ÐÓMAPµ¼º½

Busca

Acampamento em Kaya, Burkina Faso, abriga pessoas que fogem dos grupos armados na regi?o do Sahel (REUTERS/Zonra Bensemra) Acampamento em Kaya, Burkina Faso, abriga pessoas que fogem dos grupos armados na regi?o do Sahel (REUTERS/Zonra Bensemra) 

Desola??o ¨¦ um dos novos nomes dados para ¨¢reas do Sahel

"A desola??o acompanhou estes tr¨ºs anos vividos no Sahel, um ¡®espa?o entre as duas margens¡¯. Milhares de migrantes sabem muito bem disso porque, durante d¨¦cadas ou s¨¦culos, sempre passaram de uma margem ¨¤ outra, nesta regi?o africana, fronteiras cada vez mais armadas e menos hospitaleiras: comerciantes, contrabandistas, bandidos, grupos terroristas armados, Jihadistas e antigas caravanas disputam o saque das salinas¡±, conta mission¨¢rio italiano.

"Após três anos de ausência, devido à minha permanência na Itália, aconteceram muitas coisas, mas outras poderiam ter acontecido. Entre elas, quero destacar a libertação do meu amigo e companheiro de viagem, padre Pierluigi Maccalli, que permaneceu mais de dois anos em cativeiro no deserto do Saara. No mês de outubro, as notícias começaram a circular entre os fiéis de Niamey, que jamais deixaram de rezar pela libertação do sacerdote. No entanto, continuavam os sequestros, as matanças e os sofrimentos no país, sem chamar minimamente a atenção da mídia: centenas de camponeses massacrados, milhares de desalojados, crianças aterrorizadas, escolas e dispensários fechados¡±. Esse é o relato do missionário da Sociedade para as Missões Africanas (SMA), padre Mauro Armanino, antes de partir de Niamey para a Itália, ao falar sobre a situação da região onde exerce seu ministério.

O sacerdote acrescenta: ¡°Desolação: eis um dos novos nomes dados para as muitas áreas do Sahel. A desolação acompanhou estes três anos vividos no Sahel, um ¡®espaço entre as duas margens¡¯. Milhares de migrantes sabem muito bem disso porque, durante décadas ou séculos, sempre passaram de uma margem à outra, nesta região africana, fronteiras cada vez mais armadas e menos hospitaleiras: comerciantes, contrabandistas, bandidos, grupos terroristas armados, Jihadistas e antigas caravanas disputam o saque das salinas¡±.

¡°Depois, continua o missionário, foi a vez do totalitarismo no campo da saúde: doenças, pandemias, temores¡­ As pessoas continuavam a morrer de malária, fome e violência armada, mas precisavam atravessar as fronteiras para lavar as mãos (quando havia água), manter a distância e, sobretudo, aprender a vacinar-se¡±.

A seguir, nestes três anos, foi a vez dos senhores da estrada, como narra ainda o padre Mauro Armanino: ¡°Os jumentos, que puxam as carroças, são espancados a cada pouco; os camelos seguem em fila; as manadas de bois alimentam-se das plantas que o município plantou na temporada anterior; os cabritos contam os dias para serem sacrificados, como a passagem bíblica de Abraão¡±.

O missionário acrescenta ainda, que ¡°as ruas de Niamey são cobertas todas as noites pela areia, que os faxineiros limpam na manhã seguinte, antes de se tornar emmais densas; os alto-falantes convidam os fiéis a rezar, várias vezes ao dia, começando desde o alvorecer; os escritórios abrem segundo as circunstâncias e os inevitáveis funerais, que não faltam semanalmente; o desfile rumoroso de carros e motos que acompanham os casamentos, que duram alguns meses, mas tentam novamente em outro lugar; os vendedores de tudo, que aparecem e desaparecem, dependendo do dia e do período do ano. Enfim, enquanto os desempregados vivem à espera, as matronas, elegantes com seus véus, como rainhas, desfilam para fazer shopping¡±.

*Com Agência Fides

Obrigado por ter lido este artigo. Se quiser se manter atualizado, assine a nossa newsletter clicando aqui e se inscreva no nosso canal do WhatsApp

26 julho 2022, 13:26