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Covid-19 avan?a pelo interior do Maranh?o e j¨¢ circula pelas aldeias ind¨ªgenas

O bispo referencial das Pastorais Sociais do Maranh?o e presidente da Comiss?o Sociotransformadora da CNBB, dom Jos¨¦ Valdeci Santos Mendes, descreve o momento como de ¡°muita afli??o e dificuldade¡±, diante do crescimento ¡°assustador do n¨²mero de infectados e de mortos¡± por coronav¨ªrus junto ¨¤s comunidades tradicionais. Nas aldeias j¨¢ s?o quase 80 infectados, com mortes suspeitas pela doen?a, causando preocupa??o pela circula??o r¨¢pida que pode acontecer dentro das pr¨®prias comunidades ind¨ªgenas.

Andressa Collet ¨C Cidade do Vaticano

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¡°Aqui todos estão praticamente com esses sintomas gripais: febre, tosse, dor muscular, que fecham com os sintomas do coronavírus. Não tem nem xarope, não tem nada. Aqui, aqueles que foram para o hospital, estavam passando mal mesmo, fizeram o teste, e foi diagnosticado. Se vier um teste aqui para a aldeia é todo mundo! É todo mundo! É triste, é triste ver essa situação.¡±

O testemunho é de Marcelo Gavião da Terra Indígena Governador, no município de Amarante, interior do Maranhão, onde já foi instalada uma espécie de barreira para diminuir ¡°a circulação entre os indígenas neste momento de pandemia. É uma forma de se proteger¡±, afirma Gilderlan Rodrigues da Silva, coordenador local do Cimi, o Conselho Indigenista Missionário da CNBB.

A barreira da Terra Indígena Governador
A barreira da Terra Indígena Governador

A situação acaba sendo agravada pela falta de acompanhamento profissional sanitário. Marcelo denuncia que a equipe multidisciplinar de saúde indígena ¨C que atua na prevenção de doenças e na promoção da saúde ¨C não tem comparecido no local para ajudar a comunidade Gavião.

¡°Para qualquer um que perguntar aqui na aldeia vão dizer que não tem profissional na área. A comunidade precisa desse profissional na aldeia. O povo Gavião não gosta e não mora na cidade, e os profissionais ficam mais na cidade. Isso que a gente não entende. A gente precisa urgente de profissionais aqui.¡±

Precariedade na assistência sanitária das aldeias

No Território Indígena do Rio Pindaré, no interior do município de Bom Jardim, a mais de 200 Km de São Luís, a situação não é diferente: as aldeias também estão descobertas de profissionais, ou por serem suspeitos do contágio ou pela falta de material de trabalho. O médico Cristian Franzoi, que faz parte de uma equipe multidisciplinar de saúde indígena, explica em entrevista à Rede de Notícias da Amazônia, porém, que foi feito um trabalho importante de sensibilização junto às comunidades sobre a gravidade da Covid-19. Já no final de março foram promovidas palestras na região para orientar sobre o período que estava por vir, com o objetivo de controlar a chegada do coronavírus nas aldeias.

Agora, porém, com o registro de morte e casos suspeitos confirmados, ¡°e a circulação muito grande de indígenas entre uma aldeia e outra, a chance do vírus contaminar todas as aldeias é muito grande¡±. O médico confirma, ainda, a precariedade no trabalho diário: ¡°EPIs em falta e um longo período sem máscaras e sem álcool¡±: "nunca foi o ideal o apoio que a gente tem do município, estão sempre deixando a desejar":

¡°A gente está sempre implorando para conseguir os materiais, como receituários e medicamentos. Esse apoio nunca foi o ideal. E agora a gente está com esse desafio de tentar evitar a contaminação em massa.¡±

Os números da pandemia no Maranhão

O Maranhão está entre os 10 Estados do país mais afetados pela pandemia. Segundo dados do último , de 26 de maio, sobre o impacto da Covid-19 nos povos indígenas, o Brasil já registrava 731 casos confirmados e 116 pessoas que morreram vítimas da doença. No Maranhão, segundo dados do Cimi de 29 de maio, 76 indígenas foram testados positivos e 3 morreram, suspeitos de terem sido infectados pelo coronavírus.

A atuação da Igreja para ajudar os indígenas

O bispo referencial das Pastorais Sociais do Maranhão e presidente da Comissão Sociotransformadora da CNBB, dom José Valdeci Santos Mendes, descreve o momento como de ¡°muita aflição e dificuldade¡±, sobretudo pela baixa capacidade de leitos de UTI nos hospitais, inclusive naqueles regionais, o que se torna uma situação ¡°muito desafiadora¡±. O bispo da diocese de Brejo explica ainda que a Igreja tem se articulado através das dioceses, das Pastorais Sociais, da Repam e do Cimi junto às comunidades diante do crescimento ¡°assustador do número de infectados e de mortos¡± por coronavírus que tem chegado às comunidades tradicionais, dos indígenas, pescadores e ribeirinhos.

¡°Nós olhamos os povos indígenas, uns protegendo os outros, exatamente para o isolamento social, evitando que outras pessoas cheguem aos seus territórios. É um testemunho muito bonito! Nas próprias dioceses, onde têm os povos indígenas, existe essa preocupação juntamente com o Cimi. Junto com a campanha da Caritas, para a doação de cestas básicas, é nesse sentido que nós vamos caminhando, ajudando e despertando para a conscientização dessa pandemia, dos perigos que vêm contra a vida do nosso povo.¡±

Colaboração: Rede de Notícias da Amazônia e Repam Brasil

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29 maio 2020, 18:28