Primeira medita??o da Quaresma 2018: "Aprender a 'desaprender'"
Cidade do Vaticano
Como anunciado por ele mesmo após a oração do Angelus e com seu tuíte do dia, o Papa Francisco deixou o Vaticano domingo (18/02) e se dirigiu a Ariccia, sudeste de Roma, aonde por uma semana, permanecerá em retiro espiritual.
O micro-ônibus do Vaticano deixou a Casa Santa Marta às 16h, levando o Papa e seus colaboradores mais próximos para a casa dos padres Paulinos ¡®, aonde até sábado, (24/02) serão feitos os exercícios espirituais de Quaresma.
A primeira meditação, por obra do sacerdote português José Tolentino de Mendonça, teve como título ¡°Aprendizes do estupor¡±, sugerido pelo Evangelho de João.
No texto, Jesus diz à samaritana apenas três palavras: ¡°Dá-me de beber¡±. Assim como ela se surpreende com tal pedido, nós também ficamos desconcertados ¨C antecipou o pregador ¨C porque estas são as palavras que Jesus dirige a nós:
O cansaço de Jesus
Deste estupor, a meditação passa ao ¡®cansaço de Jesus¡¯ e ao nosso. Podemos entender o diálogo de Jesus com a samaritana somente se mantivermos diante dos olhos o dom sem limites que Jesus faz de si na cruz. Em ambas as circunstâncias, o sol diz que é meio-dia, a hora sexta. É a hora central do dia, o meio do tempo, que marca o antes e o depois. Não é simplesmente a indicação cronológica, mas o símbolo da passagem de Jesus em nós. Por isso, explicou o sacerdote, mesmo que o relógio assinale outro horário, muitas vezes é meio-dia em nossas vidas. Cada vez que nascemos é meio-dia.
Ele veio nos procurar
Quando Jesus pede ¡®Dá-me de beber¡¯, a sua sede não se materializa na água. É uma sede maior. É sede de alcançar as nossas sedes, de entrar em contato com os nossos desertos, com nossas feridas. Nós devemos nos comportar com confiança. Temos que nos reconhecer como ¡®chamados¡¯.
Conhecer o dom de Deus
É o Senhor que toma a iniciativa de vir ao encontro de nós. Ele chega antes ao poço. Quando a samaritana entra em cena, Jesus já está lá, sentado. Quanto maior é o nosso desejo, o de Deus é sempre maior. Citando um trecho do ¡®Livro dos abraços¡¯ do escritor uruguaio Eduardo Galiano, Padre Tolentino completou:
Nossa oração sobe até Deus
Com novas citações, de Tolstoj a Fernando Pessoa, a meditação sugeriu os participantes a ¡°desaprender¡±:
¡°Desaprendamos para aprender aquela graça que tornará possível a vida dentro de nós. Desaprendamos para aprender até que ponto Deus é a nossa raiz, o nosso tempo, a nossa atenção, a nossa contemplação, a nossa companhia, a nossa palavra, o nosso segredo, a nossa escuta, a nossa água e a nossa sede¡±.
Concluindo, Pe. Tolentino exortou os participantes:
¡°Digamos no nosso íntimo, com toda a verdade de que somos capazes: ¡®Senhor, estou aqui à espera do nada¡¯, ¡®Senhor, estou aqui à espera do nada¡¯. Ou seja, estou apenas à espera de ti, à espera do que és, à espera do que me dás¡¯.
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