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Giordano Contu - Beirute
Os aromas do bistrô da Rue Huvelin misturam-se à conversa dos estudantes. A rua leva o nome de um professor de direito francês que fundou a faculdade de direito da Universidade Católica de São José, em Beirute. Ele se chamava Paul. Rue Huvelin também é um filme que narra o movimento estudantil durante a guerra civil libanesa. A partir desta rua, tentamos entender como o País dos Cedros olha para o futuro nos dias de hoje.
Após uma das piores crises financeiras de sua história, vislumbram-se sinais concretos de recuperação. A inflação caiu pela metade, 60.000 liras por dólar. O PIB, após cair 60% nos últimos cinco anos, está se recuperando. O Líbano embarcou no caminho da reforma e do diálogo com instituições internacionais. Essa mudança, embora frágil, é impulsionada por um novo compromisso com a transparência, o combate à corrupção, a prestação de contas pública e a revitalização da economia real.
Esperança depositada nos jovens
"A educação hoje é verdadeiramente importante. É a maneira em que fornecemos às novas gerações os instrumentos, os valores e a mentalidade para construir um Líbano pacífico e unido", explica à Rádio Vaticano o professor Fouad Zmokhol, reitor da Faculdade de Economia e Gestão da Universidade Saint Joseph (USJ) em Beirute. "Por meio do diálogo, da comunicação e da aceitação do outro, estamos construindo o país do amanhã."
Dois estudantes param para conversar com o professor enquanto o entrevistamos no jardim arborizado da Rua Huvelin. "Os jovens que vocês veem aqui representam o Líbano que queremos ver: uma geração que rejeita a guerra, a corrupção e a divisão." Zmokhol acredita na educação e nos jovens. No primeiro caso, ele acredita "que as ideias das novas gerações são uma 'força disruptiva'."
As raízes profundas da Crise
As palavras de Zmokhol, empresário e presidente da Confederação Internacional dos Empresários Libaneses (Midel), reiteram que o capital humano continua sendo o bem mais valioso do Líbano. No entanto, muitos jovens libaneses ainda emigram em busca de oportunidades e um futuro melhor. A crise, no entanto, tem raízes profundas.
"Por 20 anos, o Banco Central do Líbano defendeu um modelo financeiro baseado em dívida a taxa fixa, com uma taxa de câmbio de 1.500 libras libanesas por dólar, drenando os depósitos da diáspora e financiando um orçamento público cronicamente deficitário", explica Zmokhol. Além disso, para atrair capital estrangeiro, o governo, por meio do Banco Central Libanês, que garantia aos bancos, concedeu a esses investidores taxas de juros altíssimas. Até que se tornou impossível pagar os juros e também o capital.
"A engrenagem colapsou no outono de 2019, quando as pessoas foram às ruas denunciar a corrupção endêmica e a escassez de liquidez dos bancos." Por esse motivo, em março de 2020, o governo declarou a falência do país, fechando o sistema bancário. Isso teve um efeito duplo: as pessoas não podiam sacar seu dinheiro em dólares do banco, enquanto a desvalorização da libra libanesa empurrou mais de 80% dos cidadãos para abaixo da linha da pobreza. "A lira - continua o professor - perdeu 98% do seu valor, e os poupadores perderam mais de 90% dos seus depósitos em moeda. Sem um presidente da República e um governo estável, as negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) estagnaram por dois anos. A crise foi ainda mais agravada pela pandemia e pelos choques energéticos internacionais. Em cinco anos, o PIB do Líbano despencou de US$ 50 bilhões para menos de US$ 20 bilhões."
Mudança por meio de reformas
No início de 2024, o novo governo "Reformas e Salvação" reabriu as negociações. "O Fundo Monetário Internacional promete ajudas de até US$ 4 bilhões ao longo de quatro anos em troca de reformas sérias: transparência nas finanças públicas, maior supervisão do Banco Central Libanês e dos principais ministérios, combate à evasão fiscal e reestruturação do sistema bancário. O plano do governo também inclui a abolição de certos subsídios, a digitalização da administração pública e o envolvimento da diáspora (mais de oito milhões de libaneses em todo o mundo) na criação de infraestrutura para a economia verde e startups." "A cooperação mediterrânea e o acesso aos mercados africanos são outras alavancas de recuperação", conclui Zmokhol. O caminho do Líbano ainda é incerto, mas a vontade de mudança é real. A esperança em Beirute não parece mais ilusória. "É hora de virar a página: a paz será o pilar mais importante do nosso futuro."
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