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O projeto de nome ¡°Lona na Lua¡± O projeto de nome ¡°Lona na Lua¡±  

A arte como ferramenta de inclus?o social transforma vidas

Oficinas apresentam um universo de possibilidades para crian?as e jovens, atrav¨¦s de uma arte que pulsa de verdade

Ingrid Bianchini ¨C Jornalista e Publicitária

O projeto de nome ¡°Lona na Lua¡± existe há mais de uma década, na cidade de Rio Bonito, no interior do Estado do Rio de Janeiro.  Seu fundador, o persistente ator Zeca Novais, conta que crescer em uma cidade sem teatro, sem cinema ou qualquer equipamento em que pudesse fazer a sua arte, o levou a sonhar. ¡°Sempre quis fazer cinema, novela, atuar em teatros, mas com a derrota das tentativas, compreendi que a minha missão era construir palcos, para que não houvesse outros zecas.

E como em contos, em uma noite estrelada, no ano de 2009, no alto da Serra de Sambê, em Rio Bonito, reunido com amigos e partilhando o sonho de construir lonas para dar aulas de música, dança, teatro, um amigo disse: 'Zeca, Lona na lua!' Emocionei-me muito, e ali nasce essa loucura! Não tinha lona, não tinha nada. Mas, quem constrói lona na lua, pode chegar a qualquer lugar com a arte!¡± um momento mágico, relembra emocionado o ator.

Zeca Novais
Zeca Novais

Lona na lua, um sonho possível

"O movimento lona na lua é, por vezes, a única opção cultural da cidade. Em sua trajetória, já atendeu mais de 3 mil crianças e jovens, tornando-se referência em sua metodologia de ensino. Assim, o sonho chega, no ano de 2021 a Tanguá, o segundo município mais pobre do interior do Estado do Rio de Janeiro. O fundador tem uma explicação interessante para esta expansão: ¡°sou formado em teimosia, com pós em resistência e doutorado em cara de pau, e assim pretendo, até 2030, espalhar 20 lonas em cidades do interior do Brasil. O projeto sempre foi e é gratuito; acolhemos crianças e jovens, dos 6 aos 18 anos de idade, com deficiência ou não. A lona é um espaço inclusivo, adaptado, com rampas de acesso. É um movimento muito simples, mas onde há muito amor e verdade!¡±

O tripé: Família, Comunidade e Escola

 "A vida financeira é vital, seja para projetos, ações e/ou ONG¡¯s. O time de profissionais do Lona recebeu consultorias para a criação de um plano de negócio social, com o objetivo de desenvolver e expandir o trabalho. Como são ofertadas sete oficinas regulares, Cinema, Circo, Dança, Teatro, Música, Roteiro, Cenografia e figurino, os espetáculos, apresentados na cidade e adjacências, contribuem diretamente para a sustentabilidade do projeto.

O Lona é uma ferramenta de transformação, unida ao tripé: família, comunidade e escola. Os alunos precisam estar matriculados nas escolas públicas, privadas ou centros de educações especiais. E após adquirirem a formação, muitos se tornam instrutores. É a oportunidade do primeiro emprego.

E de acordo com o Zeca, ¡°alguns ajudam a família com a renda, outros estão investindo na faculdade, e assim o ciclo transformador acontece.¡± Você pode conferir neste vídeo do Instrutor Weslley Gregório. 

A beleza da arte

Os jovens são atraídos pelo belo, e a dança e a música, trazem esta graça do movimento ritmado, da alegria, do envolver-se. Aliás, a música está presente desde a pré-história, em núcleos mais isolados, como tribos indígenas, e seguirá até a finitude. Estudos mostram que não houve civilização sem música! E não é diferente no Lona. A dança e a música são apresentadas com toda a sua beleza e como forma de resgate, que retira os jovens da ociosidade. ¡°Apresentar a beleza para combater o mundão feio lá fora!

Queremos apresentar para esta meninada um universo de possibilidades, com a transformação de caráter, formação de elos. Sabemos que na adolescência há uma explosão de hormônios e a arte pode canalizar esta energia, e eles a usarem para construir um caminho digno, bonito. Eles vão conhecer um mundo, que talvez, se não tivesse uma lona, não conheceriam...eu não tive isso na minha época e lamento¡± conclui Zeca Novais.

O prêmio da Vida

Prestes a completar, no próximo dia 17 de maio, 13 anos de fundação, o projeto Lona na Lua ganhou diversos prêmios, como Medalha Leir Moraes, Prêmio de Cultura do Estado do Rio de Janeiro e Selo Favela Criativa, entre outros. Tudo por intermédio de um jovem sonhador, que tem como prêmio da vida ver uma criança que nunca foi ao teatro, chegar à Lona e se encantar... ¡°Eu gosto de falar da simplicidade da arte.

Eu acredito na arte que forma, agrega, que transforma e estabelece elos nas famílias. A missão das pessoas que estão aqui debaixo desta lona é servir!¡±

Especialistas confirmam: a arte pode influenciar na transformação humana ¡°O contato com a musicalidade é de extrema importância, pois proporciona o desenvolvimento de diversas potencialidades, e os benefícios são enormes.

Desde aspectos emocionais, aprendendo a lidar com os sentimentos e auxiliando na socialização, ao estimulo da parte cognitiva do cérebro, ajudando no processo de aprendizagem e o desenvolvimento da disciplina e autoconfiança, através de cada desafio alcançado. É importante lembrar que um jovem que participa desse universo de musicalidade adquire interesse pela arte e pela cultura, valores que estão sendo esquecidos, e assim, futuramente poderão colaborar com enriquecimento cultural do país,¡± afirma a Professora de musicalização Meire Lima.

Professora Meire
Professora Meire

O músico e engenheiro Gil Monteiro conta sua experiência através da música. Parceira, desde pequeno, quando iniciou as aulas de violão, ¡°a música tem uma coisa de matemática, a formação dos acordes, tudo o mais, ajuda no desenvolvimento, mas não para só aí, tem uma frase que diz: mas se as palavras fossem suficientes, a gente só dizia não precisaria cantar!¡± E afirma, como Zeca Novais, que a beleza da arte, ajuda muito a crianças e adolescentes nas fases da vida. ¡°Passei por uma experiência, quando participei de alguns projetos na fundação casa antiga FEBEM, no Estado de São Paulo.

A equipe tentou fazer a abordagem e desenvolver o projeto de várias formas: palestras, jogos, mas sem sucesso. Foi quando decidimos colocar música! Chegamos no Rap. Trabalhamos com eles, colocamos letras que auxiliassem dentro do projeto. A ideia se tornou um festival, uma competição de rap. O vencedor teve a música gravada. Foi algo muito impactante, e mais interessante, encontrar com algum desses jovens, fora da fundação, casados, trabalhando e sendo pessoas melhores, sabendo que aquele conteúdo da música auxiliou em muito, a formação do caráter e a transformação da vida¡± relata Gil. A Arte Cura.

Gil Monteiro
Gil Monteiro

Musicoterapia

Foi durante a Segunda Guerra Mundial, que enfermeiros chamavam os músicos para tocar na ala dos feridos para os quais não havia mais recursos médicos para tratar. Então percebeu-se que houve respostas clínicas, como amenização de dor, estimulo de melhora nesses quadros clínicos. Ali, a ciência despertou para estudar o efeito da música na reabilitação do ser humano. Foi o primeiro sinal científico da musicoterapia. Esta ciência utiliza-se da música e de seus elementos de som, ritmo, melodia e harmonia, num processo que facilita a comunicação, relação, aprendizagem, mobilização, expressão, organização e outros objetivos terapêuticos relevantes, no sentido de alcançar necessidades físicas, emocionais, mentais, sociais e cognitivas. Seu tratamento é indicado para diversos quadros, como gestantes, crianças da primeira infância, adolescentes e idosos, assim como portadores de necessidades especiais. Para o musicoterapeuta Paulo Santi, ULM-SP, ¡°utilizar os recursos e instrumentos musicais para despertar o interesse dos pacientes, que se divertem, enquanto são intensamente estimulados¡± é a sua missão. Um exemplo é seu trabalho com jovens que sofrem com a ansiedade, ¡°na musicoterapia eu trabalho com eles o tempo de espera. O silêncio. Música também é silêncio! Um instrumento que utilizo é a bateria eletrônica, que permite modificar o som conforme a necessidade terapêutica, terapia não verbal. Utilizo a ferramenta bumbo. Cada peça me permite um som, com um determinado tempo de duração. Isso faz com que o paciente precise aguardar o término de um para iniciar o próximo som. Parece besteira, mas muitos têm dificuldade em realizar este desafio da espera," conta Paulo. ¡°Outra técnica são as terapias coletivas, nas quais o grupo de adolescentes ou jovens toca instrumentos em grupo e desenvolve melhor a relação musical. Não é preciso saber tocar o instrumento, pode ser uma percussão, por exemplo, mas ali se permitir ser dirigido e tocar em conjunto de maneira coordenada, traz um benefício muito grande através deste recurso musical¡±

¡°Eu gosto de falar da simplicidade da arte. Eu acredito na arte que forma, agrega, que transforma e estabelece elos nas famílias. A missão das pessoas que estão aqui debaixo desta lona é servir!¡±

Fonte: Revista Família Cristã

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13 maio 2022, 09:48