Covid-19 avan?a pelo interior do Maranh?o e j¨¢ circula pelas aldeias ind¨ªgenas
Andressa Collet ¨C Cidade do Vaticano
O testemunho é de Marcelo Gavião da Terra Indígena Governador, no município de Amarante, interior do Maranhão, onde já foi instalada uma espécie de barreira para diminuir ¡°a circulação entre os indígenas neste momento de pandemia. É uma forma de se proteger¡±, afirma Gilderlan Rodrigues da Silva, coordenador local do Cimi, o Conselho Indigenista Missionário da CNBB.
A situação acaba sendo agravada pela falta de acompanhamento profissional sanitário. Marcelo denuncia que a equipe multidisciplinar de saúde indígena ¨C que atua na prevenção de doenças e na promoção da saúde ¨C não tem comparecido no local para ajudar a comunidade Gavião.
¡°Para qualquer um que perguntar aqui na aldeia vão dizer que não tem profissional na área. A comunidade precisa desse profissional na aldeia. O povo Gavião não gosta e não mora na cidade, e os profissionais ficam mais na cidade. Isso que a gente não entende. A gente precisa urgente de profissionais aqui.¡±
Precariedade na assistência sanitária das aldeias
No Território Indígena do Rio Pindaré, no interior do município de Bom Jardim, a mais de 200 Km de São Luís, a situação não é diferente: as aldeias também estão descobertas de profissionais, ou por serem suspeitos do contágio ou pela falta de material de trabalho. O médico Cristian Franzoi, que faz parte de uma equipe multidisciplinar de saúde indígena, explica em entrevista à Rede de Notícias da Amazônia, porém, que foi feito um trabalho importante de sensibilização junto às comunidades sobre a gravidade da Covid-19. Já no final de março foram promovidas palestras na região para orientar sobre o período que estava por vir, com o objetivo de controlar a chegada do coronavírus nas aldeias.
Agora, porém, com o registro de morte e casos suspeitos confirmados, ¡°e a circulação muito grande de indígenas entre uma aldeia e outra, a chance do vírus contaminar todas as aldeias é muito grande¡±. O médico confirma, ainda, a precariedade no trabalho diário: ¡°EPIs em falta e um longo período sem máscaras e sem álcool¡±: "nunca foi o ideal o apoio que a gente tem do município, estão sempre deixando a desejar":
Os números da pandemia no Maranhão
O Maranhão está entre os 10 Estados do país mais afetados pela pandemia. Segundo dados do último , de 26 de maio, sobre o impacto da Covid-19 nos povos indígenas, o Brasil já registrava 731 casos confirmados e 116 pessoas que morreram vítimas da doença. No Maranhão, segundo dados do Cimi de 29 de maio, 76 indígenas foram testados positivos e 3 morreram, suspeitos de terem sido infectados pelo coronavírus.
A atuação da Igreja para ajudar os indígenas
O bispo referencial das Pastorais Sociais do Maranhão e presidente da Comissão Sociotransformadora da CNBB, dom José Valdeci Santos Mendes, descreve o momento como de ¡°muita aflição e dificuldade¡±, sobretudo pela baixa capacidade de leitos de UTI nos hospitais, inclusive naqueles regionais, o que se torna uma situação ¡°muito desafiadora¡±. O bispo da diocese de Brejo explica ainda que a Igreja tem se articulado através das dioceses, das Pastorais Sociais, da Repam e do Cimi junto às comunidades diante do crescimento ¡°assustador do número de infectados e de mortos¡± por coronavírus que tem chegado às comunidades tradicionais, dos indígenas, pescadores e ribeirinhos.
¡°Nós olhamos os povos indígenas, uns protegendo os outros, exatamente para o isolamento social, evitando que outras pessoas cheguem aos seus territórios. É um testemunho muito bonito! Nas próprias dioceses, onde têm os povos indígenas, existe essa preocupação juntamente com o Cimi. Junto com a campanha da Caritas, para a doação de cestas básicas, é nesse sentido que nós vamos caminhando, ajudando e despertando para a conscientização dessa pandemia, dos perigos que vêm contra a vida do nosso povo.¡±
Colaboração: Rede de Notícias da Amazônia e Repam Brasil
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