Mais de 100 ONGs denunciam "fome em massa em Gaza"
Vatican News
Não se trata apenas da violência das armas. A fome e a desnutrição também estão matando na Faixa de Gaza, causando um "horror sem precedentes" ¡ª nas palavras do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, em discurso ao Conselho de Segurança ¡ª sobretudo nos últimos dias. Pelo menos 33 pessoas morreram desde domingo, incluindo 12 crianças, porque não tinham o que comer e seus corpos se deterioraram rapidamente, confirma Zaher al-Waheidi, diretor da unidade de informação das autoridades de saúde locais.
Onu: "Mil mortos enquanto buscavam comida"
Mas até mesmo procurar comida ou esperar na fila para distribuição de ajuda em centros administrados pela Fundação Humanitária de Gaza, criada especificamente por Israel e pelos Estados Unidos, tornou-se tão perigoso quanto entrar nas trincheiras. Em dois meses, aproximadamente 1.000 pessoas famintas foram mortas na Faixa de Gaza em busca de comida e água, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos. "Atiradores de elite disparam aleatoriamente contra a multidão como se tivessem licença para matar. Uma caçada humana em larga escala, com total impunidade", denuncia a Unrwa, agência das Nações Unidas para o socorro e a ocupação dos refugiados palestinos no Oriente Médio.
Alarme de 111 ONGs: "Fome em massa na Faixa"
"Uma fome em massa", batendo em todas as portas, denunciam em um comunicado conjunto 111 ONGs (incluindo Médicos Sem Fronteiras, Anistia Internacional, Oxfam e Caritas), da qual não escapam nem mesmo seus agentes que atuam em campo. "O sistema humanitário liderado pela Onu não falhou; está sendo impedido de funcionar", diz o comunicado: "Matar civis de fome como arma de guerra é um crime de guerra". Portanto, as organizações humanitárias pedem um cessar-fogo imediato, a abertura de passagens terrestres e a garantia do fluxo irrestrito de ajuda. Porque recusá-los "não é um atraso, mas uma condenação: a fome é algo inconcebível", disse o patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, numa coletiva de imprensa nesta quarta-feira com o patriarca ortodoxo, Teófilo III.
Milhares nas ruas em Telaviv contra o governo
No entanto, Israel se justificou mais uma vez, alegando que o exército não identificou nenhuma situação de fome, e o Cogat (órgão israelense de coordenação das atividades governamentais nos Territórios palestinos) atribuiu o bloqueio de 950 caminhões carregados com ajudas humanitárias nos postos fronteiriços de Kerem Shalom e Zikim às lentidões burocráticas das Nações Unidas, que ainda não teriam retirado as ajudas. No entanto, uma carta instando o Cogat a garantir o fluxo de suprimentos médicos e bens essenciais também foi endereçada à organização pela Associação Médica Israelense, que foi informada de que "as Forças de Defesa de Israel facilitam constante e sistematicamente" sua entrada.
Essas declarações chocantes geraram indignação até mesmo dentro de Israel. Na quarta-feira, milhares de manifestantes marcharam em Telaviv, chamando a atenção para a crescente fome no enclave palestino e exigindo o fim da guerra. Partindo da Praça Habima, eles se dirigiram ao centro da cidade, carregando sacos de farinha e fotos de crianças de Gaza "mortas de fome, simplesmente mortas de fome", gritavam. "Eles nos dizem que não há fome, é mentira", disse um manifestante, apontando para fotos de crianças desnutridas.
Jornalistas também sofrem de desnutrição
Trabalhadores da mídia na Faixa de Gaza também estão exaustos e famintos a ponto de não conseguirem trabalhar. Seguindo o sindicato da Afp, o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) também denunciou isso. Se "no início do conflito tentávamos documentar e reportar a guerra, agora estamos tentando sobreviver", disse Moath al-Kahlout, correspondente da emissora Al Jazeera. O sofrimento infligido aos jornalistas, acusa o CPJ, é "deliberado, para silenciar a verdade".
Mais ataques israelenses: pelo menos 21 mortos esta quinta
A escassez de alimentos continua a ser agravada pela brutalidade das armas. Na manhã desta quinta-feira, pelo menos 21 pessoas foram mortas em ataques das Forças de Defesa de Israel (IDF) em território palestino, relata a Afp, citando fontes hospitalares palestinas. Segundo dados fornecidos pelas autoridades de saúde locais, mais da metade eram mulheres e crianças. Mas, diante dessa dinâmica de derramamento de sangue e violência, as negociações para a trégua em andamento em Doha, no Catar, ainda não chegaram a uma conclusão, embora fontes sauditas relatem que a maioria das questões contenciosas já foi resolvida. E esta sexta-feira, de acordo com Axios, o enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff, deve se reunir com o ministro israelense de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, e um alto enviado do Catar em Roma.
O Knesset aprova moção para anexar a Cisjordânia
Enquanto isso, no âmbito interno israelense, o líder da oposição Yair Lapid acusa Benjamin Netanyahu de manobrar para isentar milhares de judeus ultraortodoxos (haredi) do alistamento militar antes das eleições do Likud. Por outro lado, a decisão do Knesset de iniciar a partir desta quinta-feira o debate sobre uma moção para anexar a Cisjordânia a Israel é destinada a gerar polêmica. Essa proposta, apresentada por representantes de partidos religiosos de extrema direita e um membro do Likud, também é apoiada ¡ª juntamente com a anexação de Gaza ¡ª pelos membros mais radicais do governo.
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