III Encontro Sinodal Fratelli tutti: "compromisso de trabalho conjunto"
Padre Modino ¨C Manaus
De fato, ¡°foi uma experiência muito enriquecedora, pois estabeleceu-se um compromisso de trabalho conjunto entre o mundo do trabalho organizado e a Igreja¡±, como reconhecem os organizadores, o Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (CELAM) e a Pontifícia Comissão para a América Latina (PCAL). Participaram do encontro mais de 40 organizações do Trabalho Organizado da América do Norte, Central e do Sul, juntamente com representantes de organismos internacionais e redes eclesiais, representantes sindicais, empresariais e das comunidades organizadas da América Latina e América do Norte, que concordaram em fortalecer a colaboração com a Igreja e organismos internacionais em favor do trabalho digno e de uma economia inclusiva. Junto com eles, organismos multilaterais como a Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a Organização dos Estados Americanos (OEA) e a Comissão Católica Internacional para as Migrações (ICMC).
Os participantes, conforme consta no comunicado final, ¡°assumiram o compromisso de fortalecer a cooperação intersetorial Norte-Sul e colaborar com a agenda do Papa Leão XIV e das Conferências Episcopais, contribuindo com propostas para consolidar o papel do Trabalho Organizado na construção de uma economia mais justa e sustentável¡±. O encontro contou com a orientação do bispo de Jales (Brasil), dom Reginaldo Andrietta, representando o Sul, do bispo de Brownsville (Estados Unidos), dom Daniel Flores, pelo Norte, e do núncio dom Juan Antônio Cruz, observador permanente da Santa Sé junto à Organização dos Estados Americanos.
Uma Igreja aberta ao diálogo com todos
Nos dois dias de reunião, foram debatidos ¡°os desafios da transição justa, o trabalho digno, o desenvolvimento humano integral e o cuidado da Casa Comum, em linha com o apelo do Papa Francisco para ¡®construir pontes de reconciliação, inclusão e fraternidade¡¯ e com a exortação do Papa Leão XIV para uma Igreja aberta ao diálogo com todos¡±, reconhece o comunicado.
Como parte dos acordos alcançados, foi definido o fortalecimento do espaço de diálogo Norte-Sul, ampliando a participação de organizações trabalhistas, comunidades organizadas e redes internacionais que promovam o bem comum. Também foi acordado realizar um encontro em Roma em 2026, ampliando a convocação a representantes do Sul Global e a setores estratégicos da energia, tecnologia e indústria alimentícia, fundamentais para construir uma economia mais justa e sustentável. Não se pode ignorar que as organizações participantes representam milhões de trabalhadores e comunidades organizadas em toda a América, enquanto as organizações empresariais agrupam setores muito relevantes das economias do continente.
Presença episcopal
Um encontro para ¡°caminhar juntos, encontrar no diálogo, na escuta, as coisas que favorecem o mundo neste momento¡±, nas palavras do secretário-geral do CELAM, dom Lizardo Estrada, que insistiu em criar pontes para favorecer o diálogo e encontrar pontos comuns para o bem da humanidade. Foram dias para ¡°ouvir e entender melhor as condições, especialmente dos trabalhadores, dos imigrantes, dos empresários e com os desafios que estamos vivendo como comunidades¡±, destacou dom Daniel Flores. Para o bispo de Brownsville, trata-se de ¡°poder entender melhor o que temos em comum como Igreja, buscando como defender a dignidade do ser humano¡± e, junto com isso, ¡°poder estender a mão a pessoas com outras perspectivas, como parte da missão da Igreja¡±, sendo um ¡°momento de realmente ouvir para entender¡±.
Por sua vez, o bispo de Jales, dom Reginaldo Andrietta, destaca que ¡°esse diálogo socioambiental é uma iniciativa da Igreja Católica, mas também aberta a muitos participantes do mundo do trabalho¡±. Para o bispo, ¡°estamos potencializando o diálogo entre a Igreja e a sociedade em um ponto que também é muito urgente, que são os problemas ambientais associados aos problemas sociais¡±. A partir daí, ele fez um apelo à união, algo que se realiza com ¡°uma articulação muito ampla de todos aqueles que querem mudanças profundas no modelo econômico, que é predatório do meio ambiente e não é socialmente razoável¡±. Por isso, ele ressaltou ¡°a importância também de unir forças vivas da sociedade latino-americana e da América do Norte para que juntos possamos encontrar soluções para esses problemas urgentes da sociedade mundial¡±.
Construir pontes com todos os setores
Do mundo sindical, Alejandro Gramajo, da União dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Economia Popular (UTEP) da Argentina, destacou o debate em torno de temas de caráter estratégico, tentando encontrar respostas para problemas comuns da humanidade, a partir da cultura do encontro e com a ideia de construir pontes com todos os setores para encontrar respostas para os problemas do trabalho, o problema do meio ambiente, os problemas da pobreza e os problemas de desigualdade que nosso mundo está enfrentando. Um encontro que pode ser um modelo a ser repetido em todos os países, segundo Clete Kiley, da Unite Here/Chicago Federation of Labor.
¡°Uma oportunidade muito boa para fortalecer as alianças sociais com a participação do movimento sindical¡±, algo que o uruguaio Juan Pablo Martínez, coordenador político da Confederação Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas, considera muito importante. Ele diz estar convencido de que ¡°para contribuir para a justiça social, a democracia e os direitos humanos, precisamos construir um espaço de articulação do sul global e de todo o mundo com o norte global, com base nesse tipo de alianças estratégicas dos atores sociais que hoje atuamos em nossos países, em nossas regiões e no mundo¡±. Daí a importância do encontro para conhecer outras organizações, inclusive a Igreja Católica, que ¡°abre um espaço muito importante para fortalecer a ação conjunta¡±, resultando em ideias, propostas e ¡°a convicção de continuar nesse processo de trabalho conjunto¡±.
Ataques contra a democracia
Fredrick Redmon, representante da Federação Americana do Trabalho e Congresso das Organizações Industriais (AFL-CIO), mostrou a importância da reunião ¡°devido aos ataques contra a democracia, que exigem que neste momento se unam as pessoas de fé, os sindicatos, as pessoas e as comunidades de boa vontade que acreditam na justiça e na liberdade¡±.
Na mesma linha, Gerardo Martínez, secretário de Relações Internacionais da Confederação Geral do Trabalho da Argentina, destacou a importância da diversidade de pensamento presente: empresários, a Doutrina Social da Igreja e representantes sindicais, que oferece ¡°um raciocínio amplo sobre como agir, como proceder para alcançar um mundo melhor, um mundo mais solidário, com justiça social, onde se compreenda o vínculo que deve existir entre o capital e o trabalho¡±. Ele apelou a um caminho conjunto entre empresários e trabalhadores e à necessidade de ¡°alcançar uma região onde a justiça social, o bem-estar, a qualidade de vida e o cuidado ambiental sejam valores que representem os pilares da grande América¡±.
Rocío Sáenz, do Sindicato Internacional dos Empregados de Serviços, afirma a importância de ¡°poder ter uma voz neste momento importante e que a Igreja nos tenha colocado junto com movimentos populares, organizações, empresários¡±, para abordar o cuidado da casa comum e buscar ações com vistas à melhoria das condições de trabalho, da vida em comunidade e nas famílias, para poder ter um mundo melhor.
Avançar juntos
Do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, do Brasil, Milena Poloni destaca o valor desses encontros intersetoriais para discutir, debater e propor soluções reais para a vida dos povos das Américas, buscando ¡°soluções e saídas para os problemas e dilemas que vivemos hoje em nossos países, porque todos compartilhamos os problemas e as contradições, e estamos aqui precisamente para analisá-los, chegar a um consenso, mas também, acima de tudo, para avançar juntos, para superar todas essas crises e contradições.
Um encontro para ¡°trocar diversas perspectivas entre diferentes atores sociais do mundo do trabalho organizado¡±, segundo a peruana Ana Facho Ortiz, da Juventude Operária Cristã da América. Ítalo Cardona, também peruano, da Organização Internacional do Trabalho, afirmou a urgência, no mundo atual, de um diálogo sobre justiça social. Daí a importância do encontro para ouvir os desafios e dificuldades, ¡°para construir juntos e juntas soluções que possam nos orientar para avançar em nossa história, defender nossa casa comum e poder avançar na construção de um novo contrato social com vistas a impulsionar a justiça social¡±.
Para José Medina Mora Icaza, da Confederação Patronal da República Mexicana, o objetivo da empresa é a formação integral dos colaboradores nas quatro esferas: intelectual, física, social e espiritual.
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