Manaus: 31¡ã Grito dos Exclu¨ªdos e Exclu¨ªdas 2025
Emmanuel Grieco Nascimento - Manaus
O Cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB Norte1) participou da coletiva de imprensa do 31° Grito dos Excluídos e Excluídas 2025 que se realizará no dia 05 de setembro com o tema ¡°Vida em primeiro lugar¡± e o lema ¡°Cuidar da Casa Comum e da Democracia é luta de todo dia¡±.
O arcebispo reforçou que o Grito quer ¡°refletir, discutir e proclamar o cuidado da Casa Comum e da Democracia, porque sempre tem um fundo, um horizonte que guia essas expressões que é a vida em primeiro lugar¡± e que ¡°é um privilégio morarmos aqui, é um privilégio morarmos numa região onde nós ainda podemos apreciar a natureza no seu nascer.¡±
Imposição de grupos de interesse
Mas essa perspectiva se contrapõe, já que ¡°vemos e nos preocupamos porque a natureza cada vez mais é destruída e com projetos que estão no Congresso Nacional, nós veremos que a destruição acontecerá ainda mais, especialmente se for aprovada a mineração em Terras Indígenas¡±, como destacou o cardeal, principalmente pela dificuldade em demarcações das Terras Indígenas.
Steiner também questionou se ¡°os deputados e senadores, deputadas e senadoras permitiriam a mineração nas próprias terras, mas como a terra é dos outros, como se trata de terras indígenas, então pode¡± o que situa a democracia em um espaço de ¡°imposição de um determinado grupo de pessoas, com interesse, especialmente as empresas mineradores¡±.
Ele enfatizou que o desejo desse grito é ¡°trazer a vida em primeiro lugar, sempre a vida em primeiro lugar¡±, destacou que hoje ¡°é possível perceber a nossa visão é mais larga quando falamos da vida¡± e dessa maneira falamos ¡°da vida humana, da vida da natureza, da vida das nossas relações por isso também falamos da vida democrática¡± que também ¡°corre perigo¡± ainda que nossas ¡°instituições tenham funcionado, mas nós temos diversas dificuldades em relação à democracia¡±.
Cuidado da Casa Comum é fundamento da dignidade
¡°A vida com seu valor, com a sua dignidade, com seus direitos e a necessidade do cuidado e a casa comum é fundamental para que a vida tenha dignidade, por isso a gente grita¡± foi o destaque feito por padre Alcimar Araújo, vice-presidente da Cáritas Arquidiocesana de Manaus, justamente para que no ¡°processo democrático garantir aquilo que é o direito da natureza, o direito dos povos¡± e ¡°a democracia nos possibilita isso: manifestar as nossas opiniões, nos organizarmos e com o coletivo, com força organizado podermos pressionar os governos¡±.
Ele insistiu que ¡°na democracia se não há participação popular, há controle dos grupos de interesse do congresso¡± e que ¡°a representação massiva do congresso não é uma representação Popular, mas a representação de grupos organizados do agronegócio, mineradoras, bancos, dos empresários assim por diante.¡± Esses mesmos grupos ¡°financiam campanhas e para defender os seus direitos e nós muitas vezes como população os elegemos¡±, explicou.
Disse também que ¡°precisamos fazer a nossa parte porque a democracia não é só votar e deixar que eles trabalhem, a gente precisa participar, é preciso caminhar para uma democracia participativa em que a sociedade tenha consciência do seu papel, da sua responsabilidade para com as questões sociais¡± principalmente ¡°porque uma vez que a gente não cuida daquilo que é o comum, algumas pessoas vão sofrer bastante¡±.
Um Grito sobretudo de Esperança
O coordenador de pastoral da arquidiocese de Manaus, padre Geraldo Bendaham, comentou que ¡°se nós gritamos, se tem um grito é porque tem dor, a gente pode gritar de alegria, mas fazer esse grito dos excluídos é por causa da dor, a dor é pessoal, é comunidade, mas é também social, sobretudo a dor é ecológica. O grito é para mostrar a sociedade, para o mundo que estamos muito preocupados, temos que demonstrar a nossa indignação com tudo que tá acontecendo¡±.
Em sua fala conduziu os presentes a se perguntarem se ¡°está tudo bem com a nossa sociedade? com o nosso mundo?¡± e respondeu com a negativa ¡°não tá bem, não tá bem economicamente, não tá socialmente, não tá bem ecologicamente¡± e convidou a ¡°não ficar nesse pessimismo, em catástrofe¡± e que se faz necessário ¡°manter a esperança, por isso que o grito é também de Esperança, nós temos a esperança no agora, no presente, de que esse grito também nos ajude para que as presente e futuras gerações possam ter um mundo melhor, sem lixo nos igarapés, por exemplo.¡±
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