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Cristo Redentor - Rio de Janeiro Cristo Redentor - Rio de Janeiro 

Do sonho dos fi¨¦is ao Santu¨¢rio: a verdade sobre o Cristo Redentor

Hist¨®ria do Cristo Redentor ¨C Uma hist¨®ria de f¨¦ que virou s¨ªmbolo do Brasil.

Vatican News

O Monumento ao Cristo Redentor fica no alto do Morro do Corcovado e tem ao redor a Floresta da Tijuca. Inaugurado em 1931, tornou-se um ícone da fé e um símbolo nacional brasileiro.

A ideia de construir uma grande imagem de Cristo no Rio de Janeiro surgiu no início do século XX, com forte motivação religiosa. Em 1921, como parte das comemorações do centenário da Independência do Brasil, a Igreja Católica lançou uma campanha nacional para arrecadar doações entre os fiéis e viabilizar o projeto. O engenheiro brasileiro Heitor da Silva Costa concebeu a estrutura interna de concreto armado, enquanto o artista franco-polonês Paul Landowski elaborou o projeto estético e esculpiu em Paris os moldes em gesso de partes do monumento (como a cabeça e as mãos). As peças foram trazidas ao Brasil e montadas sobre o Morro do Corcovado, um pico de 710 metros na Floresta da Tijuca. Após cerca de cinco anos de obras, o monumento foi inaugurado em 12 de outubro de 1931, em uma grande celebração que reuniu autoridades e uma multidão de fiéis.

Desde então, o Cristo Redentor tornou-se um dos maiores cartões-postais do país e um símbolo da cidade do Rio. Com 30 m de altura (ou 38 m com pedestal), domina a paisagem carioca e pode ser avistado de diversos pontos da cidade. Para muitos, sua imagem de braços abertos representa acolhimento, proteção e paz, sintetizando os valores de fé, amor e esperança do povo brasileiro. Em reconhecimento a seu impacto cultural e religioso, o Cristo Redentor foi eleito uma das ¡°Novas Sete Maravilhas do Mundo Moderno" em 2007 e integra, desde 2012, a paisagem do Rio de Janeiro, tombada como Patrimônio Mundial pela UNESCO.

É importante destacar que, ao contrário de um mito difundido, o Cristo Redentor não foi um ¡°presente da França¡± ao Brasil. Embora Paul Landowski tenha contribuído com o design artístico, o Cristo Redentor é criação brasileira ¡ª idealizado e financiado pelos brasileiros por meio de doações organizadas pela Igreja Católica.

Outro aspecto marcante da construção é que não houve nenhum acidente grave registrado durante as obras, fato considerado quase um milagre dadas as condições desafiadoras ¨C operários trabalhavam suspensos em altos andaimes, sujeitos a ventos fortes na montanha. Ao longo de quase 100 anos desde sua inauguração, o monumento passou por diversos trabalhos de manutenção e restauro (notadamente em 1980, 1990, 2010 e 2021), mas nunca sofreu danos estruturais significativos ou incidentes que comprometessem sua integridade. Assim, o Cristo Redentor permanece de pé, imponente e seguro, testemunhando gerações e consagrando-se não só como símbolo religioso, mas também como um patrimônio cultural cuidadosamente preservado do Brasil.

O que é um Santuário na prática?

Santuário é o nome dado a um local sagrado de especial significado religioso, para onde vão numerosos peregrinos movidos pela fé e pela devoção popular. Trata-se, geralmente, de igrejas ou espaços de culto associados a algum evento ou objeto de veneração que inspire uma devoção duradoura. No caso do Cristo Redentor, além de monumento turístico, ele é reconhecido oficialmente como o Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor, o primeiro santuário a céu aberto do mundo. Isso significa que o topo do Morro do Corcovado não é apenas um mirante ou ponto turístico, mas um lugar de culto ativo, com celebrações religiosas diárias, administração eclesiástica própria e serviços pastorais oferecidos aos fiéis e visitantes.

Nos santuários, a Igreja procura oferecer de forma abundante todos os meios de vivência da fé. Conforme as diretrizes católicas, ¡°nos santuários, os meios de salvação devem ser oferecidos mais abundantemente aos fiéis, proclamando-se zelosamente a Palavra de Deus, intensificando a vida litúrgica ¨C especialmente pela Eucaristia e pela Penitência ¨C e cultivando-se as formas aprovadas de piedade popular¡±. Em outras palavras, um santuário é um lugar privilegiado onde se unem a Liturgia oficial da Igreja (Missas, Sacramentos, pregações) e as expressões de fé popular (romarias, promessas, orações pessoais), em harmonia e complementaridade. No Santuário Cristo Redentor, turismo e devoção religiosa se encontram e se enriquecem ¡ª visitantes de todas as partes do mundo sobem ao Corcovado para admirar a vista e a grandeza do monumento, mas são naturalmente convidados à reflexão e à oração ao se depararem com a imagem do Cristo de braços abertos. Peregrinos também se dirigem regularmente ao Cristo Redentor movidos pela fé, seja para cumprir promessas, agradecer graças alcançadas ou simplesmente vivenciar a espiritualidade do local. Na Capela Nossa Senhora Aparecida, aos pés do monumento, todos os dias são celebradas Missas e Batismos. Cada vez mais as pessoas procuram o Santuário para realizar o Matrimônio.

Também há no Santuário um espaço dedicado à Adoração ao Santíssimo Sacramento. A Capela Laudato Si¡¯, que tem a origem do seu nome na Carta Encíclica Laudato Si¡¯, escrita pelo Papa Francisco, recebe todos os dias grupos de peregrinos para missas e vigílias, cumprindo a missão de integrar a fé, o meio ambiente e a sociedade e mostrando a importância da tríplice relação entre Deus, a natureza e os seres humanos.

Do ponto de vista pastoral, o Santuário Cristo Redentor desempenha várias funções simultâneas. Conforme descrito pela própria Arquidiocese do Rio de Janeiro, o local é ¡°lugar de celebrações cultuais, de evangelização, de caridade, de cultura, de diálogo ecumênico e inter-religioso, de peregrinação e de ecologia¡±, oferecendo em suas atividades ¡°de forma mais abundante, os meios de salvação aos homens¡±. Ou seja, além de Missas e sacramentos, promove ações sociais e ecológicas, eventos culturais e diálogo com pessoas de diferentes crenças. Vale lembrar que o Santuário Cristo Redentor, por seu apelo universal, já foi cenário de diversas manifestações culturais e campanhas humanitárias ¨C por exemplo, projeções luminosas temáticas no monumento, eventos esportivos, interreligiosos etc. Essas utilizações culturais do espaço são encorajadas sem descaracterizar sua finalidade principal, que é o culto divino, num equilíbrio saudável entre o patrimônio cultural e a vocação religiosa. O Cristo Redentor é simultaneamente um bem cultural, manifestação da fé e da história do povo brasileiro e toda essa visibilidade é colocada também a serviço do bem comum e da promoção humana, ao lado de sua função primária, voltada para o culto divino. Em suma, um Santuário na prática é um local onde fé, cultura e serviço se entrelaçam: conserva-se a sacralidade e a devoção dos fiéis, enquanto se acolhe toda a riqueza cultural e o fluxo de pessoas que ali acorrem, transformando-o num espaço de encontro e esperança para todos.

O que não é papel do Santuário

É importante esclarecer o que não compete ao Santuário Cristo Redentor, pois muitas vezes há confusão por parte do público sobre as atribuições da Igreja na gestão do ¡°Alto Corcovado¡±. Diferentemente de uma empresa turística ou órgão governamental, o Santuário não é responsável pela operação comercial do ponto turístico. Ou seja, não vende ingressos de visitação, não gerencia os meios de transporte até o alto do morro (trenzinho do Corcovado ou vans oficiais) e não define os preços cobrados aos visitantes. Todas essas funções logísticas e comerciais estão a cargo de concessionárias e órgãos públicos: o Trem do Corcovado, por exemplo, é operado por uma concessionária privada, enquanto o serviço de vans é coordenado pelo Consórcio Paineiras-Corcovado. Ambas as empresas são concessionárias ligadas diretamente ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Os ingressos cobrados dos turistas remuneram esses operadores e incluem uma taxa de conservação ambiental destinada ao ICMBio), que administra o Parque Nacional da Tijuca. De fato, a Arquidiocese do Rio de Janeiro não cobra entrada no Santuário nem recebe qualquer valor pelo transporte de passageiros ao Cristo Redentor. Desde 2022, após intensos diálogos que duraram anos, a Igreja passou a receber um valor de U$1,00 (cerca de 6 reais), adicionado ao valor do ingresso, como forma de compensação simbólica pela exploração comercial do Santuário por parte do ICMBio. Os bilhetes de transporte, vendidos pelas concessionárias, variam por temporada e podem chegar a cerca de R$130,00.

Outra atribuição que não cabe ao Santuário (enquanto entidade religiosa) é a segurança pública e a infraestrutura geral do parque. Por exemplo, serviços de primeiros socorros, acessibilidade de escadas e elevadores, limpeza da trilha e das áreas comuns são responsabilidades divididas entre o ICMBio e as concessionárias. Após um triste incidente em março de 2025, quando um visitante infartou nas escadarias de acesso, ficou evidente a falta de pontos de atendimento médico no local ¨C e isso foi corrigido mediante um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado com as autoridades, resultando na instalação de ambulância de plantão e melhoria na acessibilidade. Novamente, tais providências decorrem de órgãos públicos; a Mitra Arquiepiscopal (Igreja) colaborou prontamente, mas não é uma prestadora de serviços turísticos ou hospitalares, e sim a guardiã espiritual do lugar. Tanto é que, quando órgãos de defesa do consumidor tentaram tratar as missas e eventos religiosos como ¡°serviço comercial¡± e impuseram exigências descabidas, a Justiça interveio em favor da Igreja. Em abril de 2025, durante a Semana Santa, uma juíza ressaltou que as cerimônias religiosas realizadas no Cristo Redentor não configuram relação de consumo, proibindo o Procon estadual de interferir nas celebrações e assegurando a liberdade de culto, que é protegida pela Constituição. Em suma, o Santuário não deve ser confundido com um empreendimento turístico: sua finalidade principal não é vender ingressos, transportar visitantes ou gerar lucro, e sim oferecer atendimento religioso, acolhimento espiritual e preservar o monumento em parceria com os gestores públicos.

Como participar (Peregrinações e Sacramentos)

Sendo o Cristo Redentor um Santuário ativo, os fiéis têm diversas formas de participar da vida religiosa no local. Uma das maneiras mais especiais é através das Peregrinações organizadas. Grupos de paróquias, escolas católicas, movimentos pastorais e comunidades podem agendar Peregrinações ao Santuário Cristo Redentor. Nesses casos, o Santuário oferece apoio logístico e espiritual: há possibilidade de reservar horários para Missa do grupo na capela, recepção pelo reitor ou pelos padres colaboradores, e até isenção de tarifa de transporte para grupos previamente cadastrados. Peregrinações devidamente agendadas são isentas de pagamento, e inclusive sacerdotes e religiosos identificados têm acesso gratuito. Isso demonstra a preocupação em facilitar o acesso dos romeiros (peregrinos religiosos) ao Cristo, diferenciando-os do visitante turístico . Para organizar uma Peregrinação, basta entrar em contato com a Secretaria do Santuário ¨C há um canal oficial de agendamento online no site do Santuário Cristo Redentor, além de atendimento telefônico.

WhatsApp: (21) 99551-9220 / Tel: (21) 2038-0516

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Outra forma de vivenciar a fé no Cristo Redentor é participando dos sacramentos celebrados lá. O Santuário mantém uma programação regular de Missas diárias às 11h e 15h. Também há disponibilidade para os fiéis receberem o sacramento da Penitência (Confissão) no local. Além disso, é possível celebrar Batizados e Matrimônios no alto do Corcovado ¨C algo que muitos casais e famílias sonham, pela singularidade do lugar. Tais cerimônias precisam ser marcadas com antecedência junto à Secretaria do Santuário, pois envolvem logística específica (subida dos convidados, horário reservado etc.). A Arquidiocese estipula algumas regras, mas incentiva esses sacramentos no Santuário Cristo Redentor como forma de evangelização e de tornar aquele espaço cada vez mais um ¡°altar¡± para o povo. Para informações sobre agendamento de casamentos, batizados e missas, deve-se preencher os formulários disponíveis no site oficial:r. Em caso de dúvidas, entrar em contato com a Secretaria Pastoral pelo telefone (21) 2038-0516. Normalmente, é necessário providenciar a documentação exigida (por exemplo, no caso de casamento religioso, os noivos devem fazer a preparação matrimonial na igreja etc.) e verificar a disponibilidade de datas. A beleza e a espiritualidade do local certamente tornam essas celebrações inesquecíveis, mas vale lembrar que são celebrações religiosas como em qualquer igreja, devendo seguir as orientações litúrgicas.

Um destaque especial: o Santuário Cristo Redentor foi oficialmente designado pela Arquidiocese como ¡°Igreja Jubilar¡± para o Ano Santo de 2025. Isso significa que durante o Jubileu de 2025, proclamado pelo Papa Francisco como Ano Santo da Esperança, o Cristo Redentor é um dos locais de Peregrinação privilegiados onde os fiéis podem alcançar a Indulgência Plenária (o perdão espiritual especial concedido pela Igreja Católica em jubileus). Ao longo de 2025, o Santuário recebe diversas celebrações jubilares, e todos os visitantes têm a oportunidade de vivenciar profundamente o sacramento da Reconciliação (Confissão), fortalecendo sua fé por meio da oração e dos sacramentos. Diariamente, antes de o parque abrir oficialmente, a equipe do Santuário realiza um pequeno ritual matinal de acolhida jubilar ¨C com orações em vários idiomas, aspersão de água benta nos primeiros visitantes e o toque do sino ¨C abrindo simbolicamente o dia com bênçãos. Ou seja, mais do que nunca, participar de Peregrinações ao Santuário Cristo Redentor em 2025 tem um significado espiritual profundo.

Fica o convite para que todos os fiéis ¡°Peregrinos de Esperança¡± aproveitem esse tempo de graça visitando o Cristo Redentor, confessando-se, orando e participando das Missas jubilares, para experimentar a misericórdia e a renovação espiritual que o Jubileu propõe. Informações sobre as celebrações jubilares e indulgências estão disponíveis no site do Santuário ().

O Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor está de portas abertas para acolher tanto turistas quanto fiéis peregrinos. Seja integrando uma romaria, seja indo em família por devoção ou buscando celebrar um sacramento aos pés do Redentor, as pessoas encontram ali uma estrutura preparada para atendê-las espiritualmente. A presença constante de sacerdotes, a oferta dos sacramentos e a possibilidade de oração naquele ambiente único propiciam uma experiência de fé singular. Para facilitar essa participação, reforçamos os contatos úteis: site do Santuário () ¨C seção ¡°Celebrações¡± / ¡°Solicitações Cerimoniais¡± ¨C e telefone (21) 2038-0516 da Secretaria. Assim, todos podem ¡°subir ao Cristo¡± não apenas como passeio, mas como verdadeira peregrinação, encontrando no monumento uma igreja viva e uma comunidade acolhedora.

O Cristo que desce a montanha

O Cristo Redentor não está somente no alto do Corcovado. Ele desce a montanha todos os dias para encontrar quem mais precisa, por meio do Consórcio Cristo Sustentável ¡ª uma aliança entre o Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor, o Instituto Redemptor e a Obra Social Leste 1 ¨C O Sol. Juntos, realizam ações sociais, ambientais, culturais e de saúde, sempre com foco em dignidade humana, acolhimento e resultados concretos.

A Ação de Amor do Cristo Redentor leva mutirões gratuitos a diferentes bairros da cidade, oferecendo aferição de pressão, orientação em saúde bucal, cortes de cabelo e barba e emissão de documentos, com apoio de órgãos públicos, entidades parceiras e voluntários.

No inverno, o Consórcio mobiliza a Campanha do Agasalho: entre 2023 e 2024, foram arrecadadas 15 toneladas de roupas e cobertores, com entregas a instituições sociais e à população em situação de rua. As parcerias incluem o Festival de Inverno Rio e uma ampla rede de pontos de coleta.

As iluminações e projeções do Santuário Cristo Redentor também servem ao bem comum, dando visibilidade a causas de saúde e de direitos humanos ¡ª muitas vezes em parcerias institucionais e sem fins lucrativos ¡ª, ampliando a consciência pública e conectando a sociedade a campanhas e serviços de utilidade pública.

O Monumento que movimenta a economia

Mais do que um símbolo de fé, o Cristo Redentor faz a economia do Rio girar. Cada pessoa que sobe ao Corcovado põe em movimento uma cadeia inteira: trem e vans oficiais, hotéis e pousadas, bares e restaurantes, vendedores do entorno, guias, fotógrafos, motoristas de aplicativo, além de muitos outros serviços que sustentam milhares de famílias.

Um estudo da Fundação Getulio Vargas, encomendado pela Arquidiocese do Rio de Janeiro,  mostrou que, com cerca de 1,9 milhão de visitantes/ano, o Cristo já movimentava quase R$ 1,5 bilhão por ano na cidade ¡ª dinheiro que circula em hospedagem, alimentação, transporte e passeios ¡ª, mantendo mais de 21 mil postos de trabalho e gerando aproximadamente R$ 193 milhões em impostos. O levantamento também aponta algo que os cariocas já sabem: quem visita o Cristo tende a ficar um dia a mais no Rio e, para quase três em cada quatro pessoas, ele é a atração número 1 da cidade; praticamente todos (99%) consideram a experiência ¡°única¡±.

E o impacto cresce ano após ano. Com os preços atualizados e o novo patamar de cerca de 3 milhões de visitantes por ano, uma projeção conservadora ¡ª usando a mesma metodologia do estudo ¡ª indica algo em torno de R$ 3 bilhões por ano movimentados, mais de 30 mil empregos sustentados e cerca de R$ 400 milhões em impostos. Em outras palavras: cuidar do Santuário e garantir acessos dignos é, também, cuidar do trabalho e da renda de muita gente.

Em síntese, o Cristo Redentor movimenta a economia de baixo para cima: fortalece pequenos empreendedores, atrai investimentos e reforça a imagem internacional do Rio. Quando o Cristo acolhe bem, quem ganha é o povo.

Fonte: BLUMENSCHEIN, Fernando. ¡°O Cristo além dos números¡±. In: BARBOSA, L. G.; FINGUERUT, S.; PADINHA, T. A. (orgs.). Cristo 90+: de braços abertos para o amanhã. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2021, p. 125¨C127.

O que está acontecendo no campo da política?

O debate sobre a gestão do alto do Corcovado envolve missões diferentes: a Arquidiocese administra o Santuário, celebra missas e mantém o monumento, enquanto o ICMBio é responsável por preservar o Parque Nacional da Tijuca e organizar a visitação turística. Ao longo dos anos, surgiram tensões pontuais ¡ª por exemplo, sobre regras de uso do espaço, horários de celebração  ¡ª que foram tratadas em acordos institucionais. A Igreja defende que a liberdade de culto e a preservação do monumento sejam conciliadas com a proteção ambiental, e busca soluções que garantam acessibilidade e respeito mútuo entre as partes.

Por trás da manutenção e administração do Cristo Redentor, há um contexto político e jurídico complexo que, nos últimos anos, ganhou destaque. O Santuário está inserido em terrenos federais (dentro de um parque nacional) e envolve interesses da Igreja e do Estado, o que eventualmente gera conflitos. A questão central diz respeito à gestão da área do ¡°Alto Corcovado¡±.

Historicamente, o monumento foi construído pela Igreja Católica com autorização federal (década de 1920), sem transferência plena do domínio do terreno. A imagem e o Santuário pertencem à Igreja; o solo integra o Parque Nacional da Tijuca, de propriedade da União. Essa dualidade, por muito tempo administrada com cooperação, recentemente gerou atritos sobre uso do espaço, segurança, exploração comercial e regras ambientais/patrimoniais.

Em 2025, após a morte de um visitante nas escadarias, o Procon-RJ determinou a interdição parcial do acesso por questões de segurança e acessibilidade. Dias depois, durante a Missa do Tríduo Pascal, agentes estaduais chegaram a ameaçar a interrupção do culto ao aplicar indevidamente normas de consumo à celebração litúrgica. A Justiça, em decisão de abril de 2025, proibiu Procon e Secretaria de Defesa do Consumidor de impedir ou fiscalizar Missas no Cristo Redentor, reconhecendo o livre exercício do culto ¡ª celebrado ali há quase um século ¡ª e afastando a ideia de relação de consumo em atos religiosos.

Paralelamente, tramita desde 2020 o litígio sobre as lojas do platô. Em junho de 2025, uma sentença reconheceu como bem da União a área comercial do ¡°Alto Corcovado¡±, entendendo que os títulos históricos apresentados pela Mitra não abrangiam aqueles imóveis específicos. Na prática, a decisão centralizou no ICMBio a gestão dessa área, o que a Arquidiocese do Rio de Janeiro contesta por considerar que desconsidera o papel histórico e pastoral da Igreja no ¡°Alto Corcovado¡±.

Diante dos impasses, foram propostas saídas legislativas. No Senado, o PL 3.490/2024 propõe retirar do Parque uma porção mínima, urbanizada, correspondente ao platô, preservando a vocação religiosa e cultural do Santuário e desburocratizando manutenção e acesso dos fiéis (aprovado na CDR em março de 2025; segue para a CMA e Plenário). Na Câmara, o PL 3.208/2024 autoriza a transferência da área ao Município do Rio, viabilizando gestão compartilhada com a Arquidiocese e mais agilidade em obras, manutenção e acolhida litúrgica. São iniciativas de caráter declaratório: não criam um ¡°novo direito¡±, mas buscam reconhecer formalmente a realidade histórica do Santuário.

Em 2023, um Termo de Compromisso mediado pelo Ministério do Meio Ambiente definiu regras de convivência: a Igreja observa a legislação ambiental e patrimonial; o ICMBio reconhece a presença histórica e legítima do Santuário e assegura liberdade para atividades religiosas, sociais e culturais. Esse pacto, somado ao diálogo constante, tem permitido o funcionamento cotidiano mesmo em meio às disputas.

Em síntese: seja por mudança legislativa (desafetação do platô) ou por acordos institucionais mais robustos, o objetivo comum precisa prevalecer ¡ª um Cristo Redentor bem cuidado, seguro, acessível e fiel à sua vocação de Santuário. Governança clara, liberdade religiosa respeitada e proteção ambiental garantida ¡ª em benefício de todos.

Conclusão

A história e a situação atual do Cristo Redentor evidenciam sua singularidade: nascido da fé do povo brasileiro, o monumento transcende a dimensão religiosa e tornou-se também símbolo cultural e turístico mundialmente reverenciado. Por quase um século, o Cristo de braços abertos abençoa e acolhe cariocas e visitantes, sem jamais fechar suas portas ¡ª nos dias de festa e nos dias de prova (chuvas, ventos, litígios). Ali permanece, impávido no alto do Morro do Corcovado, lembrando valores de paz, esperança e unidade. Durante a pandemia, o Cristo Redentor ficou fechado para os turistas, porém o trabalho da Igreja Católica permaneceu funcionando lá em cima, com momentos importantes de oração e ações solidárias. O Santuário Arquidiocesano Cristo Redentor, coração espiritual desse símbolo, procura honrar a missão para a qual foi criado: casa de oração para todos, lugar de encontro com Deus e espaço de encontro fraterno.

Vimos como a fé move montanhas ¡ª literalmente: tirou do papel o monumento colossal no topo do morro ¡ª e continua movendo corações. Ao mesmo tempo, a convivência institucional entre Igreja e Estado requer diálogo contínuo e ajustes, pois envolve patrimônio público e liberdade religiosa. Os episódios recentes trouxeram lições importantes: reafirmaram que o culto ali é legítimo e protegido e impulsionaram melhorias na administração do local. Com boa vontade de todos, é possível consolidar um modelo sustentável e claro de governança que preserve o Cristo Redentor por inteiro: no que é material (estrutura, segurança e acolhida) e no que é espiritual (oração, sacramentos e serviço aos fiéis).

Em 2025, como Igreja Jubilar do Ano Santo, o Cristo nos convida a enxergá-lo não apenas como monumento, mas como aquilo que sempre foi: um Santuário vivo, sinal de fé e amor. No alto do Corcovado, a Igreja cuida do sagrado; ao descer a montanha, cuida do povo ¡ª por meio de ações sociais, ambientais e culturais que se traduzem em gestos concretos de dignidade e cuidado, inclusive projeções e iluminações que mobilizam causas de saúde e solidariedade.

Reafirmamos: o futuro do Cristo Redentor deve ser construído com cooperação, respeito à liberdade religiosa e reconhecimento mútuo ¡ª sem narrativas que apaguem o valor simbólico, espiritual e histórico de quem esteve presente desde o primeiro tijolo.

Perguntas simples e respostas diretas (FAQ)

P: O Cristo Redentor foi um presente da França para o Brasil?

R: Não. Essa é uma crença popular equivocada. O Cristo Redentor não foi presente do governo francês, e sim resultado de um projeto concebido pela Arquidiocese do Rio de Janeiro e financiado por brasileiros, com doações de fiéis de todo o país. A França contribuiu apenas indiretamente por meio do escultor Paul Landowski (que desenhou o monumento), mas a construção e os custos foram assumidos integralmente pelos brasileiros, sob liderança da Igreja Católica. Portanto, o monumento é uma criação brasileira, uma homenagem da nação à fé e a Jesus Cristo, no alto do Morro do Corcovado.

P: Precisa comprar ingresso para entrar no Santuário Cristo Redentor?

R: Não há cobrança de ingresso por parte do Santuário. A entrada na área do Cristo Redentor em si é gratuita ¨C não existe bilheteria da Igreja no local. O que existe é a cobrança pelos meios de transporte até lá, operados por concessionárias (Trem do Corcovado e vans oficiais Paineiras Corcovado). Ao comprar estes bilhetes de transporte, o visitante garante acesso turístico ao monumento.

P: O Cristo Redentor fica dentro de um parque nacional?

R: Sim. O monumento está localizado dentro do Parque Nacional da Tijuca, uma unidade de conservação federal gerida pelo ICMBio. O Morro do Corcovado e toda a floresta ao redor são áreas de proteção ambiental. Isso significa que há regras específicas de preservação e infraestrutura controladas pelo parque. A presença do Santuário ali é singular ¨C trata-se provavelmente do único grande santuário do mundo situado dentro de um parque nacional. Essa situação exige colaboração entre a Igreja Católica e a administração do parque para conciliar o fluxo turístico, a proteção da natureza e as atividades religiosas.

P: Por que há conflito entre a Igreja e o ICMBio na gestão do Cristo Redentor?

R: Porque existem visões e responsabilidades diferentes sobre o mesmo local. A Arquidiocese do Rio de Janeiro (Igreja) administra o Cristo Redentor como Santuário religioso, promovendo Missas, celebrações e manutenção do monumento, enquanto o ICMBio administra o Parque Nacional, visando preservar o meio ambiente e organizar a visitação turística. Esses objetivos às vezes entram em choque. Por exemplo, a Igreja deseja liberdade para realizar celebrações (como Missas campais, Vigílias etc.) e melhorias na infraestrutura do Santuário, ao passo que o ICMBio impõe limites burocráticos (autorizações do patrimônio, controle de uso do solo). Segundo relato dos senadores do RJ, os conflitos vão desde o acesso de pessoas ao Cristo Redentor até a manutenção da infraestrutura. Houve casos de interdição de atividades pelo órgão ambiental e, em resposta, ações da Igreja na Justiça reivindicando seus direitos. Em resumo, há visões distintas sobre a gestão do local: o ICMBio tem a missão de proteger o meio ambiente e organizar a visitação; a Arquidiocese cuida da vida religiosa do Santuário e da conservação do monumento. Por vezes, as responsabilidades se sobrepõem e geram tensões. Atualmente são buscadas soluções legislativas e institucionais para definir claramente as competências e conciliar a proteção ambiental com a liberdade de culto.

P: Quem é responsável pela manutenção do Cristo Redentor?

R: A manutenção direta do monumento (limpeza, restaurações, pintura, sistema elétrico etc.) é realizada pelo Santuário Cristo Redentor, sob coordenação da Arquidiocese do Rio de Janeiro. A Igreja periodicamente capta recursos (com empresas parceiras e doações) para projetos de restauração ¨C por exemplo, na preparação dos 90 anos do Cristo Redentor, houve um restauro completo das pastilhas de pedra-sabão que revestem a imagem. Já a manutenção das áreas comuns e acesso (escadarias, elevador panorâmico, trilha, centro de visitantes) é de responsabilidade do ICMBio e das concessionárias que operam no parque. Importante dizer que, apesar de sua altura e exposição às intempéries, o Cristo Redentor sempre foi bem cuidado ¨C nunca houve acidente envolvendo o monumento, e mesmo os danos causados por raios ao longo dos anos (como pequenas fissuras nos dedos) foram rapidamente reparados. A Igreja Católica, que ¡°subiu¡± o Cristo Redentor lá em 1931, sente-se na obrigação de zelar por ele continuamente, e assim o faz com dedicação.

P: É possível casar-se ou batizar no Santuário Cristo Redentor? Como funciona?

R: Sim! O Cristo Redentor é um Santuário onde são celebrados todos os Sacramentos da Igreja, então é possível realizar Casamentos, Batizados, Crismas e até Primeira Eucaristia. Para isso, é preciso agendar com antecedência junto à Secretaria do Santuário, pois existe uma agenda específica e algumas exigências. No caso de casamentos, por exemplo, normalmente realiza-se aos sábados, em horários de menor movimento turístico, e os noivos devem cumprir a preparação matrimonial na paróquia de origem. Há uma taxa relativa à estrutura (decoração básica, som) e limite de convidados devido ao espaço da capela ser pequeno (até 30 pessoas dentro da capela; cerimônias maiores podem ser no platô aos pés do monumento). Para batizados, também é necessário agendar data e horário. Missas em Ação de Graças e renovações de votos matrimoniais também podem ser solicitadas. Em todos os casos, o primeiro cadastro deve ser feito pelo site do Santuário (), e a equipe dará as orientações. É uma experiência única celebrar um Sacramento ¡°nas alturas¡±, diante do Cristo Redentor ¨C por isso muitos fiéis buscam realizar esses ritos de passagem lá, tornando o momento ainda mais especial.

P: O que significa o Cristo Redentor ser uma ¡°Igreja Jubilar¡± em 2025?

R: Significa que, durante o Ano Santo de 2025, o Santuário Cristo Redentor foi escolhido como uma das igrejas onde os fiéis podem peregrinar para obter a Indulgência Plenária Jubilar (o perdão completo das penas espirituais, concedido em jubileus sob certas condições). A Arquidiocese do Rio designou o Cristo Redentor como uma das Igrejas Jubilares do Ano da Esperança. Na prática, isso traz programações especiais ao longo de 2025: os peregrinos que subirem ao Santuário Cristo Redentor, participarem de uma celebração (Missa) ou rezarem lá, confessarem-se, comungarem e rezarem nas intenções do Papa podem lucrar a Indulgência Plenária do Jubileu (cumprindo as condições tradicionais da Igreja). Além disso, o Santuário organizou um ritual diário de acolhida jubilar antes da abertura ao público, com orações e bênçãos multilíngues, para marcar esse tempo de graça. Em resumo, ser Igreja Jubilar destaca ainda mais o Cristo Redentor como destino de peregrinação espiritual em 2025, oferecendo aos fiéis uma oportunidade especial de renovação da fé e perdão, dentro do espírito jubilar de alegria e esperança.

P: Quanto o Cristo Redentor movimenta na economia do Rio?

R: Pelo estudo da FGV (base 2019), a visita ao Cristo movimenta cerca de R$ 1,46 bilhão/ano (R$ 861 mi diretos + R$ 601 mi indiretos/induzidos), sustenta ~21 mil empregos e gera ~R$ 193 mi em tributos por ano.

Atualizando para 2025 ¡ª com ~3 milhões de visitantes/ano e preços corrigidos ¡ª, uma projeção conservadora aponta ~R$3 bilhões/ano movimentados, mais de 30 mil empregos sustentados e ~R$ 400 milhões/ano em tributos (mesma metodologia do estudo). Em síntese: cuidar do acesso e da governança do Santuário é também política de desenvolvimento local.

P: Quantos visitantes o Cristo Redentor recebe por ano?

R: Em média, cerca de 2,5 a 3 milhões de visitantes por ano visitam o Cristo Redentor, oriundos do Brasil e de todas as partes do mundo. Esse número impressionante coloca o Cristo entre os monumentos mais visitados da América Latina. Em dias normais, o fluxo gira em torno de 5 a 10 mil visitantes, mas em feriados prolongados e alta temporada (verão, Carnaval) pode chegar a 15 mil pessoas num único dia, exigindo controle de acesso e gerando filas para o trem e vans. Apesar desse movimento intenso, a estrutura consegue atender os turistas, e o Santuário se orgulha de também atingir muitas dessas pessoas com sua mensagem ¨C frequentemente turistas saem de lá não só com fotos, mas tocados pela experiência espiritual de estar ¡°aos pés do Redentor¡±. O grande volume anual de visitas reforça a importância de investimentos constantes em segurança, manutenção e qualidade do atendimento, para que todos tenham uma experiência agradável e segura ao conhecer esse ícone brasileiro.

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Fonte: Santuário do Cristo Redentor

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20 agosto 2025, 10:23