Elei??es na Guiana: futuro incerto entre o petr¨®leo e a pobreza
Pietro Piga ¨C Cidade do Vaticano
A Guiana está prestes a conhecer o seu 11º Presidente da República. As urnas se fecharam na segunda-feira (1º de setembro) e a previsão é que amanhã (quinta-feira) o país saiba se Mohamed Irfaan Ali manterá as chaves do Palácio Presidencial de Georgetown. O atual presidente, membro do Partido Progressista do Povo/Cívico (PPP/C), é o favorito a um novo mandato de cinco anos. Seu principal concorrente é Aubrey Norton, candidato da oposição parlamentar e líder da Aliança para a Unidade Nacional (APNU). Uma surpresa poderia vir de Azruddin Mohamed que, à frente do movimento Nós Invistimos na Nação (WIN), tenta quebrar o bipartidarismo. Para conter as preocupações com o tempo da apuração, a Comissão Eleitoral estatal assegurou que ¡°é a única autoridade que pode fornecer os resultados¡± e que o fará ¡°o mais rápido possível¡±, enquanto a Missão de Observação Eleitoral da União Europeia também monitora o processo.
Os temas da disputa
Durante a campanha eleitoral, os partidos se confrontaram sobre dois temas principais. De um lado, o contrato com a ExxonMobil, a petroleira norte-americana que, nos últimos dez anos, descobriu importantes jazidas de petróleo no país. A extração do óleo cru provocou uma reviravolta na Guiana: 900 mil barris produzidos por dia, que devem chegar a um milhão até 2030. Desde 2019, sua economia está entre as que mais crescem no mundo. Segundo o Banco Mundial, no ano passado o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) chegou a 43,6%. O Fundo Monetário Internacional (FMI) estima hoje o PIB da Guiana em 26 bilhões de dólares, cinco vezes mais do que em 2019.
Essa nova riqueza, porém, contrasta com o alto índice de pobreza da população. Esse foi o outro grande tema debatido pelas forças políticas durante essas eleições. Apesar do boom petrolífero, a Guiana continua entre os Estados mais carentes da América Latina: em 2019, quase metade (48%) dos 830 mil habitantes eram considerados pobres e sobreviviam com apenas 5 dólares. A população é muito jovem e 95% da superfície do país são coberto por florestas tropicais.
As tensões e o futuro
Nos dias que antecederam a abertura das urnas, o espectro que rondava essas eleições era a Venezuela, com quem a Guiana tem uma importante disputa territorial. O território de Essequibo, reivindicado por ambos os países, atualmente corresponde a dois terços da área terrestre da Guiana. A fronteira terrestre com a Venezuela, a oeste, é a segunda maior do país, logo após a fronteira sul com o Brasil. A região localizada entre o rio Essequibo e a divisa com a Venezuela abriga grupos indígenas e é rica em recursos naturais, florestais e agrícolas.
Para resolver a disputa, que também envolve as fronteiras marítimas entre os países, Georgetown recorreu ao Tribunal Internacional de Haia. A hostilidade entre os países se acirrou justamente na véspera da votação, com um incidente no rio Cuyuni, fronteira com a Venezuela. Uma embarcação com funcionários eleitorais a bordo foi alvo de disparos vindos da ¡°margem venezuelana¡± e depois ¡°respondeu imediatamente ao fogo¡±. Ao confronto seguiram-se trocas de acusações. Esse tema quente também estará nas mãos do 11º Presidente da República Cooperativa da Guiana.
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