e assim é comunicada: ¡°com um conhecimento direto, nascido da experiência, e não por ouvir dizer¡±, diz o Papa, algo muito atual nos tempos da informação nos grupos de Whatsapp.
Vir e ver pressupõe dois movimentos. O primeiro deles é sair da presunção cômoda do ¡°já sabido¡± e mover-se, ir ver, estar com as pessoas, ouvi-las.
Isso requer transparência e honestidade intelectual. Mas além do aspecto moral, ¡°ir e ver¡± se refere a algo basilar no jornalismo, isto é, deixar de lado a informação construída nas redações, em frente do computador, para sair à rua, ¡°gastar a sola dos sapatos¡±, encontrar pessoas para procurar histórias ou verificar informações.
Cada instrumento só é útil e precioso, adverte o Papa, se nos impelir a ir e ver coisas que, de outra forma, não saberíamos, se colocar em rede conhecimentos que, do contrário, não circulariam, se permitir encontros que de outra forma não teriam lugar.
O ¡°vem e verás¡± é o método mais simples de conhecer uma realidade. Para conhecer, escreve ainda Francisco, é necessário encontrar, permitir que quem está à minha frente fale comigo, deixar que o seu testemunho chegue até mim.
Agradecimento pela coragem de muitos jornalistas
A este ponto da mensagem, o Papa agradece aos muitos jornalistas que arriscam a própria vida. Se hoje se conhece a difícil condição das minorias perseguidas, os muitos abusos e injustiças contra os pobres e contra a criação e as tantas guerras esquecidas, é porque alguém sentiu a curiosidade, ou melhor, a paixão de noticiar essas realidades. ¡°Seria uma perda não só para a informação, mas para toda a sociedade e para a democracia se faltassem essas vozes: um empobrecimento para a nossa humanidade¡±, defende o Papa.
Inclusive nesta época de pandemia, há muitas realidades que convidam a ¡°ir e ver¡±, como os desempregados que fazem filas nos centros da Cáritas para receber um pacote de alimentos. ¡°Quem nos contará a expectativa de cura nas aldeias mais pobres da Ásia, América Latina e África?¡±, questiona o Pontífice, alertando para que a distribuição das vacinas anti-Covid não obedeça a uma lógica do lucro.
Oportunidades e ciladas na web
Outro alerta do Papa diz respeito à informação produzida nas redes sociais. Se por uma lado pode haver mais velocidade no fluxo da informação, por outro há o risco da sua manipulação. Um risco que chama a todos a uma responsabilidade ¡°pela comunicação que fazemos, pelas informações que damos, pelo controlo que podemos juntamente exercer sobre as notícias falsas, desmascarando-as¡±.
Nada substitui ver com os próprios olhos
Na comunicação, prossegue o Papa, nada jamais pode substituir completamente o ver com os próprios olhos.
A boa nova do Evangelho difundiu-se pelo mundo graças a encontros de pessoa a pessoa, de coração a coração.
Para Francisco, ¡°aquele grande comunicador que se chamava Paulo de Tarso ter-se-ia certamente servido do e-mail e das mensagens eletrônicas; mas foram a sua fé, a sua esperança e a sua caridade que impressionaram os seus contemporâneos¡±.
Isso significa que o Evangelho acontece novamente hoje, sempre que recebemos o testemunho claro de pessoas cujas vidas foram mudadas pelo seu encontro com Jesus.
¡°Há mais de dois mil anos que uma corrente de encontros comunica o fascínio da aventura cristã. O desafio que nos espera é o de comunicar, encontrando as pessoas onde estão e como são.¡±
A mensagem do Papa se conclui com uma oração:
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