Papa na festa de Guadalupe: Maria nos anima a viver a aud¨¢cia da f¨¦ e da esperan?a
Raimundo Lima e Bianca Fraccalvieri - Cidade do Vaticano
¡°Maria, ¡®pedagoga do Evangelho¡¯, caminhou e cantou nosso Continente e, assim, a Guadalupana não é somente recordada como indígena, espanhola, hispana ou afro-americana. Simplesmente é latino-americana.¡±
Assim se expressou o Santo Padre na missa celebrada na Basílica de São Pedro na tarde desta quarta-feira, 12 de dezembro, festa de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira da América Latina e Imperatriz de todo o Continente Americano.
A Basílica Vaticana encontrava-se lotada de fiéis e peregrinos, muitos dos quais latino-americanos, bem como de outras partes do mundo. A Virgem de Guadalupe é também padroeira das Filipinas e sua devoção hoje tem uma grande difusão universal.
Maria, primeira "pedagoga do Evangelho"
Trata-se de uma festa muito amada pelo Papa Francisco e particularmente evocativa, naturalmente, para os latino-americanos. A missa foi concelebrada por vários cardeais, bispos e arcebispos, cerca de 550 sacerdotes, muitos deles, colaboradores do Pontífice na Cúria Romana, entre os quais o cardeal brasileiro João Braz de Aviz.
¡°Maria nos ensina que, na arte da missão e da esperança, não são necessárias tantas palavras nem programas, seu método é muito simples: caminhou e cantou¡±, disse o Santo Padre após evocar o Magnificat, através do qual Maria se torna a primeira ¡°pedagoga do Evangelho¡±, e nos recorda as promessas feitas a nossos pais e ¡°nos convida a cantar a misericórdia do Senhor¡±.
Caminhar e cantar
Com os dois referidos verbos, caminhar e cantar, o Papa desenvolveu a homilia da celebração evidenciando a figura da Virgem Santa nos Evangelhos e, particularmente, sua presença na vida dos povos latino-americanos.
¡°Caminhou ao Tepeyac para acompanhar Juan Diego e continua caminhando no Continente quando, por meio de uma imagem ou estampa, de uma vela ou de uma medalha, de um Terço ou Ave-Maria, entra numa casa, na cela de um cárcere, na sala de um hospital, num albergue de anciãos, numa escola, numa clínica de reabilitação... para dizer: 'Não estou eu aqui, que sou tua mãe?'¡±
Em Seguida, falou das muitas aprendizagens que podemos obter da ¡°escola de Maria¡±, na qual ¡°aprendemos a estar em caminho para chegar aonde devemos estar: ao pés e de pé diante das muitas vidas que perderam, ou à quais roubaram, a esperança¡±, frisou.
Sacralidade da vida e respeito pela criação
¡°Na escola de Maria aprendemos a caminhar pela cidade e nos alimentamos o coração com a riqueza multicultural que habita o Continente; quando somos capazes de escutar esse coração recôndito que palpita em nossos povos e que custodia ¨C como um pequeno fogo sob aparentes cinzas ¨C o sentido de Deus e de sua transcendência, a sacralidade da vida, o respeito pela criação, os laços da solidariedade, a alegria da arte do bem viver e a capacidade de ser feliz e fazer festa.¡±
Maria caminha carregando a alegria de quem canta as maravilhas que Deus realizou com a pequenez de sua serva, disse ainda Francisco, acrescentando que ¡°na escola de Maria aprendemos que sua vida está marcada não pelo protagonismo, mas pela capacidade de fazer com que os outros sejam protagonistas. Brinda a coragem, ensina a falar e, sobretudo, anima a viver a audácia da fé e da esperança¡±.
Protagonismo que não tem medo da ternura e da carícia
¡°Assim o fez com o indiozinho Juan Diego e com tantos outros que, saindo do anonimato, lhes deu voz, fez conhecer seu rosto e história e os fez protagonistas desta, nossa história de salvação. O Senhor não busca o aplauso egoísta ou a admiração mundana. Sua glória está em fazer seus filhos protagonistas da criação. Com coração de mãe, ela busca levantar e dignificar todos aqueles que, por diferentes razões e circunstâncias, foram imersos no abandono e no esquecimento.¡±
Na escola de Maria ¡°aprendemos o protagonismo que não precisa humilhar, maltratar, desprestigiar ou zombar dos outros para sentir-se valioso ou importante; que não recorre à violência física ou psicológica para sentir-se seguro ou protegido. É o protagonismo que não tem medo da ternura e da carícia, e que sabe que seu melhor rosto é o serviço¡±, destacou o Papa.
Dignificar todo aquele que está caído
Em sua escola ¨C acrescentou ¨C ¡°aprendemos autêntico protagonismo, dignificar todo aquele que está caído e fazê-lo com a força onipotente do amor divino, que é a força irresistível de sua promessa de misericórdia¡±.
¡°Em Maria, o Senhor desmente a tentação de dar destaque à força da intimidação e do poder, ao grito do mais forte ou do fazer-se valer baseado na mentira e na manipulação. Com Maria, o Senhor protege os crentes para que não se lhes endureça o coração e possam conhecer constantemente a renovada e renovadora força da solidariedade, capaz de escutar a batida de Deus no coração dos homens e mulheres de nossos povos.¡±
Filho e irmão latino-americano ¨C foi a exortação final do Santo Padre ¨C ¡°sem medo, canta e caminha como fez tua Mãe¡±.
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